Use a quarentena para turbinar o currículo e, por que não, tirar aquele projeto do papel
O período de quarentena pode ser usado para repensar a carreira e investir naquele antigo sonho. Especialistas apontam caminhos para tirar um novo projeto do papel – o que exige um tanto de cautela – e explicam como deixar o currículo tinindo. Eles também respondem às 20 dúvidas mais frequentes sobre trabalho em tempos de pandemia, com dicas valiosas sobre como se preparar para a volta ao “novo normal”. E se o seu problema for a vontade de continuar trabalhando de casa? Você não está só. Estudo mostra que mais da metade dos que estão em home office querem continuar assim – pelo menos parcialmente.
Quando começou a quarentena, Danilo Lessa, de 28 anos, era professor de inglês. Agora, meses depois, o jovem baiano já tem um plano traçado para estudar Medicina Veterinária — uma paixão antiga, alimentada por programas de TV sobre animais e também pelos bichos de estimação de casa. O tempo extra proporcionado pelo isolamento social e a quebra da rotina fizeram com que Lessa questionasse sua profissão, pensasse melhor sobre a vontade de ser veterinário e pesquisasse meios para viabilizar a nova carreira.
“Gosto muito de ser professor, mas comecei a pensar em profissões que me ofereceriam estabilidade financeira. A Veterinária sempre foi um sonho, mas acabei não seguindo quando era adolescente porque não existia esse curso na minha cidade, Vitória da Conquista. Hoje já há cursos nessa área aqui”, conta Lessa, que trabalha atualmente em uma instituição de cursos profissionalizantes que paralisou as aulas por causa da pandemia. “Com o ócio, a gente acaba revisitando o passado e enxergando coisas que deveria ter feito e não fez.”
Esse tipo de reflexão sobre a carreira vem acontecendo com algumas pessoas durante o isolamento. Para a psicóloga Caioá Lemos, especialista em orientação profissional, é um comportamento natural. “A quarentena pode representar para algumas pessoas um momento de questionamento em diversas áreas da vida, incluindo a carreira, porque houve uma parada. Talvez estivéssemos vivendo no automático, sem tempo para refletir. É positivo fazer essas perguntas, porque somos seres em transformação”, afirma.
Há também quem esteja descobrindo novos talentos durante a quarentena, como é o caso da advogada Ana Beatriz Candida, de 25 anos, que, na tentativa de ocupar a cabeça durante o isolamento, acabou se apegando à culinária — e a brincadeira está ficando séria. “Estou me sentindo muito feliz cozinhando, e passei a refletir sobre a advocacia. Ser advogada é muita pressão, é difícil lidar com a confiança do cliente. Fiquei pensando: será que não estou me estressando à toa na minha profissão, uma vez que descobri um talento escondido?”, questiona-se Ana, que ainda não tem planos concretos para mudar de carreira, mas começou a pesquisar sobre cursos de gastronomia.
Vá com calma. Essas reflexões, entretanto, precisam ser feitas com cuidado, alertam especialistas. “Estamos vivendo um momento de muitas angústias, há o perigo de confundir as coisas e achar que uma mudança vai resolver tudo. Tomar uma decisão de mudar de carreira agora pode ser um ato desesperado”, afirma a psicanalista Fernanda de Sousa e Castro Noya Pinto, doutora pela USP.
Na visão da psicóloga Caioá Lemos, é interessante que nesses momentos de questionamento sobre carreira as pessoas busquem entender por que elas querem a mudança. “Deve-se pensar também como a vida vai ficar após a mudança, quais serão os ganhos, as perdas, as vantagens, as desvantagens, e o impacto na vida pessoal e profissional”, afirma a psicóloga. Além disso, ela explica que ouvir opiniões de pessoas próximas pode ajudar a ter mais clareza sobre a decisão.
‘Estamos vivendo um momento de muitas angústias, há o perigo de confundir as coisas e achar que uma mudança vai resolver tudo’ Fernanda de Sousa e Castro Noya Pinto, psicanalista
É esse cuidado que Ana Beatriz quer ter antes de ingressar profissionalmente na gastronomia. “Não consigo fazer planos agora porque o futuro pós-pandemia é incerto. Se for mudar, quero fazer com calma. Até porque eu entendo que o isolamento fez com que me distanciasse da rotina da minha profissão, e talvez eu esteja vendo só as partes negativas da advocacia agora”, afirma. O professor Danilo Lessa também não tem pressa: “Estou fazendo um planejamento. Não pretendo abandonar a carreira antiga de imediato. Pretendo continuar trabalhando como professor enquanto estiver na graduação de Veterinária. Se não for para eu entrar agora na nova faculdade, pode ser daqui a um ano”.
DICAS PARA MUDAR DE CARREIRA
● Trace objetivos concretos que não sejam apenas desejos abstratos
● Busque entender por que você quer essa mudança
● Liste as vantagens e desvantagens da mudança
● Analise o custo da mudança: vou precisar abrir mão do meu tempo de lazer para fazer um curso? Vou precisar estudar nos fins de semana?
