Governo pode autorizar saque anual de contas ativas e inativas do FGTS

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A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, decidiu apresentar como proposta ao presidente Jair Bolsonaro a autorização para que o trabalhador faça um saque anual de suas contas ativas e inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Ou seja, se aprovada, a cada ano, no mês de aniversário, o trabalhador poderia sacar um percentual do saldo de suas contas.

Esta é a proposta que ganhou mais força dentro da equipe econômica e pode ser anunciada na próxima quarta-feira (24) pelo presidente da República.

As outras eram liberar um saque apenas de contas ativas e inativas ou somente das inativas, o que teria efeito na economia somente neste ano.

“A diferença da nossa proposta em relação à do ex-presidente Temer é que nossa ideia é liberar saques a cada ano, uma espécie de 14º salário. Vamos devolver ao trabalhador o que é do trabalhador”, afirmou um assessor da equipe econômica.

Segundo este assessor, seria criada uma nova modalidade de saque, a 20ª, para dar “uma nova oportunidade de acesso ao FGTS”.

O saque seria opcional. Se o trabalhador optar por isso, terá de abrir mão de fazer o saque de fundo no caso de deixar a empresa, uma forma de evitar estímulos a demissões.

 

O percentual de saque a ser autorizado vai depender do saldo da conta de FGTS. “Quem tem menos vai poder tirar, proporcionalmente, mais. Quem tem mais no fundo vai tirar menos”, disse um assessor do Ministério da Economia.

Exemplo: quem tem saldo de até R$ 5 mil pode ser autorizado a sacar anualmente 35% de sua conta. Quem tem até R$ 10 mil, 30%. As faixas ainda estavam sendo calibradas pelos técnicos para definir o montante total a ser liberado na economia.

Inicialmente, a equipe econômica estimou que poderiam ser liberados R$ 42 bilhões. Mas o setor da construção civil manifestou preocupação com a redução de recursos para financiamento habitacional.

O ministro Paulo Guedes garantiu ao setor que isso não ocorrerá e, diante disso, o governo passou a trabalhar com a liberação de cerca de R$ 30 bilhões neste ano.

Este montante de R$ 30 bilhões será menor do que o liberado de contas inativas durante o governo Temer, que injetou na economia com essa medida R$ 44 bilhões.

Um técnico destaca, porém, que agora a ideia é ter o saque a cada ano, o que terá efeito positivo para o consumo anualmente.

O governo planejava fazer o anúncio da medida nesta quinta-feira (18), mas os ajustes finais na proposta acabaram impedindo que isso acontecesse.

O Palácio do Planalto queria divulgar uma medida positiva no balanço de 200 dias do governo. Agora, a divulgação ficou para a próxima semana.

Além do saque de contas de FGTS, o governo vai reabrir a possibilidade de saque de recursos de contas do PIS e do Pasep.

Nessas contas, há ainda R$ 21 bilhões, mesmo depois das autorizações feitas no governo Temer. A expectativa da equipe econômica é que, desse montante, sejam sacados imediatamente R$ 2 bilhões.

As duas medidas fazem parte do esforço do governo para dar uma “injeção de ânimo” na economia, já que o crescimento do país neste ano está fraco.

 

As previsões apontam para uma alta do Produto Interno Bruto de 0,8%. Com as liberações de dinheiro do FGTS e do PIS/Pasep, a equipe de Paulo Guedes espera que o país cresça perto de 1% neste ano.

Crédito: Valdo Cruz e Cristiana Lôbo/Portal do G1 – disponível na internet 19/07/2019


Saiba o que fazer com o dinheiro que poderá ser sacado do FGTS; até poupança rende mais

Com a liberação dos recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),os brasileiros terão um dinheiro extra para consumir. A primeira recomendação dos economistas, porém, é que o cotista use este dinheiro para se livrar das dívidas, principalmente as consideradas caras (que cobram muitos juros), como é o caso do cartão de crédito e do cheque especial. Com as dívidas quitadas e com uma reserva de emergência já constituída, é hora de investir. Simulações feitas a pedido do GLOBO mostram que o dinheiro pode render o dobro, se bem aplicado.

