“Hoje, entendemos que não há mais nenhum evento que requeira esclarecimento. A sociedade está com informação de qualidade, substancial”, afirmou Montezano, em evento para anunciar o plano trienal do BNDES.
A “caixa preta” foi um dos temas dominantes na campanha de Bolsonaro. Entre seus apoiadores, foi difundida a ideia de que sua abertura desnudaria malfeitos maiores do que os descobertos pela Operação Lava Jato na Petrobras.
Logo após a vitória nas urnas, o presidente eleito se comprometeu a determinar, no início do mandato, “a abertura da caixa-preta do BNDES e revelar ao povo brasileiro o que foi feito com o s eu dinheiro nos últimos anos”.
As afirmações geraram reações negativas dos funcionários do banco. Nesta quarta, diante da diretoria e superintendentes do banco, de jornalistas e convidados, Montezano abriu com o tema um balanço de seus cinco meses de gestão.
Elencou medidas para ampliar a transparência, como “exposições em jornal, campanha publicitária, entrevista sobre caso sensíveis, discutir a situação A situação B, entregar no MPF [Ministério Público Federal] a conclusão da investigação da JBS, fazer nota sobre exportação de serviços e, por fim, na semana passada, um live com o presidente”.
Na live, Bolsonaro elogiou a gestão de Montezano e voltou a criticar concessão de empréstimo para a construção do Porto e Mariel, em Cuba, obra tocada pela Odebrecht. Antes do evento desta quarta, o BNDES exibiu um vídeo sobre transparência, que termina com a frase “O BNDES está aberto”.
Segundo Montezano, pesquisas internas apontam que o processo já tem efeitos sobre a imagem da instituição. Ele frisou que trata-se de um processo de longo prazo, que envolve novos procedimentos de transparência.
“O que a gente tem colocado é que isso não é uma temporada, não é uma campanha publicitária, não é um evento por si só. Isso aqui é um marco de mudança de cultura, mudança de procedimento, de forma de interagir com essas mudanças tão sensíveis”, disse.
“Mas se porventura em algum momento futuro algum outro tema voltar à agenda publicitária, voltar a arranhar a imagem do banco, a gente virá de maneira proativa, transparente, técnica e neutra para esclarecer as informações e contribuir para o debate”, completou.
Questionado sobre a expectativa do eleitorado e do próprio governo em relação ao surgimento de novas denúncias, repetiu que é um processo permanente que envolve não só o esclarecimento de operações, mas também medidas de longo prazo, como a criação de uma diretoria de compliance (governança) e acordo de cooperação com o MPF.
“Esse processo de abertura não é algo temporal, não é agenda de uma campanha”, disse. “O que a gente implementou aqui é uma cultura, é um processo é uma estratégia que veio para ficar permanentemente no banco”, afirmou. (Nicola Pamplona/FolhaPress)
Crédito: JB – disponível na internet 19/12/2019