● Peça a opinião de pessoas próximas
● Converse com profissionais que atuam na carreira desejada para conhecer mais a profissão e as habilidades necessárias para exercê-la
● Pense se você tem as habilidades necessárias ou se pode desenvolvê-las
● Tome cuidado com a ideia glamourizada sobre determinadas profissões, especialmente se conhecer profissionais bem-sucedidos nelas
● Caso necessário, busque um especialista que possa ajudar na tomada de decisões profissionais
Emprego dos sonhos e uma carreira em ascensão. Tudo caminhando como o planejado até que a pandemia provocada pelo novo coronavírus afeta em cheio a empresa em que trabalha. Nas últimas semanas, milhares de pessoas sofreram uma reviravolta na vida profissional. Com demissões em massa, suspensão de contratos de trabalho e reduções no salário e carga horária, ter um perfil profissional preparado para a nova realidade do mercado se tornou essencial.
Com a profissão seguindo o rumo ideal, desde que foi contratada pela empresa atual há três anos, a diretora de vendas Jamila Tanaka, de 35, nem imaginava que precisaria se preocupar tão cedo em deixar seu currículo atualizado ou otimizar o perfil do Linkedin. Mas após ter o contrato de trabalho suspenso até setembro, ela teve de encarar a realidade de se preparar para um futuro incerto.
“Desde quando consegui meu emprego atual, não atualizei mais nada”, afirma. Jamila trabalha em uma empresa de intercâmbio e por mais que esteja feliz com o cargo, reconhece que esse é um momento muito instável. “Temos garantias de que vamos voltar em breve, mas sabemos que muitos fatores não dependem só da empresa. O mercado inteiro está em crise”, diz.
Na avaliação de Lilian Sanches, de 42 anos, especialista em carreiras, a crise forçou profissionais e empresas a “limparem o guarda-roupa”. “É tempo de avaliar o que já não faz mais sentido, valorizar aquilo que ainda tem potencial e se renovar com as novas tendências de mercado”, explica.
Lilian, que também é fundadora da Colab50, uma iniciativa voluntária para capacitar profissionais com mais de 45 anos a se recolocar no mercado de trabalho, aponta dois fatores que tornam o cenário ainda mais desafiador para quem ficou desempregado e está em busca de novas oportunidades. O primeiro é que a maioria das pessoas não está habituada a trabalhar sua imagem profissional no mundo digital. O segundo fator é que existe um costume de deixar que a empresa cuide do plano de carreira do funcionário, o que acaba desestimulando a autonomia e independência no planejamento das estratégias profissionais.
‘É tempo de avaliar o que não faz mais sentido, valorizar aquilo que ainda tem potencial e se renovar’ Lilian Sanches, especialista em carreiras
Isso é preocupante porque o cenário de contratações e processos seletivos atuais já está migrando em peso para o universo digital. Imprimir currículos e até mesmo esperar uma entrevista presencial já são processos cada vez menos explorados pelas grandes recrutadoras.
Grupos ou publicações em redes sociais e site de vagas são as principais portas de entrada e meio de conexão entre empresas e candidatos. “Há alguns anos, por exemplo, o Linkedin era visto apenas como um currículo online. Hoje a rede social tem várias ferramentas que são úteis para quem quer contratar e quem quer ser contratado”, avalia Vítor Berardo, especialista em otimização de perfis.
A preocupação em ter um bom perfil na rede fez surgir também um novo mercado. Assim como Berardo, centenas de profissionais cobram de R$ 300 a R$ 2.000 para deixar o perfil mais atrativo para os recrutadores, em meio aos mais de 43 milhões de usuários brasileiros e os 690 milhões de usuários no mundo.
A publicitária Denise Paixão é um dos cases de sucesso. Há dois anos, ela percebeu que podia explorar melhor sua rede de contatos no Linkedin e resolveu investir no perfil profissional digital. Atualmente, aos 27 anos, ela trabalha como coordenadora de marketing digital em uma empresa que a contratou após avaliar o seu perfil na rede.
Agora, com a crise provocada pela covid-19, Denise resolveu ajudar como pode. Na semana passada, fez uma publicação para ajudar voluntariamente pessoas que querem melhorar o perfil no Linkedin e também lançou um ebook para ajudar no passo a passo.
Mas otimizar o perfil não é tudo. Como qualquer rede social, ele não pode ser estático. É necessário saber interagir, criar boas conexões, compartilhar tendências de mercado e aproveitar as funcionalidades que a plataforma oferece.
● Preencha corretamente seu perfil e suas habilidades
Um bom perfil profissional deve ter uma boa descrição, explica Vítor Berardo, especialista em otimização de perfis. “Escreva quais eram suas atividades nas empresas passadas, mas vá além do job description. Coloque o que você realmente fazia”, recomenda. Ele também ressalta a importância de atualizar corretamente as abas de certificados, trabalhos voluntários e competências. “O Linkedin permite acrescentar até 50 habilidades e isso ajuda nas candidaturas simplificadas – quando o recrutador oferece a opção do candidato concorrer com o seu perfil em vez do currículo tradicional – porque as empresas já filtram os profissionais com determinadas especificidades para as vagas abertas”, conta.
