Em média, cada deslocamento custou R$ 6,2 mil em passagens aéreas e recebimento de diárias. Os dados são de um levantamento do Metrópoles
José Vicente Santini assumiu o cargo de secretário-executivo da Casa Civil após Abraham Weintraub ser nomeado ministro da Educação, em abril do ano passado. Antes, ele era subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil. Santini ocupou o cargo durante nove meses e 18 dias.
Entre as viagens mais caras de Santini estão a ida a Madri (R$ 29,8 mil), a visita a Washington (R$ 17,1 mil), a estadia em Nova York (R$ 14,7 mil) e o deslocamento a Paris (R$ 8,5 mil).
Entre os compromissos nas viagens de Santini às custas do governo federal estão a participação na 25ª Conferência Internacional sobre Mudança Climática (COP-25), entre 2 e 13 de dezembro de 2019, e a ida à reunião dos países do Mercosul, no mesmo mês
Além dessas viagens, ele esteve em comitivas do Ministério das Relações Exteriores e do Palácio do Planalto, quando acompanhou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no leilão da ferrovia Norte-Sul, em março do ano passado.
Polêmica com Bolsonaro
Nesta terça-feira (28/01/2020), o presidente Bolsonaro destituiu Santini do cargo após uma viagem à Índia. O chefe do Palácio do Planalto considerou “inadmissível” o deslocamento em avião oficial da FAB.
“Inadmissível o que aconteceu. Já está destituído da função de executivo do Onyx. Decidido por mim”, declarou o mandatário do país. Horas depois, Santini foi substituído por Fernando Moura, atual secretário-adjunto (à direita na foto abaixo com Santini).
Mesmo com a reação do presidente, o voo de Santini atendeu ao protocolo da FAB para uso desse tipo de transporte. A decolagem é regulamentada por decretos de 2002 e de 2015.
Versão oficial
O Metrópoles entrou em contato com o Palácio do Planalto e com a Casa Civil com questionamentos a respeito das despesas. Por e-mail, a reportagem pediu explicações a respeito de como o governo avalia esses gastos, o que justifica as viagens e quais são os critérios para a autorização dos deslocamentos, além de solicitar uma entrevista com Santini.
O Palácio do Planalto não comentou o caso. “Quem trata desse assunto é a Casa Civil”, resumiu, em nota. A Casa Civil não se manifestou até a última atualização deste texto. O espaço continua aberto para esclarecimentos.
Voos da FAB
Somente nos 26 primeiros dias de janeiro de 2020, 382 passageiros foram transportados em voos da FAB. Um desses transportes motivou a demissão de Santini. Entre 1º de janeiro e o último domingo (26/01/2020), foram 42 viagens.
Os dados foram revelados pelo Metrópoles. Apenas em seis dias (1º, 2, 7, 11, 18 e 20) não houve registro de decolagens oficiais.
Na média, o número de deslocamentos é o menor desde 2018. No mesmo recorte de tempo, foram 123 voos e 855 passageiros. No ano passado, a FAB contabilizou 52 decolagens e 726 pessoas transportadas.
Em 2020, a autoridade que mais viajou foi o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), com 12 deslocamentos. Em segundo lugar, o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, com cinco embarques
Crédito: Otávio Augusto/Metrópoles – disponível na internet 29/01/2020