O governo federal planejava anunciar detalhes sobre o resgate das constas do FGTS nesta quinta-feira. Mas, como a medida ainda precisa passar por ajustes, o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni informou que o anúncio do saque ficará para a próxima semana. Os valores autorizados para saque ainda estão sendo definidos. De acordo com fontes da equipe econômica, a retirada deve ser limitada a R$ 3 mil por cotista.

Com dinheiro do FGTS na mão, primeira recomendação é pagar dívidas. Caso sobre recursos, indicação é investir Foto: Pixabay
Com dinheiro do FGTS na mão, primeira recomendação é pagar dívidas. Caso sobre recursos, indicação é investir Foto: Pixabay
 

Atualmente, o FGTS rende 3% ao ano. Este percentual é menor do que a inflação registrada no ano passado, que ficou em 3,75%. Sendo assim, caso o recurso seja liberado, a melhor alternativa, de acordo com os especialistas, é procurar outro investimento cuja rentabilidade consiga superar a inflação.

A forma mais clássica e simples de investir é a caderneta de poupança, que rende aproximadamente 4,5% ao ano. Supondo que o cotista matenha R$ 3 mil no Fundo por 15 anos, ele terá R$ 4.673,90 ao fim do período. Se aplicar o montante na poupança, ele terá R$ 5.789,20, ou seja, R$ 1.115,30 a mais.

Se o mesmo valor, R$ 3 mil, for investido no Tesouro Selic (com taxa de 5,5% ao ano, já descontando a incidência de Imposto de Renda), ao fim de 15 anos o trabalhador terá R$ 6.697,43. em mãos. Neste caso, a diferença entre o Fundo e o Tesouro seria de R$ 2.023,53.

Quanto maior a quantidade investida, maior a diferença entre os investimentos. Caso o correntista tenha direito a sacar R$ 10 mil, no FGTS, em 15 anos, este valor subiria para R$ 13.439,16. No Tesouro Selic, no mesmo período, aumentaria para R$ 17.081,44.

— O rendimento do Fundo de Garantia é muito baixo, chega a perder para a inflação. Sendo assim, caso as dívidas estejam quitadas e a pessoa tenha o fundo de emergência constituído, a melhor alternativa é buscar outros investimentos. Até a poupança rende mais que o FGTS — diz Virgínia Prestes, professora de Finanças da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).

Caso o cotista queira arriscar e buscar mais rentabilidade, ele pode aplicar os recursos em renda variável. Em um fundo multimercado que renda 120% DI (aproximadamente 7,5% ao ano, já descontado IR), os R$ 3 mil iniciais, em 15 anos, renderiam R$ 9.102,21.

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Embora o número seja bastante atraente, vale lembrar que a renda variável está sujeita a oscilações do mercado e a liquidez nem sempre é diária (o dinheiro pode levar alguns dias até estar disponível para resgate).

No caso de um resgate de R$ 10 mil do Fundo de Garantia, em 15 anos, o valor passaria para R$ 30.340,71 no fundo multimercado

CONFIRA AS SIMULAÇÕES

Aplicação de R$ 3 mil em 15 anos

FGTS: R$ 4.673,90

Poupança: R$ 5.789,20

Tesouro Selic: R$ 6.697,43

Fundo multimercado 120% DI: R$ 9.102,21

Aplicação de R$ 5 mil em 15 anos

FGTS: R$ 7.789,84

Poupança: R$ 9.648,67

Tesouro Selic: R$ 11.162,38

Fundo multimercado 120% DI: R$ 15.170,35

Aplicação de R$ 10 mil em 15 anos

FGTS: R$ 15.579,67

Poupança: R$ 19.297,34

Tesouro Selic: R$ 22.324,76

Fundo multimercado 120% DI: R$ 30.340,71

Fonte: Virgínia Prestes, professora de Finanças da Faap. Todas as rentabilidades estão livres de IR

Crédito: Gabriel Martins/O Globo – disponível na internet 19/07/2019
 

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