Trata-se de uma situação inédita no país. A poupança, como se sabe, rende o correspondente a 70% da taxa Selic. Com os juros básicos baixando para 2,25% ao ano, a caderneta pagará 1,57% a cada 12 meses.
A expectativa, porém, é de que a Selic caia ainda mais em agosto, podendo ir a 2% ou mesmo a 1,75% ao ano, como forma de o Banco Central estimular a economia. Se isso acontecer, o ganho da poupança baixará para até 1,22% anuais, tomando uma sova da inflação.
Renda fixa
O rendimento de 3% ao ano do FGTS, com a queda da Selic, será maior do que o de quase todas as aplicações de renda fixa, como os fundos DI e os fundos de renda fixa, que acompanham a variação dos Certificados de Depósito Interfinanceiro (CDIs), semelhante à da taxa básica.
O FGTS tem ainda outra vantagem: todos os anos, o governo distribui parte dos lucros do fundo com seus cotista, o que acaba elevando muito o ganho final dos trabalhadores.
Em 2017, quando foi depositado o primeiro rateio do lucro do FGTS, o rendimento alcançou 7,14%. Em 2018, atingiu 5,59%. No ano passado, ficou em 6,18%, já superando a remuneração da poupança, de 4,6%.
Não se sabe ainda se, neste ano atípico, por causa da pandemia do novo coronavírus, o governo repartirá o lucro do FGTS com os trabalhadores. É possível que pelo menos 50% do lucro sejam divididos com os cotistas. A decisão deve sair até o fim de julho e os recursos, depositados nas contas dos trabalhadores no fim de agosto.
Na ponta do lápis
É importante ficar atento aos rendimentos do FGTS a partir de agora porque, pelo menos até o fim de 2021, os juros ficarão muito baixos. Assim, os trabalhadores devem pensar bem se valerá a pena sacar a parcela de R$ 1.045 que o governo promete liberar para todos os cotistas do fundo a partir de segunda-feira, 15 de junho.
Esses saques só serão recomendados para quem realmente está precisando do dinheiro. Os trabalhadores que não têm necessidade de embolsar a parcela de R$ 1.045 agora devem deixar os recursos no FGTS, aproveitando-se do bom rendimento neste momento.
Mais: quem estiver pensando em comprar a casa própria, é bom fazer todos os cálculos, pois valerá mais a pena sacar, primeiro, dinheiro de aplicações na caderneta e em papéis do Tesouro Nacional corrigidos pela taxa Selic, como as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), do que mexer no FGTS para dar entrada no imóvel.
Os saques do FGTS, no entanto, são vantajosos em qualquer circunstância para evitar que os trabalhadores assumam dívidas com a casa própria. Os juros cobrados nos financiamentos imobiliários são, no mínimo, o dobro do rendimento anual do fundo.
Crédito: Blog do Vicente/Correio Braziliense – disponível na internet 13/06/2020