Para não ser um idiota igual a quem?

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Não ouvi do general nada malicioso ou agressivo sobre qualquer das pessoas citadas durante nossa conversa, gente de diferentes lados do espectro político e ideológico do país. Pelo que ouvi, minha impressão foi a de que sua obsessão era a da construção do Brasil, um país que não estava só em sua cabeça e em seus sonhos, mas que devia estar sobretudo nos concretos interesses dos brasileiros. Na minha opinião, o que o general Villas Bôas procurava inquieto era justamente esses interesses, quais seriam e como conciliá-los numa democracia.

Numa síntese, o ex-ministro Gustavo Bebianno disse a uma colunista que Villas Bôas era “um exemplo de força, bravura, inteligência, serenidade e resiliência”. E acrescentou que ele não podia ser alvo de ataques covardes e infames, “promovidos por teóricos remotos”. Também acho.

Cacá Diegues é cineasta

No caso, o “teórico remoto” é o tal Olavo de Carvalho, jocoso astrólogo que se manifesta sempre por palavrões, uma modalidade de expressão mágica que visa a impedir a resposta do ofendido. Puro exibicionismo. O general Villas Bôas chamou-o de “Trotski de direita”, como Delfim Netto havia chamado tanta gente poderosa de “direita incultural”. Ele não gostou. E aí replicou violenta e deseducadamente, contra um homem que, tenho a impressão, tenta suavemente ouvir e entender quem não pensa como ele.

 

Ao longo dos séculos, grandes estudiosos de todo o mundo se obrigaram a viagens extensas ao Brasil, para refletir e escrever sobre nós, a partir do que aqui via. O nosso “pensador”, morando há mais de 15 anos na Virgínia, Estados Unidos, de onde nunca sai, se pretende um preciso decifrador do Brasil, tendo o direito de dizer quem presta e quem não presta por aqui. Ou seja, o mínimo que cada um de nós precisa saber sobre cada um de nós, para não ser um idiota. Como quem, por exemplo?

Crédito: Cacá Diegues/O Globo – disponível na internet 15/05/2019

Nota: O presente artigo não traduz a opinião do ASMETRO-SN. Sua publicação tem o propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. 

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