O mês de agosto é o prazo que o atual ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, havia dado para cumprir a “missão” dada a ele por Bolsonaro quando assumiu o posto, em maio deste ano. A auxiliares, Pazuello afirmou que o trabalho seria de 90 dias e gostaria de voltar para o Exército e retomar sua carreira.
O prazo pode ser ampliado se Bolsonaro achar que a missão de Pazuello não terminou, mas o general sofre pressão de outros lados. Fontes ouvidas pela Reuters confirmam que há um desconforto dentro das Forças Armadas com a permanência dele no cargo e defendem que, em agosto, ele ou saia do ministério ou vá para a reserva.
Pazuello já disse a auxiliares e a parlamentares que não tem intenção de ir para a reserva neste momento.
De acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, desde a última crise sobre a permanência de Pazuello no cargo, há duas semanas, quando foi criticado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, e se cogitou sua saída imediata, não houve mais sinais do Palácio do Planalto nem de Pazuello sobre deixar o ministério.
“Tem alguma movimentação, especialmente vinda do Congresso. O ´deadline´ que o ministro deu está chegando próximo, então em especial o centrão tem se articulado”, disse uma das fontes.
No Congresso, parte do centrão —grupo de partidos com quem Bolsonaro buscou aproximação nos últimos meses para formar uma base aliada— já está de olho no posto. Apesar das dificuldades em decorrência da pandemia, o Ministério da Saúde tem um dos maiores orçamentos da Esplanada.
Essa não seria a primeira vez que o centrão ocuparia a pasta da Saúde. O bloco esteve à frente do ministério por todo o governo do ex-presidente Michel Temer, primeiro com Ricardo Barros e depois com Gilberto Occhi, ambos do PP.
Com Bolsonaro, o grupo já ocupa a Fundação Nacional da Saúde com Giovanne Gomes da Silva, ligado ao PSD.
Caso a saída de Pazuello se confirme, será a terceira troca no comando do Ministério da Saúde desde o início da pandemia.
Luiz Henrique Mandetta foi demitido em abril por divergências com Bolsonaro sobre o distanciamento social, enquanto seu substituto, Nelson Teich, ficou menos de um mês no cargo até pedir demissão por discordar do presidente sobre o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19.
Crédito: Lisandra Paraguassu/Reuters Brasil – disponível na internet 28/07/2020