ENEM 100% Digital esbarra em falta de estrutura nas escolas dom país.

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A proposta do governo de transformar o ENEM em um exame 100% digital até 2026 é vista com desconfiança por especialistas em educação. Anunciada nesta quarta (3) pelo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, a transição da prova impressa para o computador terá início com um projeto-piloto para 50 mil candidatos de 15 capitais a partir de 2020.
 

“O governo está começando pela ponta final. Para implementar um exame dessa magnitude, seria necessário antes haver um histórico de inclusão digital da população e nas escolas. E não vemos esta realidade. Até momento, não houve nenhum indício por parte do MEC relacionado, por exemplo, a equipar escolas com computadores”, avalia Andrea Ramal, consultora em educação.

Ela diz que, para cumprir a meta estabelecida, seria necessário dar início ao processo de inclusão nas escolas, incluindo capacitação de professores, em uma ação conjunta, com participação de governo, estados e municípios. “Se não houver uma mobilização imediata neste sentido, não há como alcançar o objetivo de um ENEM 100% digital mesmo num prazo de sete anos”.

Coordenador de vestibular do colégio Q.I, Renato Pellizzari também pondera sobre o cenário atual diante do projeto anunciado pelo Inep: “Não sei se vamos conseguir em pouco tempo a inclusão digital de toda população brasileira que tem interesse de ingressar em uma universidade. É arriscado fazer uma previsão como essa para 2026. Se paralelamente fosse uma pauta do governo desenvolver um processo de inclusão digital no Brasil, levando internet e capacitação para todas as escolas públicas, com infraestrutura de computadores, talvez essa meta pudesse ser alcançada. Mas isso não está dentro das propostas do governo”.

Pellizzari ressalta, no entanto, que a aplicação digital do Enem traria benefícios se fosse, de fato, implementada: “O Enem ser 100% digital já era algo previsto há algum tempo, porque o modelo de avaliação baseado na Teoria de Resposta ao Item (TRI) acaba sendo mais bem aplicado se tivermos uma prova nesses moldes, já que permite descobrir as habilidades dos candidatos de forma mais adequada que uma prova feita no papel, pois pode utilizar ferramentas como vídeos, jogos e conduzir a aplicação da prova de acordo com as aptidões do aluno”.

Crédito: Paula Ferreira e Rodrigo Castro/Época – disponível na internet 04/07/2019

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