Delgado defende que o Brasil poderia ser menos dependente dessa política de preços internacionais caso houvesse a quebra do monopólio da Petrobras, que detêm 98% do refino dos derivados de petróleo. A questão, porém, explica, esbarra em criar um sistema que possa atrair os investidores.
Oferta de álcool
Em relação à vantagem competitiva de se abastecer o carro com álcool, a pesquisadora da FGV Energia disse que esse quadro é favorecido pela perspectiva de uma boa oferta do etanol no mercado. Mas ela alerta sobre a possibilidade de uma mudança no mix de produção, caso ocorra uma sinalização de alta dos preços do açúcar no mercado internacional. Isso poderia levar as usinas a destinarem uma maior parte da safra para essa commodity.
Já o diretor técnico da Unica, entidade que congrega as usinas sucroalcooleiras da região Centro Sul, Antonio de Padua Rodrigues, descartou, nesta quinta-feira o risco de um desequilíbrio de preços do etanol em função da demanda mais aquecida. Ele informou que o setor está em plena safra e com estimativa de recorde na produção, podendo chegar a 32 bilhões de litros e um crescimento na oferta entre 4 a 5 bilhões de litros.
Pádua reconhece, contudo, que algum ajuste de preço pode até ocorrer, mas se isto se confirmar será em margem bem pequena diante da boa oferta. “Nossa expectativa é que a distribuição para os postos passe da média de 1,8 bilhões de litros para 2 bilhões de litros”, afirmou, referindo-se ao próximo anúncio da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Fazendo uma análise sobre a vantagem competitiva do álcool sobre a gasolina, Pádua observou que enquanto o derivado da cana vem se mantendo com preço estável pela boa safra que deve crescer em torno de 15%, a gasolina está sujeita às variações impostas tanto pelos fatores externos quanto pela pressão cambial. Nos últimos dias, a moeda norte-americana tem oscilado acima dos R$ 4,00 e fechou nesta quinta-feira em R$ 4,07 um recuo de 1,27% sobre a cotação de ontem (19).
No último dia 5 de setembro, o preço da gasolina nas refinarias havia alcançado R$ 2,2069, no maior valor desde junho do ano passado, quando a Petrobras mudou a política de preços e passou a acompanhar as oscilações do preço da commodity no mercado externo.
Agência Brasil de Notícias 21/09/2018