20 de maio: Lucro Social-Público x Privado. Valor Social x Lucro Social

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Contrastes entre o Serviço Público e Iniciativa Privada – adaptado do texto de Strategia Consultores)

Arendt (2004) remete o debate sobre a distinção público – privado a partir da origem das concepções gregas de oikos e polis. O oikos se refere ao espaço privado e faz referência ao conjunto de casa, família e propriedades que constituem a unidade básica da sociedade na maioria das cidades-estado, onde a cabeça ou o pai (ou varão de maior idade) era quem dominava os assuntos domésticos, predominando assim relações assimétricas de mando e obediência; a polis, em contraste, é o espaço público onde os homens livres se reconheciam como iguais para a discussão coletiva dos problemas que afetavam a toda a cidade.

Para os gregos, o público se associava à política e à visibilidade. Quanto à concepção romana da res privada se situa na esfera do patrimônio por parte do chefe de família no âmbito do lar a diferença da res pública ou “coisa pública”, a qual se refere à propriedade acessível ao populus.

De acordo com o pensamento grego e romano, a relação entre público e privado apresenta como uma dicotomia: enquanto o público se remete ao interesse público, ao que pertence à coletividade, de caráter aberto e visível, o privado se denota pelo predomínio do interesse privado ou individual sobre o coletivo.

A esfera pública está apoiada na igualdade, o diálogo, a liberdade e a universalidade da lei. A esfera privada se apoia na particularidade. Simplificando, pode-se dizer que o privado se define como “não público”. Enquanto o público tem como base de sustentação a transparência, alguns autores se referem ao caráter fechado e secreto do âmbito privado.

É interessante notar que a interligação entre estes dois entes gera um efeito curioso: o aumento da esfera pública diminui a privada e o aumento da esfera privada afeta a pública. Um necessita do outro. O público regula o privado fechando e abrindo possibilidades e este, restringindo sua ação nos limites permitidos pelo público. O  privado, em seu caráter individualista e de particularidade, por sua vez, exige a não intromissão do público no desenvolvimento da liberdade e a busca do interesse próprio ou da utilidade do indivíduo.

Desta forma podemos destacar três características claramente contrastantes entre o público e o privado:

  1. O comum e geral por oposição ao privado ou individual;
  2. O notório evidentemente contra o oculto; e
  • O aberto contra o exclusivo.

Nesta “queda de braços”, a supremacia do público se fundamenta na contraposição do interesse coletivo ao interesse individual, do bem-estar comum sobre o bem-estar individual e da submissão do privado sobre o público.

Já âmbito das políticas públicas, podemos observar mais um contraste: a ação da perspectiva do público versus a ação da visão empresarial. A função pública caracteriza-se por ser uma atividade extremamente regulada, enquanto no setor empresarial as regras que lhe regem são muito mais abertas. Assim, a luta do empresário se dá com competidores externos e não internos, enquanto no setor público muitas vezes os inimigos se encontram dentro da própria organização, sendo atores políticos com forte peso e motivação para alterar ou obstaculizar os planos do dirigente. Além disso, um projeto social pode ser muito mais complexo que um projeto de desenvolvimento empresarial. No setor público, o projeto social está sujeito à multiplicidade de critérios de eficiência e eficácia que busca encontrar o equilíbrio político, econômico, ambiental, de valores humanos, éticos, entre outros.

O quadro abaixo trás algumas diferenças entre os dois gestores políticos (presidente, prefeito, governador, etc) e gestores privados (empresário)

 

Gestor Vocação e Valores Experiência Formação Intelectual Vocabulário Cotidiano
Político ü Motivação geral e causas sociais.

ü Fontes de prestígio:

•  Reconhecimento

•  social de suas

•  capacidades

•  de condução,

•  valores e

•  ideologias.

ü Valoração da eqüidade, solidariedade, e inclusão social.

ü Cresce na competição política

ü sob múltiplos critérios de eficiência e eficácia.

ü A governabilidade interna nem sempre está assegurada. Oponentes internos podem ser mais poderosos que os externos.

ü O projeto social deve conciliar objetivos conflitivos e conservar um equilíbrio entre o político, econômico, ambiental, valores humanos.

ü Restrições para contratar, fixar salários, reformar.

