“Com a caneta eu tenho mais poder do que você”, diz Bolsonaro a Maia
Ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, e do comandante da Marinha, almirante Ilques Barbosa, o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse na noite desta terça-feira (28/05/2019) que tem mais poder que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O chefe do Executivo federal também ameaçou voltar a usar sua “caneta Bic” para revogar qualquer norma que, por ventura, ponha em risco o crescimento econômico do país, atrapalhando “quem quer produzir e investir”. O discurso ocorreu durante o lançamento da Frente Parlamentar Mista da Marinha Mercante Brasileira.
“Eu disse para ele, Maia: com a caneta, eu tenho muito mais poder do que você, apesar de você fazer as leis. Eu tenho o poder de fazer decretos. Evidente que decretos com fundamentos. E falei para ele da baía de Angra [dos Reis, no Rio de Janeiro]. Nós podemos ser protagonistas para que a baía de Angra seja uma nova Cancún”, afirmou Bolsonaro, mencionando o café da manhã realizado nesta terça, com a presença dos presidentes da Câmara, do Supremo e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
“Nós devemos começar a tirar esse sonho do papel com uma caneta Bic, revogando um decreto, que demarcou estação ecológica de Tamoios em 1988, lá no governo Sarney”, completou o presidente da República. Segundo ele, quanto à desburocratização da economia do país, “não atrapalhar já é uma ajuda”.
o presidente discursava, o Senado impunha uma meia derrota ao Planalto: os senadores aprovaram a reestruturação administrativa proposta pela gestão Bolsonaro, mantendo a União com 22 em vez de 29 ministérios, mas retirou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) das mãos do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o restituiu ao Ministério da Economia, de Paulo Guedes.
Antecipando uma derrota nesse sentido, o próprio presidente encaminhou carta aos parlamentares, pedindo que o Coaf ficasse mesmo com Guedes, a fim de que a chamada MP dos Ministérios não caducasse sem ser votada ou precisasse passar por nova apreciação na Câmara. O Podemos já disse que acionará o Supremo Tribunal Federal para manter o conselho de fiscalização com o ex-juiz da Lava Jato.
Crédito: Ana Helena Paixão/Metrópoles – disponível na internet 29/05/2019