● Crie uma estratégia para curtir e compartilhar publicações
Lilian Sanches, consultora da Intentus, lembra que quando alguém curte uma publicação do seu perfil ela aparece para toda a rede da pessoa.O mesmo vale para quando você curte uma publicação. Recrutadores podem observar essas atividades para saber se você está por dentro das novidades da área ou também como é seu relacionamento com as suas conexões.
● Fale sobre assuntos que você domina
“Que assunto você começaria numa roda de conversa com os seus colegas de trabalho? É sobre isso que você precisa falar”, afirma Lilian Sanches. Publique artigos, fotos e vídeos contando sobre o que você já estudou, por exemplo. “Mostre o que você conhece sobre um tema e compartilhe experiências.”
● Explore corretamente os recursos oferecidos
Recentemente a plataforma lançou dois recursos: a videoentrevista e os stories. Os especialistas entrevistados pelo Estado apostam neles como importante ferramenta para a promoção pessoal. O primeiro recurso permite que o recrutador receba antes mesmo de fazer a entrevista um vídeo com o perfil do candidato. Já os stories, podem ser usados para mostrar que você tem se mantido atualizado e ativo na busca por capacitação profissional. Lembre também de explorar as hashtags para acompanhar discussões sobre as suas áreas de interesse.
● Planeje uma meta para o seu emprego dos sonhos
Maria Maron é criadora de conteúdo da Intera, recrutadora para startups, e explica que o Linkedin é uma ferramenta importante para quem planeja trabalhar em uma empresa específica. “Pessoas que já sabem o que querem e sonham em trabalhar em determinado cargo podem analisar o perfil dos profissionais que já trabalham nessa empresa. Qual a formação, quais habilidades e competências. Entendendo esse perfil fica mais fácil saber o que é necessário para chegar lá”, conta.
● Deixe seu perfil mais atrativo para recrutadores
Para Marc Tawil, estrategista de comunicação e um dos Linkedin Top Voices (perfis influentes), um histórico profissional mais completo e consistente vale mais do que qualquer outra rede ou currículo enviado por e-mail. “Porque, apesar de exibir onde, o que fez e por quanto tempo ficou nas empresas pelas quais passou, o candidato está em movimento e suas posturas, gestuais, posts e compartilhamentos falam muito sobre seus valores, atributos e visão corporativa.” Ele lembra ainda que existe uma tendência ainda maior por profissionais que mostrem um lado mais transparente, vulnerável e humanizado.
● Seja visto por mais pessoas
Cada usuário, ainda que intuitivamente, tem um comportamento na rede. Mas Marc Tawil aponta que seguir boas práticas de educação, manter a consistência naquilo que se escreve, abordar assuntos interessantes, seja interagindo com outros usuários, seja compartilhado ou postando sobre o seu mercado, acaba por destacar determinado perfil. “É assim na vida, e na rede social não é diferente. Usuários com conteúdos interessantes acabam se projetando mais do que aqueles que não dizem a que vieram”, diz.
● Crie uma boa rede de contatos profissionais
Gostar de pessoas e construir pontes em vez de muros são as dicas de ouro de Tawil, fundador da Tawil Comunicação. “A partir do momento em que você gera valor e se torna elo entre pessoas e entre projetos para o bem, passa a ser lembrado como uma pessoa (e profissional) necessária e querida. É uma construção lenta, mas se pautada na qualidade, ética, responsabilidade e congruência, se manterá no tempo”, finaliza.
Passar mais tempo com a família, desenvolver novas habilidades, resgatar hobbies antigos, economizar. Estes são alguns dos fatores que fazem com que 54% dos brasileiros pensem em propor aos seus gestores o equilíbrio entre o trabalho remoto e presencial pós-pandemia. Os dados são resultado de pesquisa realizada pelo professor Fabian Salum, da Fundação Dom Cabral, com apoio da consultoria Grant Thornton.
Há semanas, milhares de profissionais tiveram de se adaptar a novas rotinas. O início certamente não foi fácil, mas agora, mais acostumados à integração da casa e do trabalho, parte dos trabalhadores começa a se questionar até que ponto realmente gostariam de voltar a trabalhar nas sedes das empresas.
“Aqui fico mais calma e as ideias fluem. Não sei se gostaria de trabalhar para sempre em home office, mas seria legal às vezes intercalar os dias da semana”, diz Carolina Biffi, de 21 anos, auxiliar de marketing em uma fábrica de calçados da capital paulista. Com a quarentena, ela voltou a morar com os pais em Vargem Grande Paulista e virou quase uma colega de trabalho do pai, Luiz Fernando, que é gerente de engenharia e também está trabalhando de casa.
A copa da família virou um escritório improvisado e os dois dividem o espaço todos os dias. “Em casa fiquei mais produtiva. Não sei se é por estar no meu cantinho, não ter o estresse do dia a dia, não ter de pegar metrô ou ter de lidar com a barulheira”, diz Carolina. Ela conta que até sua alimentação melhorou na nova rotina.
