Queda do desemprego é influenciada pela menor força de trabalho, diz Ipea

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O cenário de emprego no país ainda se mostra deteriorado. Essa é a avaliação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com um estudo da entidade com base nos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o mercado de trabalho, a recente queda da desocupação não ocorreu por conta da expansão da população ocupada, mas, sim, pela diminuição da força de trabalho.

Durante o segundo trimestre de 2018, o maior recuo do desemprego ocorreu no conjunto de trabalhadores com idade entre 18 e 24 anos. O índice de desocupados saiu de 27,3% para 26,6%, em comparação ao mesmo período do ano passado. Ocorre que, neste mesmo intervalo de tempo, o contingente destes jovens ocupados recuou 0,8%, enquanto a população economicamente ativa caiu 1,6%.

Analisando os dados por escolaridade, o índice de desocupação caiu mais entre os empregados do ensino fundamental incompleto e completo. Caiu 3% e 2,9%, respectivamente. Mesmo assim, considerando estes quesitos, a população economicamente ativa com escolaridade de ensino fundamental e médio recuou 3,6% e 4,4%, respectivamente.

“Desde o último trimestre de 2017, a taxa de crescimento interanual da PEA (população economicamente ativa) vem registrando sucessivos recuos, possibilitando que a geração de vagas de trabalho, ainda que em ritmo inferior ao desejável, seja suficiente não só para abarcar os novos entrantes no mercado de trabalho, mas também para retirar um contingente de pessoas do desemprego”, ressalta a pesquisa.

Desalento

De acordo com o Ipea, essa retração da força de trabalho pode estar relacionado ao incremento do desalento — fenômeno que faz com que a pessoa desista de procurar emprego porque acha que não vai conseguir.

Com o grande número de pessoas desocupadas, o número de desalentados cresce de maneira mais rápida, porque, segundo os dados, os trabalhadores perdem o emprego, e, num período curto de tempo, são classificados como tal. Isso porque o nível de incerteza é elevado e as pessoas avaliam que o número de vagas não está melhorando. “Vem crescendo a proporção de indivíduos que, entre dois trimestres consecutivos, transitaram da atividade para a inatividade e se declararam desalentados, mesmo não tendo ficado, ou tendo permanecido muito pouco tempo, no desemprego”, apontou o estudo.

Além disso, o Ipea traçou o perfil dos desalentados. O nível de é proporcionalmente mais alto entre os trabalhadores que possuem maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho: jovens, pouco escolarizados, residentes da região Nordeste, mulheres e não chefes de família.

O instituto também ressalta que o aumento da população ocupada está ligada ao setor informal, indicando que, “qualitativamente”, a retomada do emprego ocorre em condições aquém das desejáveis.

Também revela que tem aumento o tempo de permanência de pessoas desocupadas fora no mercado de trabalho. “Nota-se que, embora a proporção dos trabalhadores que se mantiveram desocupados durante o segundo trimestre de 2018 apresente desaceleração na comparação com o trimestre anterior, vem crescendo a parcela de desempregados cujo tempo de procurar por emprego é maior que dois anos”, concluiu o Ipea.

Segundo os dados do IBGE, saiu de 20% no segundo trimestre de 2016, alcançou 22% no mesmo período do último ano e agora somou 24% nos últimos dados analisados.

Crédito: Hamilton Ferrari/Blog do Vicente/Correio Braziliense 21/09/2018

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