A vice-diretora do Museu Nacional Cristiana Serejo confirmou à Agência Brasil que, na próxima terça-feira (11), começam a chegar no Rio técnicos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que vão auxiliar nos trabalhos. De acordo com Roberto Leher, o reitor da UFRJ, instituição a qual o Museu é vinculado, a Unesco ofereceu especialistas que já trabalharam em tsunamis e outros desastres para ajudar na remoção dos escombros.
Com a colocação dos tapumes, começam as obras de contenção e outros procedimentos para manter a estrutura do palácio segura e permitir mais buscas nos escombros na tentativa de localizar peças do acervo que tenham escapado do fogo. Uma equipe de especialistas, sob o comando de arqueólogos do museu realizará esse trabalho, com apoio de engenheiros contratados para garantir a segurança nos escombros.
De acordo com Cristiana, o grupo de especialistas é formado também por museólogos do Instituto Brasileiros de Museus (Ibram) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e já está trabalhando no interior do prédio.
Ela explicou que os trabalhos ocorrem em duas frentes: uma estrutural e uma de resgate do acervo. A expectativa é de que no decorrer dessa semana, sejam liberados R$ 10 milhões do Ministério da Educação para ações emergenciais na segurança do prédio. A UFRJ já está fazendo um termo de referência, com a relação dos serviços mais necessários nessa etapa emergencial.
Segundo Cristiana Serejo, o museu vai aceitar também doações de outras instituições. Contatos com essa finalidade já estão sendo feitos pela direção do museu. “O Museu Nacional está tentando se organizar”, afirmou a vice-diretora.
Aulas
Na manhã deste domingo, um cursinho pré-vestibular da cidade promoveu um aulão nas imediações do museu sobre a história e as memórias da instituição, fundada em 1818. Aos alunos foi pedido que levassem fotos e lembranças do museu. A aula foi aberta para todos que estavam visitando a Quinta da Boa Vista, neste domingo
Durante a aula, professores contaram a história do prédio onde funcionava o museu, como foi sua criação e como se formou seu acervo. Em seguida houve um debate crítico sobre como estão a educação e a cultura no Brasil.
“Cada peça do museu tinha sua história e ela provocava histórias diferentes. Quem foi lá e viu uma múmia, um dinossauro, tem uma história diferente para contar, porque é uma relação pessoal das pessoas com aquele acervo”, disse à Agência Brasil o professor de história do cursinho, Tadeu Lemos
O estudante Luís Henrique Gomes da Costa compareceu ao aulão. Ele contou que visitou o Museu Nacional pela última vez quando era criança. “Gostaria de ter entrado aí mais vezes”, lamentou. Ele se lembra com saudade da parte egípcia do museu, que tinha as múmias; do meteorito na entrada e de alguns fósseis.
A professora do curso Fernanda Lacombe ressaltou a necessidade de não deixar cair no esquecimento a história e a memória do Museu Nacional. Segundo ela, as aulas continuarão a ser dadas não mais durante as visitas ao museu, mas em outros locais: “É uma forma de resistência também, porque o museu queimou, perdeu-se muita coisa, mas a gente continua vindo e deixando claro o que significou a perda dele para os alunos”.
Agência Brasil de Notícias 10/09/2018