Assim como Carolina, 31% dos entrevistados na pesquisa da Fundação Dom Cabral disseram ter um bom equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal. Equilíbrio foi algo que Richard Vasconcelos, CEO da empresa de educação corporativa LEO Learning, precisou encontrar. Ele mora no Rio de Janeiro com a mulher, Sunny, e as duas filhas do casal. “Minha rotina antes disso tudo era uma loucura, eu viajava toda semana para São Paulo, dormia pelo menos duas ou três noites lá.”
“A palavra-chave de home office é rotina”, afirma Richard. Ele diz que não foi uma tarefa simples, mas foi necessário se adaptar a novas dinâmicas na família e no trabalho. As reuniões com clientes, que faziam parte do seu dia a dia, não diminuíram. Antes, ele costumava fazer uma média de três reuniões diariamente. “Agora faço 8, 9, sem viajar, sem ter o custo, sem ter deslocamento e consigo fazer mais coisas em casa. Não porque não existia a possibilidade antes, mas agora se tornou aceitável para o cliente fazer uma reunião comigo via call.”
Agora em formato de videochamada, feitas no escritório de casa, as reuniões passaram a ter a presença ocasional de Anne, sua filha mais velha, de 5 anos. “Ela toma meu fone de ouvido, fala com todo mundo, manda beijo, abraço, dá tchau. Estamos trabalhando de casa e crianças fazem parte da casa”, diz ele, que costuma compartilhar as “invasões” de Anne nas redes sociais.
76% das pessoas que estão trabalhando em casa sentem falta da interação com colegas de trabalho
A filha mais nova de Richard, Chloe, tem 11 meses. “Presenciei o momento em que ela deu os primeiros passos, algo que certamente teria perdido se não estivéssemos nesta situação.”
Segundo o professor Fabian Salum, que liderou a pesquisa sobre a adaptação dos trabalhadores ao home office no País, é possível observar várias realidades, uma vez que as condições de isolamento social impostas pela pandemia são atípicas. “Por um lado temos pessoas que dizem que trabalhar em casa seria muito bom se não houvesse o isolamento social, quando temos outras funções: fazer comida, conectar o filho à escola e limpar a casa, por exemplo. Por outro, temos os que dizem ter conseguido adaptar a casa ao trabalho e estão mais produtivos.”
Para Susanne Andrade, especialista em desenvolvimento humano, é preciso enxergar o lado positivo da nova rotina. “Está surgindo uma rede de colaboração no trabalho. Há colaboração em casa também. É uma oportunidade de se conectar mais com a gente, desacelerar. Sem contar a redução de custos de combustível, tempo de deslocamento, poluição.”
Ela acredita que profissionais e empresas vão precisar repensar as dinâmicas de trabalho pós-pandemia de acordo com a produtividade apresentada nesse período. “Para uns, de repente, será possível passar quatro dias trabalhando em casa e um no escritório. Para outros, pode ser uma ou duas vezes em casa.”
“Estamos vivenciando um processo de transformação cultural”, diz Ronaldo Loyola, sócio da área de capital humano da Grant Thornton. “A grande maioria das pessoas sente falta dessa conexão pessoal, do olho a olho. Por mais que tenha tecnologia, não tem o toque, não tem o abraço.”
Este é o caso de Renan Barreto, servidor do Tribunal de Justiça do Pará. “Apesar de estar gostando do home office, sinto muita falta do ambiente normal de trabalho. Das relações sociais que a gente trava diariamente. E no home office você não tem esse contato humano imediato.” Para ele, o ideal seria intercalar o trabalho remoto e o presencial e, assim, aproveitar as características das duas situações.
Para Renan, o home office simboliza economia de tempo e dinheiro. “O trânsito em Belém é caótico e levo em média 2 horas por dia para me deslocar de casa para o trabalho, e vice-versa. Gasto R$ 600 de gasolina no mês. Por causa da pandemia, esse gasto não passou de R$ 100 no mês passado.”
O servidor público montou um cronograma similar ao da sua rotina normal. “Se eu iniciava meu trabalho às 8 horas no fórum, marquei esse mesmo horário para começar a trabalhar em casa. Fixei uma rotina, porque sempre que deixa o horário livre, as coisas acabam não funcionando. Nada sem planejamento funciona bem.”
Usar a tecnologia nas fases iniciais do processo seletivo já não era novidade para boa parte das empresas. Com o isolamento social necessário para combater o coronavírus, no entanto, a decisão final também passou a ser feita online em várias delas. A mudança ainda causa alguma insegurança, segundo especialistas em recrutamento, mas traz pontos positivos e pode vir a ser mais utilizada no período pós-pandemia.