ü Definir a grande estratégia.

ü Explicar a realidade, identificando e processando problemas sociais complexos.

ü Calcular sobre um futuro incerto e avaliar apostas difusas.

ü Realizar análise estratégica para construir viabilidade; estudar outros atores que participam do jogo social.

ü Monitorar e avaliar a mudança da realidade intervinda.

ü Desenhar e redesenhar o aparelho público.

ü Usuários, beneficiários, atores, contribuintes, condenado, parlamentar, prefeito, político

ü Organizações, instituições, empresas, partidos políticos, ramos de poder, etc.

ü Aliados, adversários, opositores, correligionário.

ü Líder, dirigente, gerente, gestor.

ü Eqüidade, igualdade, responsabilidade social.

ü Risco, incerteza.

Privado ü Motivação do ganho pessoal.

ü Fontes de prestígio: acumulação de riqueza pessoal e poder econômico.

ü Sub-valorização das deficiências humanas e a solidariedade social.

ü Critérios limitados de êxito.

ü Cresce na competição econômica desumana

ü Governabilidade alta dentro a empresa. Seus inimigos são externos.

ü Critério de custo-benefício simples e com peso forte

ü Baixa fricção burocrática.

ü Alta flexibilidade e liberdade para contratar, fixar salários e preços, reorganizar e planejar projetos.

ü Sua permanência depende da eficácia de sua gestão, que pode ser medida pela rentabilidade do negócio.

ü Explorar opções sob competência, incerteza e complexidade.

ü Analisar estados financeiros e verificar rentabilidades econômicas.

ü Estudar mercados e manejar inventários.

ü Negociar créditos, salários, preços e acordos trabalhistas

ü Definir processos de produção, selecionar tecnologias e desenhar organizações.

ü Negócio.

ü Mercado.

ü Cliente, distribuidor, administrador.

ü Empresa.

ü Competidor.

ü Patrão, gerente, executivo.

ü Risco / incerteza.

ü Lucro.

ü Acionistas /sócios.

 

Valor Social x Lucro Social

Valores Sociais são, por definição, “valores postulados dentro de uma comunidade para que todos possam conviver com segurança e tranquilidade. Esses valores estabelecem as formas de interação de acordo com cada situação, o que é apropriado, o que não é apropriado, com o objetivo de melhorar a vida em sociedade”. (Dicionário inFormal (SP) em 25-10-2016)

Analisando sob o aspecto etimológico:

Valor é a qualidade atribuída a algo ou pessoa.

Em termos financeiros, é o preço, o custo, o montantea estimativa em dinheiro de alguma coisa.

Em Economia Política, é a relação entre a intensidade das necessidades econômicas do homem e as quantidades de bens disponíveis para satisfazê-las.

Como pode ser notado, valor possui uma conotação atemporal, subjetiva, podendo ser baseada em concepções ou crenças, derivação direta das necessidades humanas, portanto, com forte tendência a influências externas (enviesamento).

Dizer que o valor Social do Inmetro é grande, significa pois, situar a instituição numa condição ou status quase permanente, ou com um intervalo de tempo relativamente alto, considerando não só o que ela fez como o que poderá vir a fazer.

Em resumo, Valor Social, no contexto apresentado, tem um sentido de expectativa

Já o Lucro Social é a “quantificação do retorno e/ou economia, em prol da sociedade, dos investimentos feitos em função da ação de um órgão governamental, quer seja diretamente, através das ações de fiscalização, regulação e controle, ou indiretamente, através de desdobramentos de duas ações”.

Neste caso, o conceito existe (é derivado do conceito proposto pela Embrapa), possui uma conotação temporal (um período definido), objetiva (baseado em indicadores sociais), sendo baseado em hipóteses validadas por especialistas através de método consagrado (método Delphi), fruto de análise da realidade, considerando o modelo CBA (análise custo benefício), portanto, sem tendência a influências externas (enviesamento).

Referências: https://professorsauloalmeida.files.wordpress.com/2015/05/valores-sociais.pdf (última visita em 13/04/19, 10h 09min)

Apostila ASMETRO _ Lucro Social como Ferramenta de Transparência, Negociação e Gestão

ASMETRO-SN

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