“Decisões em políticas públicas que favoreçam importações generalizadas, sem a correspondente contrapartida de aquisições de produtos brasileiros por terceiros países ou, que em encomendas tecnológicas não garantam transferência de tecnologias, podem se constituir em avassaladora ameaça para a sobrevivência da BID, com consequências negativas para a economia e para garantia da soberania”, afirmam.
Veja a nota:
A Base Industrial de Defesa e Segurança do Brasil (BID) gera 60 mil empregos diretos, 240 mil empregos indiretos e é responsável por 3,7% do PIB nacional. No entanto, diante de uma série de acontecimentos recentes, entendemos que essa Base está sob ameaça o que pode colocar em riscos uma indústria geradora de empregos altamente qualificados, que gera altos valores em tributos e que promove o desenvolvimento tecnológico, pesquisa e inovação em nosso País.
A Indústria de Defesa de qualquer País tem seu sucesso estruturado em três pilares básicos, a saber; investimento estatal em desenvolvimento e encomendas tecnológicas, aquisições de produtos de Defesa pelas Forças Armadas e órgãos de Segurança Pública e, sobretudo, de exportações. Neste sentido, a Estratégia Nacional de Defesa objetiva institucionalizar em nosso país uma Política de Estado que favoreça a consolidação da Base Industrial de Defesa Nacional, com vistas a garantia da soberania e projeção de poder regional.
A excepcionalidade das regras da Organização Mundial de Comércio – OMC, quanto à adoção pelos Estados Nacionais de Políticas que favoreçam e protejam o desenvolvimento de sua Base Industrial de Defesa, corrobora as decisões dos países de que a Indústria de Defesa deve ser considerada de alto valor estratégico e, em razão disso, protegida e incentivada.
Decisões em políticas públicas que favoreçam importações generalizadas, sem a correspondente contrapartida de aquisições de produtos brasileiros por terceiros países ou, que em encomendas tecnológicas não garantam transferência de tecnologias, podem se constituir em avassaladora ameaça para a sobrevivência da BID, com consequências negativas para a economia e para garantia da soberania. Cabe aqui frisar também o problema da falta de isonomia fiscal e regulatória: os importados são isentos de tributos contra uma pesada carga tributária do produto nacional; a homologação dos produtos estrangeiros importados em território nacional tem sido flexibilizada, com a não observância das mesmas regras exigidas das empresas brasileiras.
A Base Industrial de Defesa e Segurança entende que as indústrias estrangeiras são bem-vindas para produzir, gerar empregos e concorrer em pé de igualdade com as que já estão estabelecidas no país, de forma a proporcionar maior competitividade tanto econômica quanto de qualidade. No entanto, abrir o mercado com regras desiguais é condenar o Brasil à desindustrialização e ao colonialismo tecnológico.
SIMDE – Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa
ANIAM – Associação Nacional das Indústrias de Armas e Munições
ABRABLIN – Associação Brasileira de Blindagem
APCE – Associação Brasileira de Produtos Controlados
Crédito: Vera Batista/Blog do Servidor/Correio Braziliense – disponível na internet 07/10/2019
Indústria de defesa gera milhares de empregos e é estratégica para a soberania nacional
Um exemplo mais conhecido é o computador. Os primeiros modelos foram desenvolvidos para o Exército dos Estados Unidos com a finalidade de auxiliar em cálculos de artilharia. Chamado Eniac, o aparelho começou a ser utilizado oficialmente no ano de 1946.
Devido ao alto valor agregado desses produtos e a possibilidade de serem utilizados em funções civil e militar, o Governo Federal incentiva o incremento da Base Industrial de Defesa (BID) brasileira. Responsável pela geração de milhares de empregos, a indústria de defesa é um setor importante para a economia, além de ser estratégico para garantir a soberania do território nacional.
Outro dado positivo em relação à oferta de emprego é que, por exigir maior capacitação técnica, o salário médio desse segmento é aproximadamente duas vezes maior ao da média nacional. Dessa forma, estimular a BID é fundamental para ampliar a competitividade da indústria nacional e aumentar sua produtividade, produzindo bens e serviços com maior conteúdo tecnológico.
Para o professor Antônio Ramalho, os benefícios ao fomentar a indústria de defesa são diversos e possuem reflexos positivos em áreas diferentes. “Há ganho tecnológico em função do perfil dos produtos da indústria de defesa. A melhor maneira de incentivar essa segmento da economia é assegurar a continuidade das encomendas, por um lado, e, por outro, estimular a associação entre universidades, centros de pesquisa e indústrias”, esclareceu o especialista.
Incentivo
Defesa e desenvolvimento estão alinhados quando os investimentos na capacitação das Forças Armadas criam condições que favorecem a inovação e o crescimento econômico. Por isso, o Ministério da Defesa trabalha na implementação de políticas e empreendimentos para associar a recomposição da capacidade operativa da Marinha, do Exército e da Aeronáutica em busca de autonomia tecnológica e do fortalecimento da BID.
Uma das iniciativas que se encontra em tratativas avançadas é a criação do Banco de Defesa Nacional (BDN), como parte da Estratégia de Financiamentos e Investimentos no Setor de Defesa brasileiro (EFID). O BDN será um banco privado, constituído a partir de participações de investidores nacionais e estrangeiros.
Essa estratégia trará vantagens imediatas como burocracia reduzida, alta expertise na área de defesa, estruturação e oferta de garantias e contra-garantias customizadas, atuação em todas as fases de maturidade das empresas, atuação em mercados externos e financiamentos a órgãos públicos nas três esferas: federal, estadual e municipal.
Outros instrumentos voltados ao desenvolvimento tecnológico e ao incentivo à BID foram a publicação da Lei 12.598/12, que criou marco legal favorável aos investimentos privados nesse setor; e o Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa (RETID), que desonerou empresas de diversos encargos, estabeleceu incentivos ao desenvolvimento de tecnologias indispensáveis ao país, além de ter diminuído o custo de produção de companhias legalmente classificadas como estratégicas para a Defesa.
Até julho deste ano, dados da SEPROD mostram que o Brasil autorizou mais de US$ 937 milhões em exportações de itens da Base Industrial de Defesa, valor equivalente ao autorizado em todo o ano de 2018. Estima-se que a eliminação dos gargalos do setor possa, no curto prazo resultar, em índices anuais de exportação superiores a US$ 3 bilhões.
Crédito: Lane Barreto/Assessoria de Comunicação Social (Ascom) do Ministério da Defesa – disponível na internet 07/10/2019