Na Global Empregos, por exemplo, as contratações presenciais foram realizadas até o início de março, tomando medidas preventivas – salas grandes para evitar que os candidatos ficassem muito próximos e álcool em gel disponível para todos. Com a quarentena, porém, todas as entrevistas começaram a ser feitas a distância, usando ferramentas de vídeo. Até dinâmicas em grupos vêm sendo realizadas por videochamadas. Plataformas como o Zoom permitem conectar várias pessoas e dividir participantes em grupos, quando há necessidade. Entrevistas individuais também têm sido feitas por Skype e Google Hangouts.
“Todos estamos passando por um momento bastante atípico. A entrevista online é bastante útil e permite que os processos seletivos continuem acontecendo”, diz Elizabeth Pinheiro, gerente de RH da Global Empregos. “A medida não coloca o entrevistado em risco e ajuda a reduzir custos de deslocamento para o empregador. Conseguimos que o processo seletivo seja muito mais rápido.” Os processos online seguem os padrões de uma entrevista presencial.
“O selecionador e o candidato devem se preparar para este momento, reservar um horário para a entrevista, com uma folga para que não seja necessário fazer uma entrevista corrida e deixar questões importantes sem respostas adequadas”, recomenda Elizabeth. A diferença fica em questões como assegurar que a conexão de internet esteja estável e buscar um ambiente calmo e silencioso, com o mínimo de interferência externa.
Gerente de Digital e Varejo da Michael Page, Mariana Bento destaca outro benefício do recrutamento online: a possibilidade de conhecer mais o perfil do candidato. “Como tudo é 100% a distância, dá para se aprofundar mais nas entrevistas. As competências e os valores exigidos dos candidatos são os mesmos”, afirma. Antes da pandemia, seus clientes geralmente faziam o processo com uma etapa de entrevista online e outra presencial. Hoje, somente online. Os contratos também estão sendo assinados pela internet, aliás. “Tive contratações nesse momento de pandemia 100% online, de uma maneira muito bem estruturada.”
A importância da tecnologia nos processos seletivos foi de fato reforçada, na opinião do diretor executivo da Foursales, Rodrigo Sahd. Ele conta que seus clientes já estavam acostumados a fazer processos online, mas as últimas etapas eram sempre presenciais. “A gente tem lidado com a insegurança das empresas ao adotar a modalidade. Por ser uma novidade, assusta um pouco”, diz Sahd. “Entretanto, essas ferramentas digitais conseguem substituir os processos offline, disponibilizando vários tipos de avaliações para os contratantes.”
De acordo Lorayne Mendes, head de Produtos Digitais da Foursales, essas entrevistas online são uma tendência global. “A gente vê a emancipação do digital muito maior em outros países, quando falamos de EUA e Europa”, afirma Lorayne. “No exterior, isso ocorre com uma frequência maior do que aqui no Brasil. Não há dúvidas que essa pandemia vai deixar isso como uma herança.”
Líder de Recrutamento e Aquisição de Talentos do Twitter para América Latina e Canadá, Orlando Laragnoit ressalta outra vantagem do recrutamento totalmente remoto: ajudar a quebrar certas barreiras psicológicas e certos preconceitos, preparando as empresas para eventualmente absorver uma força de trabalho mais diversa. “Cada processo seletivo é único e conta com diferentes etapas e técnicas. O mais importante é que os candidatos sintam-se seguros e confortáveis durante todas as interações do recrutamento e possam se expressar da forma que acharem melhor”, diz Laragnoit.
Pelas redes. Estudante de publicidade e propaganda, Thayná Nagai Santos, de 24 anos, viveu nessa pandemia duas experiências bem distintas. Perdeu o emprego e, depois, conseguiu um novo trabalho, sendo contratada em um processo totalmente online.
Tão logo foi demitida da empresa onde atuava como analista de marketing, Thayná fez um post no LinkedIn, relatando sua paixão pela área, mas dizendo que estava aberta a aprender em outras também. “Eu não ia me conformar, eu sempre me esforcei desde o início da minha carreira”, afirma. “Tenho um bom currículo e faço um bom trabalho. Então, eu sei que tenho condições. Sempre busquei me manter atualizada com os cursos e leio muitos conteúdos que podem acrescentar na minha carreira.”
Com sua qualificação e a repercussão do post, ela foi chamada para 15 entrevistas na mesma semana em que ficou desempregada. Seis dias depois do desligamento, ela já estava recolocada. Tudo através de um processo remoto. “Hoje eu sou líder e já faz mais de um mês que estou trabalhando na empresa em home office”, conta Thayná, que é líder de Mídias. “Só vou para o escritório em alguns dias da semana para fazermos reuniões.”
Uma oportunidade assim é o que espera Guilherme Augusto Simões, de 22. Ele perdeu o emprego como auditor em uma empresa de telemarketing no fim do ano passado. Guilherme vem participando de entrevistas online, uma experiência nova para ele, que se sempre se arruma e busca um ambiente calmo para as conversas.
“A maioria das entrevistas têm sido feitas a partir de testes online, psicológicos e de conhecimentos gerais, que são armazenados no banco de dados”, conta Guilherme, que também faz cursinho pré-vestibular. “Mas quando passamos algumas fases há sempre uma entrevista por videochamada com o gestor ou recrutador da vaga.”
