A ânsia dos consumidores por descontos, que prometem ser os maiores do ano, faz com que a Black Friday , que acontece nesta sexta-feira, seja um período de aumento significativo de golpes . Para se ter uma ideia, durante a megaliquidação, 2% das compras são pagas com cartões de crédito clonados. O que representa R$ 69 milhões em volume de transações. E-mails falsos , links de pagamentos fraudulentos, ofertas enganosas estão entre as armadilhas que os consumidores precisam vencer para de fato ter ganhos com a promoção.
O Brasil é o segundo país em tentativas de fraude em lojas virtuais e meios de pagamentos digitais, perdendo apenas para o México, com uma taxa de 5% do total de compras.
Não bastasse isso, é preciso estar atento à evolução dos preços para não ser vítima da chamada “maquiagem de preços” — aumento do valor antes da promoção para depois ser aplicado o desconto. Uma pesquisa com base em dados do comparador Zoom, mostra que alguns produtos já subiram até 42,72%.
— Por isso, é importante acompanhar preços. Em alguns sites, é possível consultar o histórico de flutuação de valor de até um ano — diz Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
de acordo com o Procon-SP, a “maquiagem de preços” respondeu por um terço das queixas sobre a megaliquidação. Em seguida, produtos ou serviços indisponíveis (19,87%) e mudanças de preços na finalização da compra (18,20%).
As fraudes virtuais exigem que o consumidor adote uma série de precauções. A básica é checar o link de compras, diz Felipe Held, diretor de Marketing da Kontudo, empresa de antifraude para pagamentos on-line:
— O fraudador não é um hacker encapuzado realizando golpes na calada da noite nem um adolescente com o cartão de um familiar. A fraude on-line é um crime altamente organizado.
Três tentativas de fraude
Há algumas semanas, enquanto viajava, o designer gráfico Diogo de Oliveira, de 33 anos, recebeu notificações no celular sobre a compra de um computador em seu cartão. Foi a terceira tentativa de fraude:
— Entrei em contato com a operadora e descobri que meu cartão tinha sido clonado. O banco detectou que os dados foram coletados por meio de uma outra compra que fiz pela internet, em um site estrangeiro.
Ainda que dê preferência a sites confiáveis, Oliveira admite que se deixa levar por ofertas tentadoras de portais desconhecidos. Segundo o diretor executivo do Procon-SP, Fernando Capez, o consumismo em si é uma armadilha:
— Esse impulso deixa usuário mais vulnerável a fraudes e promessas irreais.
Pouco atenta a sistemas de segurança e com diversas senhas repetidas entre os aplicativos que costuma usar, a estudante Beatriz Climeck, de 22 anos, surpreendeu-se ao receber notificações no celular de compras fraudulentas no seu cartão de crédito.
— Não tenho muito conhecimento sobre formas de segurança, mas após o que aconteceu, pretendo ficar atenta.
Apesar de sete em cada dez consumidores utilizarem os smartphones para compras — segundo estudo feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o SPC Brasil — poucos dão atenção a segurança dos aparelhos, diz Marcus Garcia, vice-presidente da FS (empresa de soluções em proteção digital):
— Não proteger o celular é cultural. Quando se tem um app de segurança digital no celular se pode até ter a liberdade de usar redes públicas de internet porque o programa mantém dados seguros.
Confira as orientações de especialistas
Fraudes.
Para evitar fraudes, o primeiro passo é conferir a lista de 307sites não recomendados do Procon-SP.
Verifique no site a identificação da loja:razão social, CNPJ, telefone e outras formas de contato, além do e-mail.
Sites falsos.
Para evitar redirecionamento a site falso, sempre digite o endereço no navegador. Não clique em links salvos em buscadores ou enviados por WhatsApp ou SMS.
Preço.
A informação sobre o preço deve ser ostensiva. Deve incluir valor total a prazo, número de prestações, juros, valores de seguro e frete.
Formas de pagamento.
Não compre em sites em que as únicas formas de pagamentos são boleto bancário e/ou depósito em conta.
Entrega.
No Estado do Rio, as empresas são obrigadas por lei a informar em qual turno a entrega será feita.
Queixas.
Em caso de problema, registre reclamação no Procon-RJ pelo site, app ou pelo telefone 151.
Provas.
Durante a compra, salve as telas de todas as fases do processo. Guarde anúncios e e-mails da oferta. Exija a nota fiscal.