‘Um dos dois ou os dois perderão a cabeça’, diz Bolsonaro sobre presidente da ABDI e secretário do ministério da Economia
Presidente determinou apurações sobre entrevista de Luiz Augusto Ferreira, presidente da ABDI, à revista ‘Veja’. Ele relatou ter recebido pedidos ‘não republicanos’ do secretário de Produtividade e Emprego, Carlos da Costa.
O presidente Jair Bolsonaro informou nesta segunda-feira (2) que determinou uma apuração sobre as declarações do presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Luiz Augusto Ferreira, que relatou ter recebido do secretário especial de Produtividade e Emprego do Ministério da Economia, Carlos Da Costa, “pedidos não republicanos”.
Segundo Bolsonaro, que concedeu entrevista no Palácio da Alvorada, Ferreira ou Costa, ou talvez os dois, perderão seus cargos.
Em entrevista à revista “Veja”, Ferreira afirmou que Costa deseja demiti-lo porque ele não atendeu aos “pedidos não republicanos”, sem dar exemplos do que seriam tais solicitações.
A TV Globo procurou a assessoria da ABDI, que confirmou as informações repassadas à Veja. Em nota divulgada à imprensa, Carlos Da Costa afirmou que “refuta terminantemente ter feito qualquer pedido não republicano”. Ele disse, ainda, que vai tomar “providências” judiciais sobre o presidente da ABDI a respeito do que chamou de “denúncias infundadas”.
Questionado sobre o tema nesta segunda, Bolsonaro declarou que está “louco” para saber detalhes do assunto e disse que já conversou sobre o tema com o ministro da Economia, Paulo Guedes. De acordo com a agenda oficial da Presidência, Bolsonaro tem um encontro marcado com o ministro nesta segunda, às 14h.
“Olha, eu tomei conhecimento, estou louco para saber. Já entrei em contato com o Paulo Guedes [ministro da Economia], eu quero saber que pedido é esse. Um dos dois, no mínimo né, vai perder a cabeça, um dos dois”, afirmou Bolsonaro.
“Não pode ter uma acusação dessas. Daí vão dizer que ele ficou lá porque tem uma bomba embaixo do braço. Não é esse o meu governo. Já determinei para apurar, um dos dois ou os dois perderão a cabeça”, acrescentou.
A ADBI é ligada ao Ministério da Economia e tem como objetivo melhorar a competitividade da indústria nacional. A escolha e nomeação do cargo de presidente da ABDI são atribuições do presidente da República.
Nota da Secretaria de Produtividade, Emprego e Competitividade
O secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos Da Costa, refuta terminantemente ter feito qualquer pedido não republicano. Reitera que sua atuação sempre seguiu explicitamente as normas aplicáveis à Administração Pública Federal e aos princípios da ética e da integridade.
Todas as solicitações feitas pelo secretário foram literal e rigorosamente pautadas pelos princípios de economicidade, legalidade e legítimo interesse público. Nesse sentido, o secretário determinou que o atendimento das solicitações só poderia ser feito após a manifestação favorável das áreas jurídicas competentes.
Diante disso, estão sendo tomadas providências judiciais para interpelar o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Luiz Augusto de Souza Ferreira, sobre denúncias infundadas.
Secretaria de Produtividade, Emprego e Competitividade
Crédito: Guilherme Mazui e Laís Lis, G1 — Brasília – disponível na internet 02/09/2019
“Recebi pedidos não republicanos”, diz presidente da ABDI. Luiz Augusto de Souza Ferreira afirma que foi pressionado por secretário do ministério da Economia
O secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, é acusado por um de seus subordinados de fazer “pedidos não republicanos”. A denúncia é feita por Luiz Augusto de Souza Ferreira, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em entrevista a VEJA. Os dois têm travado uma guerra particular, repleta de dossiês e ameaças veladas. A intriga vinha sendo abafada para evitar qualquer prejuízo ao andamento da reforma da previdência no Congresso. Luiz Augusto, conhecido como Guto, foi indicado ao comando da ABDI pelo pastor Marcos Pereira (PRB-SP), vice-presidente da Câmara dos Deputados.