Líder da área de Recrutamento e Aquisição de Talentos do Twitter para a América Latina e o Canadá, Orlando Laragnoit dá cinco dicas para os candidatos que vão participar de processos seletivos online. Confira os destaques e assista ao vídeo explicativo:
● Teste tudo com antecedência. Assim que você souber qual ferramenta será usada na entrevista, instale a plataforma e faça um teste com amigos ou parentes.
● Escolha o lugar da entrevista.
Boa conexão de internet, fundo neutro, nada de ruídos externos. Esse é o ambiente ideal.
● Se prepare, esteja pronto 30 minutos antes. Teste tudo novamente e veja se suas anotações de apoio estão por perto. Isso ajuda no seu estado mental na hora da entrevista.
● Tire as distrações. Feche aplicativos do computador que tenham notificações e deixe o celular no silencioso.
● Lembre-se das regras. Tenha os mesmos cuidados de uma entrevista presencial: roupa adequada, currículo impresso ou em arquivo de fácil acesso e estude a empresa antes da conversa, até para poder tirar dúvidas.
TIRE SUAS DÚVIDAS
Pega mal pedir feedback do chefe durante o período de quarentena? É possível melhorar as habilidades de liderança neste momento? Essa experiência de home office pode mudar o que as empresas valorizam na hora de contratar um funcionário? Confira a resposta sobre essas e outras perguntas que têm sido feitas com frequência atualmente.
PERGUNTAS & RESPOSTAS
Há habilidades que vão ser mais bem-vistas no mercado de trabalho pós-pandemia?
Na visão de Luiz Valente, CEO da holding de recrutamento Talenses Group, habilidades que serão bastante demandadas no pós-pandemia serão a adaptabilidade e a capacidade de se enquadrar a novas realidades de forma rápida. “O trabalho remoto, que tende a ser mais adotado após essa experiência da quarentena, também vai demandar que os profissionais trabalhem com autonomia e consigam se organizar sozinhos, fazendo suas próprias gestões do dia a dia”, diz Valente.” Para Bruna Tokunaga, psicóloga especialista em carreira e mercado de trabalho e autora do livro A Crise dos 30, vão conseguir se sobrepor às oportunidades no pós-pandemia profissionais que tenham a capacidade de surfar o caos e lidar em ambientes de incertezas. “A flexibilidade tende a ser muito importante. Além disso, como a tendência é que o home office aumente após a pandemia, será essencial saber lidar com essa flexibilidade com responsabilidade”, afirma Bruna. “A gente vem de um modelo rígido, desde a escola, com as chamadas, até o esquema de ponto no trabalho. Nem todo mundo lida bem com autonomia.”
Os recrutadores vão procurar mais candidatos que consigam lidar bem com a tecnologia?
Sim. Apesar de a importância da tecnologia na vida profissional não ser nova e exclusiva desse momento de pandemia, especialistas ouvidos pelo Estado afirmam que, com o aumento da implementação do home office, esse conhecimento será mais buscado. “Será importante que os profissionais tenham baixa resistência à adoção de novas tecnologias. Acredito que no curto prazo empresas darão capacitação para os funcionários evoluírem no trabalho a distância”, diz Nelson Fragoso, coordenador da Incubadora de Empresas Mackenzie. “Porém, em um segundo momento talvez elas optem por contratar quem já tenha essas habilidades.”
As empresas vão prestar mais atenção em profissionais que tenham inteligência emociona?
Mais do que a necessidade de busca por inteligência emocional, especialistas destacam que as empresas tendem a acompanhar mais de perto o lado emocional dos funcionários. “Dentro das organizações, existe espaço para quase todos os comportamentos e níveis de resiliência”, afirma Luiz Valente, CEO da holding de recrutamento Talenses Group. “As empresas devem estar focadas em extrair o melhor de cada profissional dentro do trabalho, conhecendo as características de cada um. O talento e a competência têm várias formas de se expressar.”
Há áreas que vão ganhar destaque no pós-pandemia?
Para os especialistas ouvidos pelo Estado, setores que estão sendo mais demandados neste momento de crise deverão ser os mais atrativos no pós-pandemia. Dentro disso, estão as áreas de tecnologia da informação, de assistência técnica, de comércio eletrônico e de educação a distância. Além disso, o setor médico-hospitalar e o de atendimento de saúde mental devem crescer nos próximos anos, segundo os especialistas.
Como me preparo para as novas oportunidades que possam surgir no mercado de trabalho?
Nelson Fragoso, coordenador da Incubadora de Empresas Mackenzie, orienta que quem está desempregado procure cursos de capacitação em assistência técnica e tecnologia. “Os profissionais que temos não estão conseguindo atender a demanda”, comenta. Para quem já está estabelecido na carreira, Fragoso ressalta a necessidade de ficar antenado nas transformações digitais.
Há cursos voltados para habilidades digitais que podem chamar a atenção dos recrutadores no pós-pandemia?
