“O “Barão” entre nós”

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Karl Friedrich, militar alemão, uma pessoa real, conhecido como Barão de Münchausen,   um personagem revivido em contos de aventuras passou a ser conhecido por viver entre a realidade e a fantasia em seu mundo particular desafiando perigos, criando situações inusitadas e pitorescas como seu auto-resgate de um pântano movediço por meio da tração de seus cabelos e ajudando igualmente seu cavalo.
Tendo participado de guerras, viagens fantásticas, sendo testemunha de fatos extraordinários que o levaram terem suas peripécias exageradamente espalhafatosas divulgadas e atribuindo-lhe o título de mentiroso inveterado, historias estapafúrdias e mentirosas foram replicadas, difundidas, levando à autoria do barão, feitos inacreditáveis, como viagens sobre uma bola de canhão, ou a escalada lunar com uma corda, sempre dando a entender sua independente e solitária forma de escapismo e sobrevivência.O Barão em sua época contava historias mirabolantes como se elas tivessem acontecido de verdade!
Se o atual cenário de eventos brasileiros colecionados nos últimos dois anos fosse propalado pelo Barão, teria ele sido levado ao manicômio pela extraordinária quantidade de absurdos e o interprete de suas aventuras Eric Raspe (1785), seria alçado à imortalidade acadêmica pelo mesmo motivo.

Seria desmoralizante para o Barão frente às suas invencionices saber que num país em que mais de 70% dos alunos adolescentes brasileiros não alcançaram sequer o nível básico de proficiência em Matemática segundo avaliação internacional (PISA 2018), ser considerado ao mesmo tempo pela União Matemática Internacional como um país reconhecidamente qualificado pela excelência passando a pertencer ao G5 entre as nações mais desenvolvidas em pesquisa matemática.

Ficaria impressionado ao saber que pessoas famosas e celebradas que fazem história, não passam de “relacionamentos” amorosos de esportistas, ex-participantes de realities, ancoras e opinadores midiáticos, pessoas conhecidas por seus dotes físicos “bombados” e exagerados, ou de “tanajuras” implantadas artificialmente com risco de vida.

Não teria credibilidade ao contar que o impedimento presidencial fora resultado de um golpe parlamentar, sem as necessárias provas de acusação de ilícitos ou crimes de responsabilidade, em um processo articulado por parlamentares envolvidos em indícios de irregularidades, sendo artificialmente arbitrado de modo a dar legalidade ao fato, pela corte suprema de justiça.

Diria ele desacreditadamente que no período em questão, na continuidade golpista, ter presenciado na ocasião das eleições presidenciais, um líder político disparado nas pesquisas, preso, condenado por corrupção passiva sem provas factuais, acusado por delitos indeterminados, com base em delações de réus confessos e por ser o chefe supremo das maracutaias identificado como detentor de um barraco com base em reportagens desacreditadas, e, portanto impedido de participar da vida política, mantido nessa situação de custódia a revelia de 33% dos eleitores (45 milhões).

Estranharia que o principal adversário e os demais concorrentes a vaga não teriam juntos a aceitação para ganharem o pleito, principalmente após as escolhas de seus vices , figuras com históricos políticos de traição, capazes de ocuparem vaga decorrente de um infortúnio qualquer ou um golpe premeditado.

Surpreender-se-ia com as constantes declarações disparatadas sobre as características étnicas sócio-comportamentais sobre os nacionais ao se apregoar que a indolência seria um traço de origem silvícola e a malandragem herança de escravos afros descendentes, propriedades essas não adequadas para aprovação em qualquer país sério.

Teria vergonha ao relatar que vices fossem capazes de confundir em pronunciamento oficial, a organização de comunicação Al–Jazeera com grupos terroristas Al Qaeda, ou de receber uma premiação do Greenpeace, a Motosserra de Ouro, troféu constrangedor destinado para os defensores do desmatamento, respectivamente.

Nas edições seu narrador sempre acrescentava estórias de sua autoria, atribuindo-as ao barão, que não aprovava por serem absurdas; outras que se seguiram sem seu conhecimento e talvez sem seu consentimento. As aqui relatadas mais extravagantes que as originais, complementariam as incoerentes peripécias vividas por Münchausen as quais ele teria dificuldades em contá-las, apesar da veracidade.

Luiz Fernando Mirault Pinto: Físico e administrador – Servidor aposentado do Inmetro

Artigo de Luiz Fernando Mirault Pinto publicado no Correio do Estado (Campo Grande-MS) – disponível na internet 29/09/2018

 

Nota: O presente artigo não traduz a opinião do ASMETRO-SN. Sua publicação tem o propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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