Nos últimos dias, porém, a situação ficou incontornável. O secretário Carlos da Costa resolveu demitir o seu subordinado, porque ele não estaria entregando os resultados planejados. Mas o presidente da ABDI não aceitou a decisão. Disse que só sairá do governo com uma ordem expressa do presidente Jair Bolsonaro — e que está sendo perseguido por seu chefe. “Não tenho a menor dúvida que o motivo da discussão da minha saída é o ódio do secretário Carlos da Costa porque não atendi aos pedidos não republicanos dele”, diz Guto. “Sigo a determinação do presidente Bolsonaro de não atender vagabundo na administração pública”, afirma ele.
O senhor foi demitido da presidência da ABDI?
Não fui demitido. Pelo menos não que eu saiba. A demissão vem do presidente da República. O secretário Carlos da Costa não tem poder para me demitir. A presidência e a diretoria da ABDI são nomeações do presidente da República. Existe uma discordância brutal entre o que a gente pensa e apresenta de resultado e o que pensa o secretário Carlos da Costa. A gente tentou minimizar ao máximo isso. Mas é muito provável que eu tenha, em algum momento, de explicar o porquê da minha saída com os resultados que a ABDI tem apresentado.
A questão se resume a uma discordância de resultados?
Não. Porque do resultado não tem como discordar, né? Não concordei com alguns pedidos que me foram feitos pelo secretário Carlos da Costa. Por isso, ele passou a me perseguir.
Que tipo de pedidos?
É coisa que tem potencial de estrago bem grande.
Quais pedidos? Poderia citar algum deles?
O secretário Carlos da Costa me fez pedidos não republicanos e recusei. Ponto. Não posso abrir agora. Liga para ele e pergunta. Fala assim: “Eu gostaria de saber se você fez algum pedido não republicano para o presidente da Abdi”. Por mais que eu tenha uma vontade enorme de falar, não posso voltar atrás na palavra que dei neste momento.
O seu comportamento teria pesado no desgaste da relação com o secretário Carlos da Costa e na discussão da sua demissão?
Pesado? Está de brincadeira, né? Se for assim, o Carlos da Costa não poderia ser secretário porque ele tem duas empresas com condenação extrajudicial. Você sabia que ele não pagou a bolsa de doutorado dele? Pergunta se ele terminou o doutorado que colocou no currículo. Pergunta quem paga as passagens aéreas dele, se é ele ou a secretária do ministério. Pergunta quem está pagando as viagens que ele faz com o filho dele nos eventos do LIDE. Aí você vai entender o porquê que eu posso estar saindo ou não. Talvez eu não tenha concordado com algumas coisas. Não só discordei dos pedidos não republicanos como neguei. E fui pressionado por ter recusado.
O senhor está fazendo uma acusação grave…
É mais séria do que você pode imaginar. É muito mais séria. Essa é uma guerra que está sendo causada pelo secretário. Só estamos tentando fazer o nosso trabalho. Agora, em determinados momentos, sim, recebi pedidos que não foram republicanos e falo textualmente que recusei a atendê-los porque sigo a determinação do presidente Bolsonaro de não atender vagabundo na administração pública. Se quiser publicar isso, pode publicar.
Isso estaria contribuindo com a sua saída da ABDI?
Não tenho a menor dúvida que o motivo da discussão da minha saída é o ódio do secretário Carlos da Costa porque não atendi aos pedidos não republicanos dele e os quais, inclusive, tenho provas para apresentar para o presidente.
Que tipo de provas?
Não posso falar por enquanto.
Crédito:
Boa tarde,
Briga de cachorro grande, acredito que o secretário esteja errado, pois no meu entender chamar uma autoridade de “vagabundo” é muito forte e além do mais dizer que o secretário possui 02 empresas com condenações extrajudicial. Vamos aguardar os acontecimentos, pois acredito que outras demissões estão a caminho.
Segue abaixo palavras do Presidente da ABADI, para dirimir quaisquer dúvidas do que estou postando:
“Sigo a determinação do Presidente Bolsonaro de não atender vagabundo na administração pública”.
Se for assim, o Carlos da Costa não poderia ser secretário porque ele tem duas empresas com condenação extrajudicial.