Em suas conclusões, vistas pela Reuters, os juízes disseram que os pilotos do Airbus A330 não conseguiram processar todos os alertas e as leituras de instrumentos fornecidas pelo avião.
O avião caiu no oceano depois de entrar em estol e despencar de uma altitude de 38.000 pés durante uma tempestade. Suas turbinas funcionavam, mas as asas perderam sustentação.
“A causa direta do acidente foi a perda de controle da tripulação sobre a trajetória da aeronave”, determinaram os juízes.
Outras tripulações que enfrentaram situações similares conseguiram manter o controle de suas aeronaves, de acordo com os juízes
Os magistrados recusaram as alegações dos procuradores que investigam o caso, que haviam recomendado que a Air France fosse a julgamento em julho.
Em seu relatório de 2012, investigadores franceses de acidentes disseram que, pega de surpresa, a tripulação do voo AF447 não soube lidar com a perda das leituras de velocidade do ar dos sensores de pitot bloqueados pelo gelo e colocaram o avião em estol mantendo o nariz alto demais.
O relatório também citou o treinamento deficiente e a falta de um visor de cabine claro para problemas de velocidade.
A investigação civil de três anos não foi concebida para apontar culpados, o que foi o objetivo do inquérito judicial separado que culminou na decisão desta quinta-feira.
Um advogado que representa as famílias das vítimas disse que um recurso contra o veredicto dos juízes será apresentado imediatamente.
“Os juízes só escreveram em preto e branco que o congelamento dos sensores de pitot não teve nada a ver com o acidente. Não faz sentido”, disse Sebastien Busy à Reuters. “Se os sensores de pitot não tivessem congelado, não teria havido um acidente”.
A tragédia foi a mais letal da história da Air France e do A330.
Uma década depois, a indústria da aviação ainda está implantando lições aprendidas na queda. As mudanças se concentraram no treinamento, nos procedimentos de cabine e no monitoramento de aeronaves em zonas remotas.
Equipes de resgate levaram quase dois anos para localizar as caixas-pretas do A330 no fundo do oceano.
Crédito: Emmanuel Jarry/Reuters Brasil – disponível na internet 06/09/2019