Após 1º turno, Bolsa registra maior volume financeiro da história

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A reação positiva do mercado financeiro ao primeiro turno das eleições presidenciais levou a Bolsa brasileira a registrar o maior volume financeiro da história. Os negócios totalizaram R$ 29 bilhões, acima dos R$ 25,9 bilhões do recorde anterior (17 de dezembro de 2014). A demanda por compras fez o Ibovespa fechar em alta de 4,57%, aos 86.083 pontos. Já o dólar comercial recuou 2,35% ante o real, encerrando os negócios a R$ 3,767.A apuração da votação para presidente mostrou que haverá segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). O presidenciável do PSL teve 46% dos votos, enquanto Haddad conseguiu 29%. A vantagem do primeiro faz com que os investidores apostem numa possível vitória do militar da reserva.

— A nova composição do Congresso mostra que ele (Bolsonaro) pode ter uma boa governabilidade e conseguir aprovar algumas reformas com maior facilidade. O mercado tende a ir mais para os candidatos com uma visão menos estatista — avaliou Fabrizio Velloni, chefe da mesa de operações da Frente Corretora

José Alberto Tovar, sócio-fundador da Truxt Investimentos, concorda com essa visão. Para ele, apesar das dúvidas sobre a habilidade do candidato do PSL em lidar com o Congresso, esse quadro se tornou mais amigável.

— O PSL, partido pelo qual concorre, conseguiu um número expressivo de cadeiras, enquanto o PT perdeu lideranças importantes e políticos associados ao toma-lá-da-cá, como Romero Jucá e Eunício Oliveira, foram retiradas. Logo, trata-se de um Congresso diferente, e por isso a reação de entusiasmo — afirmou.

Além de dólar e Bolsa, outros ativos também reagiram de forma positiva ao resultado do primeiro turno das eleições presidenciais. Houve uma queda dos juros no mercado futuro. Os contratos com vencimento em janeiro de 2019 recuaram de 6,540% para 6,537% ao ano. Os que vencem em janeiro de 2020 caíram de 8,22% para 7,85% ao ano. Recuo também no principal indicador de risco-país. O contrato CDS ( credit default swap, espécie de seguro contra calote da dívida soberana do país) caiu de 245 pontos para 228 pontos. Quanto menor o nível do CDS, menor é o risco percebido pelos investidores.

Dólar turismo abaixo de R$ 4

O alívio no câmbio também teve reflexo no dólar turismo. Nas corretoras de câmbio do Rio, já contabilizando o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a moeda americana em papel-moeda é vendida, em média, a R$ 3,94. Quem compra no cartão pré-pago, paga cerca de R$ 4,13.

Na semana anterior, no Rio, o dólar já tinha apresentado uma tendência de queda, mas ainda se mantinha acima de R$ 4. Na última segunda, os cariocas que compravam a divisa americana em espécie pagavam R$ 4,10. Já no cartão pré-pago, R$ 4,30.

Euforia na Bolsa

No mercado de ações, os papéis das empresas estatais dispararam. As preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras subiram 10,85% e as ordinárias (ONs, com direito a voto) avançaram 9,23%. No caso da Eletrobras, a alta foi ainda maior. As prefererenciais da estatal do setor elétrico registraram alta de 18,27% e as ordinárias, de 18,08%.

Ainda entre as altas, destaque para a Cemig. Os papéis da estatal de energia mineira subiram 16,76%. A expectativa é que a empresa vá ser privatizada com a mudança de governo.

O setor bancário, o de maior peso na composição do índice Ibovespa, também registrou fortes ganhos. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco subiram, respectivamente, 6,16% e 6,68%. Os papéis do Banco do Brasil avançaram 9,79%.

Bernd Berg, gestor de mercados emergentes na Woodman Asset Management em Zurique, na Suíça, acredita que o resultado do primeiro turno das eleições reduz as incertezas, o que favoreceu o desempenho dos mercados hoje.

— Os mercados veem como um alívio o fato de haver agora um claro favorito, já que não gostam de incerteza. Além disso, seu partido ganhou assentos no Congresso, logo, se ele se tornar presidente, ele terá maior chances de passar reformas — afirmou Berg.

Apesar da euforia das primeiras reações de investidores após o primeiro turno, a disputa entre Bolsonaro e Haddad na próxima ida às urnas, daqui a três semanas, é vista com misto de otimismo e cautela no mercado financeiro . Para alguns analistas, a distância entre os dois candidatos indica que há chance de vitória do ex-capitão do Exército no fim de outubro.

A reação de hoje do mercado não significa, necessariamente, uma tendência. Ricardo Gomes da Silva Filho, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio, lembra que o petista pode ter um aumento nas intenções de voto, o que pode causar volatilidade.

— Apesar do contentamento inicial com a vantagem do candidato do PSL, a possibilidade de um fortalecimento de Haddad, sobretudo em função da possibilidade de aliar-se a outros partidos, deve iniciar uma nova onda de busca por proteção internamente — avaliou.

Crédito: Ana Paula Ribeiro, Rennan Setti e Gabriel Martins/O Globo – disponível na internet 09/10/2018

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