Privatização de estatais: o que pode acontecer com os funcionários?

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A advogada Lariane Pinto Del-Vechio, do Aith, Badari e Luchin Advogados, lembra que, em outubro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as empresas públicas devem justificar a demissão dos funcionários. No entanto, isso não quer dizer que eles tenham estabilidade.

“Os trabalhadores cujo contrato é regido pela CLT não têm estabilidade. O que acontece é que dificilmente esses funcionários são demitidos sem justo motivo, e as demissões não são habituais como na empresa privada e devem ser motivadas formalmente”, explica.

Lariane lembra que as demissões podem ocorrer antes da venda para que as estatais se tornem mais atrativas, com uma equipe mais enxuta, para possíveis compradores. E, no caso dos compradores, a demissão pode ocorrer para diminuir custos e reestruturar o negócio, seja para encerrar serviços ou para colocar uma nova equipe. Não são descartadas demissões pontuais, mudanças para outras áreas ou transferências de cargos e localidades.

  • Correios – 105 mil funcionários
  • Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) – cerca de 9,2 mil funcionários
  • Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) – cerca de 3,6 mil funcionários
  • Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) – cerca de 1,3 mil
  • Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) – 600 funcionários
  • Telecomunicações Brasileiras (Telebras) – 503 funcionários
  • Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) – 192 funcionários
  • Empresa Gestora de Ativos (Emgea) – 91 funcionários
  • Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF) – 36 funcionários
  • Total: 120,5 mil funcionários

PDV ou demissões graduais

Segundo a advogada, geralmente a demissão nas estatais é feita num primeiro momento por meio de planos de demissão voluntaria (PDV), depois por demissão de modo gradual e terceirização de funcionários. “Dificilmente ocorre demissão em massa, já que na maioria dos casos as empresas públicas prestam serviços essenciais que não poderiam ser paralisados”, diz.

Em caso de privatização, os novos donos podem demitir sem justificativa, como qualquer outra empresa.

Em relação à questão dos benefícios dos funcionários, eles devem ser mantidos, podendo ser renegociados com anuência dos sindicatos, segundo a advogada.

De acordo com João Badari, advogado previdenciário do Aith, Badari e Luchin Advogados, as estatais podem estimular os aposentados a sair. “A Eletrobras realizou um programa para aposentados que pagava indenização e plano de saúde por 60 meses em razão do desligamento. É possível que estatais privatizadas façam o mesmo para estimularem a saída de aposentados. Podem estimular, mas não obrigar”, ressalta.

E quem for demitido pode entrar com ação na Justiça para pedir seus direitos. “Podemos ver que as estatais têm muitos processos em andamento e os investidores sabem disso, e trabalham com isso no momento de negociar o valor da compra, diante dos riscos judiciais”, diz Lariane. Segundo ela, os pedidos que podem ser julgados procedentes são os relacionados às verbas rescisórias e indenizatórias.

Redução de funcionários nas estatais passa de 10%

Segundo o 9º Boletim das Empresas Estatais Federais, no ano passado houve redução de 13.434 pessoas no quadro das estatais em comparação com 2017. As principais reduções foram na Caixa Econômica Federal (-2.728 empregados), Correios (-2.648) e Banco do Brasil (-2.195 empregados).

Já o último levantamento trazido pelo 10º Boletim, no 1º trimestre de 2019 houve redução de 2.444 funcionários em comparação ao mesmo período de 2018. As principais reduções foram nos Correios (-1.721 empregados) e Banco do Brasil (-402).

Em relação a dezembro de 2015, a redução do total do quadro de pessoal das empresas estatais federais foi superior a 59 mil empregados, ou seja, redução de 10,82% do quadro total. Grande parte da redução, cerca de 47 mil (79,32%) vagas, resultou da implementação de PDVs, principal ferramenta de gestão utilizada para a adequação do quadro das estatais, com a estimativa de economia na folha de pagamentos de R$ 7,49 bilhões. 

O total de funcionários nas estatais brasileiras era de 492.460 no 1º trimestre de 2019. Os Correios eram a empresa com maior número de empregados: 103.612, seguido do Banco do Brasil (100.706), da Caixa Econômica Federal (84.879) e da Petrobras (47.217). 

