Weintraub foi indicado para o cargo pelo governo brasileiro horas depois de deixar o MEC, em junho, após uma gestão turbulenta e uma saída repentina do país rumo aos EUA.
Segundo o comunicado, Weintraub “deve assumir seu cargo na primeira semana de agosto e cumprirá o atual mandato que termina em 31 de outubro de 2020, quando a posição será novamente aberta para eleição.”
O banco diz também que “Diretores Executivos não são funcionários do Banco Mundial. Eles são nomeados ou eleitos pelos representantes dos nossos acionistas.”
Weintraub foi eleito pelo grupo de países (constituency) formado por Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Haiti, Panamá, Filipinas, Suriname e Trinidad e Tobago. O Banco Mundial não informou se o ex-ministro foi confirmado no cargo por unanimidade.
“Para preservar a integridade do voto, os registros de voto não são tornados públicos”, disse a instituição.
A ida de Weintraub ao Banco Mundial não foi bem recebida pela associação de funcionários, que chegaram a pedir a suspensão da indicação em carta ao Comitê de Ética da instituição até a conclusão dos processos sobre falas de cunho racista feitas pelo ministro contra a China. O órgão disse que não tinha poder para suspender a indicação.
A associação de funcionários manteve a oposição à indicação de Weintraub, afirmando que o código de conduta interno prevê recomendações sobre problemas de conduta mesmo em situações prévias ao futuro emprego.
No Brasil, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) tentou barrar a indicação de Weintraub na Justiça, sem sucesso.
Atritos e supostas ameaças
Weintraub anunciou em 18 de junho que sairia do MEC. Na ocasião, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), atribuiu sua saída à indicação para o cargo no Banco Mundial. Segundo Weintraub, com a indicação, ele e sua família poderiam ter “segurança”.
Em conversas reservadas com aliados e interlocutores, Weintraub reconhecia o temor de ser preso por causa das ofensas aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e até de sofrer agressões e ataques físicos, apurou dias antes o analista da CNN Igor Gadelha.
Na reunião ministerial do dia 22 de abril, cujo vídeo foi divulgado após ordem do STF, Weintraub sugeriu a prisão dos integrantes da Corte e os chamou de “vagabundos”.
Um dia antes de Weintraub anunciar a saída do MEC, o STF também já tinha maioria a favor de sua manutenção no chamado inquérito das fake news, que apura ofensas, ameaças e notícias falsas contra a Corte e seus integrantes.
No dia 19 de junho, Weintraub disse a Gadelha que precisava deixar o Brasil logo por causa de ameaças de morte que estaria sofrendo.
“A prioridade total é que eu saia do Brasil o quanto antes”, afirmou Weintraub na ocasião. “Agora é evitar que me prendam, cadeião e me matem.”
Weintraub chegou aos EUA no dia 20 de junho, dois dias depois de anunciar que estava deixando o MEC. Sua exoneração foi publicada no Diário Oficial da União no mesmo dia em que o ex-ministro chegou ao território americano. Ele teria entrado no país usando passaporte diplomático.
No dia 23 de junho, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) retificou a exoneração, dizendo que ela teve efeito já no dia 19.
À CNN, no mesmo dia 23, Weintraub negou qualquer ilegalidade em sua entrada nos EUA.
“Não houve crime algum. Pode apostar. Nunca fiz bobagem. Não vou começar agora já velho”, afirmou o ex-titular do MEC ao analista Igor Gadelha.
Crédito: Henrique Andrade e Bernardo Barbosa, da CNN Brasil – disponível na internet 31/07/2020