Existem cursos que abordam habilidades digitais, como os da Digital House, e até aulas em faculdades como Insper e FGV. Entretanto, na visão de Bruna Tokunaga, mais do que correr atrás de cursos nesse momento de quarentena, é importante desenvolver competências. “O que muda mais no pós-pandemia é a capacidade de adaptação e flexibilidade. Não acho que o recrutador vai buscar um curso específico como diferencial”, diz.
Existem sinais de que meu ciclo está chegando ao fim numa empresa?
Luiz Valente, CEO da holding de recrutamento Talenses Group, explica que esses sinais variam de acordo com cada profissional e cada empresa. “Existem profissionais que têm uma longevidade grande dentro de uma mesma organização, evoluindo a partir de novos desafios. Entretanto, há quem precise sempre de um novo ciclo de aprendizado, por opção própria”, diz Valente. “Mas é importante observar se você está aprendendo menos na empresa e se está sendo menos exposto a desafios: caso o profissional se sinta estagnado por mais de anos, talvez seja o momento de pensar em um redirecionamento na carreira.”
Preciso contratar um coach para me ajudar com o redirecionamento de carreira? Há como fazer essas análises sozinho?
Para Bruna Tokunaga, psicóloga especialista em carreira e mercado de trabalho, um apoio profissional é importante porque dá suporte emocional e ajuda a ter mais clareza no caminho. “Mas quem não tem oportunidade de contar com essa ajuda especializada pode aprender com pessoas que já passaram por essa jornada ou que são referências nessa nova carreira, para entender quais foram os aprendizados, obstáculos e erros durante o processo”, diz Bruna.
Como lidar com a demissão e conseguir superar esse momento na carreira?
Para Geovana Cordeiro, gestora da Rhumanlider, empresa que presta consultoria em recrutamentos, antes de tudo, é preciso trabalhar o seu emocional. “Não adianta ter o melhor currículo do mercado se a sua saúde mental não está bem”, diz. De acordo com ela, antes de dar o próximo passo é importante resolver todas as questões burocráticas que envolvem uma demissão. Por isso, avalie e organize como ficará sua situação financeira e só então inicie a sua recolocação profissional. Aproveite para atualizar com calma o seu currículo. Faça contatos com as pessoas com quem já trabalhou. “Por fim, fale do seu novo momento nos seus perfis profissionais. Quando escrever sobre a demissão, demonstre gratidão pela empresa antiga e explique de forma positiva que você está pronto para novos desafios”, aposta.
Fui demitido perto de me aposentar. E agora?
Esse é o momento de trabalhar sua confiança, afirma Geovana Cordeiro, que também trabalha voluntariamente com a reestruturação de currículos. Saiba quais as diferenças entre o seu perfil profissional e o de alguém que acabou de entrar no mercado, e trabalhe bem as suas qualidades nas vagas em que planeja se candidatar. “Mais do que nunca, é hora de manter seus contatos para descobrir vagas que ainda nem foram publicadas. Essa pode ser uma estratégia melhor do que disparar vários currículos, sem foco.”
11Como me preparar para uma entrevista de emprego?
Bruna Miranda, líder da área de sucesso de talentos da Intera, empresa especializada no recrutamento para startups, explica que o método STAR costuma ser bem eficaz. O nome é a junção das iniciais de quatro palavras: situação, tarefa, ação e resultado. “Antes de ir para entrevista, treine contar sua trajetória profissional criando uma narrativa que siga essa ordem: comece explicando o contexto das suas últimas experiências, fale sobre as responsabilidades que estavam sob sua demanda, descreva a metodologia que você utilizou para resolver o que era necessário e termine mostrando os resultados gerados para a empresa ou modelo de negócio”, explica. O método foi criado pela Amazon para avaliar candidatos de maneira mais objetiva e já virou uma referência para centenas de empresas na hora de contratar alguém.
Consegui uma entrevista. Como responder bem à pergunta sobre por que devo ser contratado?
Especialistas ouvidos pelo Estado afirmam que uma entrevista de emprego é sempre uma construção. Logo, não será uma única resposta que vai fazer você conquistar uma vaga. Ainda assim, para essa questão específica, Geovana Cordeiro, gestora da Rhumanlider, ressalta que é preciso ser humilde. “Deixe claro que você reconhece as habilidades e as histórias das pessoas que estão concorrendo com você. Mas reforce seus resultados positivos”, lembra. Para isso, destaque o que você conseguiu fazer nas últimas empresas. “Outra dica é mostrar seu lado pessoal também, com empatia e comunicação clara”, diz.
Qual o principal erro ao falar sobre minhas habilidade no currículo ou durante uma entrevista de emprego?
É comum que as pessoas falem de habilidades muito genéricas em seus perfis profissionais ou até mesmo durante uma processo seletivo. Palavras como proativo, analítico ou empático, por exemplo, podem soar bonitas no papel ou no seu discurso, mas para os recrutadores nem sempre essas palavras vão dizer muito sobre o candidato. “A melhor dica é dar exemplos. Ao invés de falar que você sabe lidar com pessoas ou que é uma pessoa analítica, por exemplo, descreva exemplos concretos e verdadeiros. Exemplificar é melhor do que adjetivar. Conte sobre um desafio profissional, o que você fez para melhorar a situação e qual foi o resultado disso para a empresa. Isso diz mais sobre o seu perfil”, sugere Bruna Miranda, da Intera.