Evolução do quadro de pessoal nas estatais e as que mais contratam, de acordo com último boletim do Ministério da Economia — Foto: Reprodução
Evolução do quadro de pessoal nas estatais e as que mais contratam, de acordo com último boletim do Ministério da Economia — Foto: Reprodução

A privatização das nove estatais anunciadas depende de análise do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que indicará se há condições de mercado para concretizar a venda. As análises também poderão recomendar a manutenção da estatal ou a extinção da empresa.

Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), é proibida a privatização de estatais sem aprovação do Congresso. Pela mesma decisão, o governo só pode vender as subsidiárias.

Desligamentos podem chegar a 25 mil este ano

Além do anúncio da desestatização dessas nove estatais, levantamento do G1 feito em maio apontou que o número de desligamentos de funcionários de estatais pode chegar a quase 25 mil neste ano.

Entre as estatais que anunciaram PDVs ou programas de aposentadoria incentivada estão Correios, Caixa, Petrobras, Infraero, Serpro e Embrapa. Os planos são voltados principalmente a trabalhadores mais velhos, próximos da idade de se aposentar ou que já estejam aposentados pelo INSS. Veja abaixo: 

  • Correios: 7.300 – funcionários com maior idade, maior tempo de serviço e maior tempo de aposentadoria
  • Petrobras: pelo menos 4.300 – funcionários que estejam aposentados até junho de 2020, que trabalham no segmento corporativo e nas unidades em processo de desinvestimento
  • Caixa: 3.500 – funcionários da matriz e de escritórios regionais
  • Embrapa: 2.800 – funcionários acima de 58 anos e com ao menos 20 anos de empresa
  • Infraero: cerca de 600 – funcionários próximos da idade de se aposentar e alocados em aeroportos concedidos à iniciativa privada
  • Serpro: não informado – funcionários que já cumpriram os requisitos para aposentadoria

Crédito:  Marta Cavallini/ Portal do G1 – disponível na internet 01/10/2019


O ministro da Economia, Paulo Guedes, deve anunciar no final da tarde do dia 21 (quara-feira) a privatização de 17 estatais até o final deste ano – entre elas, deve estar a venda dos Correios. A lista das empresas a serem privatizadas não foi divulgada.

O governo federal tem atualmente 130 estatais, das quais 46 são de controle direto e 84 são subsidiárias da Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, Caixa, Correios e BNDES.

(Correção: O G1 errou ao informar inicialmente que o número atual de estatais federais é de 132. A reportagem foi corrigida às 14h32)

Nos últimos dois anos, 24 estatais já foram privatizadas ou liquidadas, sendo a maioria delas subsidiárias da Eletrobras e da Petrobras.

Estatais privatizadas ou liquidadas desde 2016

Estatal Destinação
BB Cor Incorporada pela BB Corretora
Telebrás Copa Incorporada pela Telebrás
Celg D Vendida
NTS Vendida
ICC Liquidada em assembleia
Downstream Incorporada pela Petrobras
NTN Incorporada pela Petrobras
PPSL Extinta
Cepel Incorporada pela Eletrobras
Codomar Em liquidação
Petroquímica Suape Vendida
Citepe Vendida
Cepisa Vendida
Ceron Vendida
BVEnergia Vendida
Eletroacre Vendida
AmE Vendida
Casemg Em liquidação
Uirapuru Vendida
CEAL Vendida
TAG Vendida
BR Distribuidora Vendida
BB Turismo Liquidada
Stratura Aslfaltos Vendida

O último Boletim das Empresas Estatais Federais, divulgado pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, aponta a existência de 133 estatais federais no país. O documento, no entanto, é referente ao primeiro trimestre deste ano, e não considera a venda do controle da BR Distribuidora, concluída em julho. Também não contempla a venda da Stratura Asfaltos, que pertence à BR, e a liquidação da BB Turismo.

O governo tem prometido reduzir significativamente o número de estatais e defende a venda de uma série delas e de suas subsidiárias. Em junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a venda de subsidiárias de estatais sem aval do Congresso – o que não é permitido às de controle direto. Subsidiária é uma empresa controlada por outra maior, responsável por um negócios específico.

