Guedes diz que preservar ‘sinais vitais’ da economia não significa ‘sair do isolamento agora’

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Guedes deu as declarações ao participar de uma videoconferência, organizada pelo banco BTG Pactual.

Desde que reconheceu a pandemia do novo coronavírus, a Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta, entre outras medidas, o isolamento social.

O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, defende a “volta à normalidade” e a reabertura do comércio, das igrejas, das lotéricas. Bolsonaro também tem comparado o Brasil a um paciente com “duas doenças”, nas áreas da saúde e da economia.

“Se preservarmos os sinais vitais, vamos sair do lado de lá. Preservar os sinais vitais da economia não significa sair do isolamento agora, não significa isso. Significa fazer a coisa programada, fazer direito, fazer no devido tempo, mas sabendo que esse é o ponto futuro”, disse Guedes.

Conforme o ministro, a crise do coronavírus provocou um impacto “forte”, mas ainda “não desorganizou” a economia. Segundo ele, o governo avalia como atuar para que haja a retomada da economia após o fim da crise.

“Não sabemos a profundidade da crise. Não sentimos ainda que desorganizou a economia. Tem um impacto forte, mas ainda não é algo que impede a recuperação mais forte. Ainda não é isso, disse.

Guedes destacou ainda que o desafio do momento é saber quanto tempo a economia resiste com o isolamento social.

Apesar dos questionamentos sobre o impacto na economia, Guedes afirmou que “salvar vida é a prioridade” e que o isolamento social tem “total apoio”.

“O isolamento social que foi declarado, perfeito, tem total apoio nosso, tudo certo. Mas também na democracia é muito valioso falar a verdade. Olha, tem duas dimensões críticas. Tem a dimensão da saúde, mas logo a frente vem a outra onda a onda a economia”, afirmou.

Segundo ele, não se pode deixar a crise economia provocada pelo coronavírus se transformar em uma “depressão”.Governo apresenta plano alternativo ao da Câmara para socorrer estados e municípiosGoverno apresenta plano alternativo ao da Câmara para socorrer estados e municípios

Socorro a estados e municípios

Em referência ao projeto de ajuda a estados e municípios, aprovado pela Câmara dos Deputados, Paulo Guedes afirmou que o pedido de unidades da federação para que a União compense as perdas de arrecadação é “inaceitável” e “não republicano”.

Segundo o ministro, o governo apresentou uma proposta de R$ 88 bilhões para auxiliar estados e municípios e que os governadores saíram “felizes” com a proposta, mas depois quiseram compensação por perda de arrecadação.

“Saíram absolutamente felizes daqui. E voltaram duas semanas depois pedindo algo que o Mansueto [secretário do Tesouro] calculou em R$ 229 bilhões? É inaceitável. Transformar uma crise de saúde em uma crise fiscal sem precedente, em uma explosão dos orçamentos da República. É não republicano”, afirmou.

O ministro afirmou que confia na negociação que está sendo feita com o Senado Federal para ajustar o texto do projeto e que a ajuda pode ser maior do que os R$ 78 bilhões anunciados pelo governo caso haja contrapartidas estruturais importantes por parte dos estados e municípios, como não reajustar o salário de servidores públicos.

Crédito: Laís Lis/Portal G1 – disponível na internet 21/04/2020


Preservar economia não significa sair do isolamento, diz Guedes

O isolamento social não precisa ser abandonado e pode ser conciliado com a preservação da atividade econômica, disse hoje (20) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em videoconferência com investidores, ele se disse otimista com a recuperação da produção e do consumo e ressaltou que não faltará dinheiro para a saúde durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Segundo o ministro, as medidas de preservação do emprego e de auxílio às camadas mais vulneráveis da população ajudarão a manter os “pontos vitais” da economia de forma a tornar possível a saída da crise da melhor forma possível. Ele se disse otimista com o trabalho da equipe econômica e afirmou que as medidas tomadas no primeiro ano de governo facilitarão a recuperação.

“A economia está com mais força do que se está pensando, porque ela já estava começando a se mover. E, se nós preservamos os sinais vitais da economia, não significa sair do isolamento. Temos de pensar nisso também. São duas dimensões”, disse Guedes.

Na avaliação de Guedes, um dos sinais de que a recuperação econômica é viável está na manutenção das exportações para a China, nosso maior parceiro comercial e principal destino dos produtos brasileiros. “Não sabia que seria uma pandemia, mas vale observar que até o momento não há queda nas exportações”, disse.

O ministro admitiu que a crise foi maior que o esperado, mas defendeu a atuação da pasta assim que a dimensão dos impactos da covid-19 foi percebida. “Como no Brasil temos zika, dengue, eles têm lá a gripe suína, a gripe aviária e teria sido a covid-19 um problema [apenas] na China. Quando caiu a ficha de que era uma pandemia, no dia seguinte tomamos conhecimento da dimensão trágica, montamos o grupo e começamos a disparar as medidas”, disse.

Saúde

O ministro assegurou que não faltará dinheiro para a saúde enquanto durar a pandemia. Em relação à recuperação econômica, Guedes afirmou que o governo terá de acelerar as reformas estruturais – como a tributária, do pacto federativo e a administrativa – para criar um ambiente mais favorável ao investimento privado. Ele pediu que, a partir do segundo semestre, o Congresso aprove mecanismos para reequilibrar as contas públicas e prometeu acelerar o programa de privatizações para reduzir o endividamento do governo com as políticas emergenciais.

“A velocidade de escape desse buraco negro dependerá do prosseguimento das reformas. Se não acelerar com as reformas estruturantes, não teremos apenas um ano de pesadelo”, declarou.

Guedes criticou ainda o pacote de auxílio a estados e municípios aprovado pela Câmara. Ele defende o repasse de R$ 40 bilhões para repor perdas de arrecadação dos governos locais, contra um pacote de R$ 86,9 bilhões aprovado pela Câmara que obriga a União a repor, sem limites, a diminuição das receitas das prefeituras e dos governos estaduais. “Como nós podemos garantir receitas? Você não pode depositar R$ 80 bilhões e dar garantias irrestritas. E se o governador decidir que o isolamento é de dois anos? Como nós vamos garantir isso?”, questionou.

O ministro participou de uma videoconferência promovida pelo banco de investimentos BTG. A conversa foi conduzida pelo seu antecessor, o ex-ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, que hoje é CEO (presidente-executivo) da instituição financeira. Guedes falou por cerca de uma hora e meia sem ser interrompido pelo antecessor.

Agência Brasil de Notícias 21/04/2020

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