De Bem com a Vida: Viver com Diabetes

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Diabetes: médicos dão dicas de como viver melhor mesmo com a doença
Em evento realizado no GLOBO, profissionais de saúde falam sobre a enfermidade que atinge mais de 12 milhões de brasileiros

Maria de Fátima Viegas pensou que estava com uma infecção urinária, mas os exames a surpreenderam. O procedimento indicou níveis excessivos de açúcar na urina, um sintoma da diabetes. A pediatra, então, mudou seus hábitos. Passou a fazer musculação e aeróbica três vezes por semana, cortou açúcar e carboidrato da dieta e aumentou o consumo de fibra, proteína e alimentos integrais. Hoje, seu nível de glicose está controlado.

— Não é todo mundo que aceita mudar a dieta ou interromper o uso de bebidas alcoólicas, que também devem ser evitadas. Até minha família demorou a aceitar o resultado dos exames e me oferecia alimentos que não são recomendados para quem tem diabetes — afirma.

A pediatra Maria de Fátima Viegas, que controlou a diabetes com mudança alimentar e exercícios Foto: Antonio Scorza
A pediatra Maria de Fátima Viegas, que controlou a diabetes com mudança alimentar e exercíciosFoto: Antonio Scorza

A doença, que atingiu 12,5 milhões de brasileiros em 2017, segundo a Federação Internacional de Diabetes, foi tema da edição de novembro do Encontros O GLOBO Saúde e Bem-estar, na última quarta-feira. O evento é uma realização do jornal com patrocínio do Cepem (Centro de Estudos e Pesquisas da Mulher).

Segundo o cardiologista Cláudio Domênico, as estimativas são de que 366 milhões terão a doença até 2035 no mundo todo, e que uma em cada oito pessoas será diabética em 2045:

— É uma doença crônica, não transmissível. É incurável, mas controlável. Envolve várias partes do organismo, não só o pâncreas, mas também músculos, fígado, rim etc. O mais importante é saber que é possível viver bem com ela, desde que o paciente se cuide.

A endocrinologista Isabela Bussade, o jornalista Eduardo Graça, o cardiologista Cláudio Domênico e o endocrinologista Augusto Russo, no evento sobre diabetes no GLOBO Foto: Emily Almeida / Agência O Globo
A endocrinologista Isabela Bussade, o jornalista Eduardo Graça, o cardiologista Cláudio Domênico e o endocrinologista Augusto Russo, no evento sobre diabetes no GLOBO Foto: Emily Almeida / Agência O Globo

O endocrinologista Augusto Russo alerta para a relação entre o alto índice de açúcar no sangue e a obesidade. Considerado um fator de risco para o desenvolvimento da diabetes tipo 2, junto com hereditariedade, sedentarismo, estresse e dieta pouco balanceada, estar acima do peso contribui para a hiperglicemia, ou os níveis exagerados de açúcar no sangue. O diabético, segundo Russo, deve também ficar atento à hipertensão arterial e à idade — pessoas acima de 40 anos têm mais propensão a desenvolver a enfermidade, uma vez que os níveis de insulina, hormônio responsável por controlar o açúcar no sangue, tendem a diminuir com a idade.

Caso a doença não seja tratada corretamente, há risco de infarto, derrame, perda da visão, amputações, disfunção nos rins, problemas nas gengivas e nos vasos sanguíneos, entre outros.

— Sempre falo para meus pacientes que é preciso ficar de olho e fazer exames anuais principalmente depois dos 40. Essa quantidade é aumentada em quatro vezes ao ano se você já é diabético — afirmou Russo.

O tratamento e a prevenção da diabetes envolvem uma mesma estratégia destacada pela endocrinologista Isabela Bussade: exercícios físicos regulares. Segundo ela, a diabetes tipo 1 — ligada à baixa taxa de insulina no sangue por questões hereditárias — não é a única responsável pela doença em crianças e adolescentes, uma vez que o tipo 2, ligado à obesidade e ao consumo excessivo de açúcar, é verificado nessa idade em consequência de dietas desreguladas.

Para quem já foi diagnosticado como diabético, Bussade destacou que os tratamentos atuais são mais eficazes que há 20 anos, com uma série de medicamentos e procedimentos que atuam em pontos específicos do corpo.

Normalmente, a terapia é combinada com remédios, que incluem a sulfonilureia e a pioglitazona, além de inibidores. Os medicamentos podem agir tanto na maior produção de insulina quanto na absorção de glicose pelas células, além da liberação de açúcar na urina.

Bussade afirmou ser possível viver bem com a diabetes:

— Não é impossível ter uma vida saudável sendo diabético, na verdade é esse nosso objetivo. É preciso sempre estar atento aos exames, usar as medicações, fazer exercícios físicos e controlar a ingestão de açúcar. Por mais que às vezes achemos que podemos sair do regime um dia da semana, é preciso lembrar que nosso pâncreas, produtor da insulina, funciona do mesmo jeito todos os dias — completou ela.

Crédito: Victor Calcagno com a colaboração de Renato Grandelle/ O Globo – disponível na internet 17/11/2018

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