 

A Petrobras é a estatal que mais possui subsidiárias (33), como a Transpetro. Duas subsidiárias da companhia – a BR Distribuidora e a Transportadora Associada de Gás (TAG) – foram vendidas nos últimos meses, após a decisão do STF.

Na sequência, estão Eletrobras (30), Banco do Brasil (16), BNDES (3), Caixa (3) e Correios (1).

Veja abaixo a lista das 132 estatais, por área de atuação:

Desenvolvimento Regional

  • Codevasf

Saúde

  • Ebserh
  • HCPA
  • GHC

Comunicações

  • ECT
  • EBC
  • Telebras

Participações

  • 5283 Participações
  • BB Elo Cartões
  • Caixapar
  • Correiospar

Transportes

  • CBTU
  • Trensurb
  • Valec
  • Infraero

Abastecimento

  • Conab
  • Ceagesp
  • Ceasaminas

Seguros

  • ABGF
  • BB Corretora
  • BB Seguridade
  • BB Seguros
  • Caixa Seguridade

Portuário

  • CDC
  • Codesa
  • Codesp
  • CDP
  • CDRJ
  • Codern
  • Codeba

Pesquisa, Desenvolvimento e Planejamento

  • Amazul
  • Embrapa
  • EPE
  • EPL
  • Emgepron
  • CPRM

Indústria de Transformação

  • Araucária
  • Ceitec
  • CMB
  • Imbel
  • INB
  • Nuclep
  • Hemobrás

Financeiro

  1. Ativos S.A.
  2. BAMB
  3. BASA
  4. BB
  5. BB AG
  6. BB Consórcios
  7. BB Investimentos
  8. BB DTVM
  9. BB LAM
  10. BESCVAL
  11. BNB
  12. BNDES
  13. BNDESPAR
  14. BNDES PLC
  15. Caixa
  16. Emgea
  17. Finep
  18. Finame

Comércio e Serviços

  1. Ativos Gestão
  2. BB Cartões
  3. BB Tecnologia e Serviços
  4. Caixa Instantânea
  5. Dataprev
  6. E-Petro
  7. Serpro
  8. PCEL
  9. PEL
  10. PIB BV
  11. PNBV
  12. PSPL
  13. TI B.V.

Petróleo, Gás e Derivados

  1. Petrobras
  2. Bear
  3. Brasoil
  4. Gaspetro
  5. Gás Brasiliano GBD
  6. Liquigás
  7. Logigás
  8. PAI
  9. PB-Log
  10. Pebis
  11. Pemid
  12. PIB Col
  13. PM
  14. PPSA
  15. Transpetro
  16. TBG
  17. Pbio
 

Energia

  1. Eletrobras
  2. Arara Azul
  3. AmGT
  4. Bentevi
  5. Brasil Ventos
  6. Breitener
  7. Breitener Jaraqui
  8. Breitener Tambaqui
  9. BSE
  10. CGTEE
  11. CHESF
  12. EDV IX
  13. EDV V
  14. EDV VI
  15. EDV VII
  16. EDV VIII
  17. Eletronorte
  18. Eletronuclear
  19. Eletrosul
  20. Eletropar
  21. Eólica Chuí IX
  22. Eólica Hermenegildo I
  23. Eólica Hermenegildo II
  24. Eólica Hermenegildo III
  25. Fote
  26. Furnas
  27. Mangue Seco 2
  28. Ouro Verde I
  29. Ouro Verde II
  30. Ouro Verde III
  31. Termobahia
  32. Termomacaé Comercializadora
  33. Termomacaé
  34. TGO
  35. TSBE
  36. TSLE
  37. Ventos de Angelim
  38. Ventos de Santa Rosa
  39. Ventos de Uirapuru

Crédito: Portal do G1 – disponível na internet 01/10/2019

2 COMENTÁRIOS

  1. Prezados boa tarde. Sou empregado há 10 anos da recém privatizada BR Distribuidora, apesar de ingressarmos via concurso publico somos regidos pela CLT. Agora que é uma empresa privada é possível que diante desse contexto haja um PDV para os funcionarios?

    Atenciosamente,
    Márcio de Barros

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