Enviar currículos para empresas e vagas diversas é a melhor opção?
Nem sempre essa é a melhor estratégia. Antes de se candidatar a uma vaga, avalie se aquela oportunidade fará sentido para o seu perfil profissional, orienta Bruna Miranda, da Intera, recrutadora para startups. “Muitas empresas valorizam pessoas que têm uma conexão real ou que possuem uma motivação genuína para assumir a vaga. Por isso, sempre que possível, esteja alinhada com a cultura do lugar que pretende trabalhar. Não é deixar de buscar outras possibilidades e focar em apenas uma opção. Mas se conectar com aquela oportunidade verdadeiramente”, diz.
Mudei de emprego recentemente, mas não estou gostando. Procuro outra oportunidade ou pega mal sair tão cedo de uma empresa?
Muitos recrutadores reconhecem que existe um indicador nos processos seletivos que avalia trajetória instáveis para pessoas que mudam de emprego rapidamente. Por isso, Bruna Miranda, da Intera, aconselha que, antes de decidir deixar a empresa, o profissional investigue as verdadeiras razões para querer sair do emprego. “Identifique se a insatisfação ainda é parte do processo de adaptação ou se realmente não faz mais sentido. Entenda isso antes da quebra. Se a saída for inevitável, seja verdadeiro ao explicar isso nas entrevistas futuras. Reconheça que não fazia sentido para o seu perfil ou que a função não deixava você motivado. E não esqueça de ressaltar os aprendizados, ainda que a experiência tenha sido curta”, afirma.
16Como faço para meu trabalho ser notado agora que estou em home office?
Essa é a hora de interagir com as pessoas da empresa. “Conte o que está fazendo, ofereça ajuda, compartilhe o que aprendeu, participe de grupos e de reuniões. Esteja presente mesmo que isolado”, aconselha Cauê Oliveira, diretor de Educação Corporativa da Great Place to Work. Especialistas também apostam na utilização do novo recurso de stories do Linkedin como uma ferramenta importante para mostrar a rotina de trabalho.
Posso pedir feedback para o meu chefe agora? Ou é melhor fazer isso só quando voltarmos ao escritório?
“Agora ou depois da crise, não existe o melhor momento para um feedback. Essa deve ser uma prática corriqueira”, avalia Cauê Oliveira, que também já apresentou um TEDx Talks sobre como Como Criar a Melhor Empresa para Trabalhar, com mais de 280 mil visualizações no Youtube. Ele afirma que é preciso deixar de associar o feedback a situações negativas, mas que para isso é importante estabelecer uma relação de confiança com o seu líder. Para estimular a conversa, aproveite o momento de crise para perguntar se a sua adaptação está dentro das expectativas.
Como iniciar conversa com meu chefe sobre passar a fazer home office um ou mais dias por semana depois que a pandemia acabar?
É unânime entre os especialistas ouvidos pelo Estado que, após a pandemia, a prática do home office tende a ser avaliada com menos resistência pelas organizações. Por isso, a dica geral é debater sobre o assunto e entender como essa modalidade pode ser inserida na prática corporativa para, então, decidir fazer uma proposta mais clara ao líder.
Como melhorar minha capacidade de liderança neste momento?
Para Cauê Oliveira, da Great Place to Work, autonomia e confiança resumem tudo. “Liderar a distância requer um ambiente onde as pessoas tenham liberdade para executar seu autogerenciamento e que tenham um bom alinhamento, que saibam o que é para fazer e por que”, afirma. “Durante momentos de crise, um bom líder deve procurar a melhor maneira de manter a equipe alinhada, instaurando um ambiente confiável.”
Devo me abrir com meu chefe se um dia eu realmente não estiver me sentindo emocionalmente bem para trabalhar?
Avalie sua relação de confiança com o seu líder. “Se esse diálogo existe, ele certamente o ajudará com um caminho a seguir. Caso esse nível de confiança não exista, encontre sua rede de apoio no ambiente de trabalho”, sugere Cauê Oliveira.
TESTE SEUS CONHECIMENTOS
FONTES
Bruna Miranda (líder da área de sucesso de talentos da Intera), Bruna Tokunaga (psicóloga especialista em carreira e mercado de trabalho), Cauê Oliveira (diretor de Educação Corporativa da Great Place to Work), Geovana Cordeiro (gestora da Rhumanlider), Luiz Valente (CEO da holding de recrutamento Talenses Group), Marina Sell Brik (sócia do Instituto Trabalho Portátil) e Nelson Fragoso (coordenador da Incubadora de Empresas Mackenzie e psicólogo da Universidade Presbiteriana Mackenzie)
Fonte https://www.estadao.com.br/infograficos/saude,como-sera-seu-trabalho-depois-da-pandemia,1093397#reportagens
Giovanna Wolf e ilustrações de