Na Polícia Federal desde 2006, Marcantonio atuava como assessor especial do ministro da Justiça e é considerado um homem de confiança. O Estadão apurou que Mendonça escolheu um PF para o posto com o intuito de eliminar o clima de desconfiança após a divulgação do dossiê. Nos bastidores, a determinação do ministro para estancar a crise é dar transparência e garantir que o caso seja apurado de forma imparcial. A mudança na direção da Seopi teve o apoio do presidente Jair Bolsonaro.
O trabalho da secretaria virou alvo do Ministério Público e de questionamentos na Câmara e no Supremo Tribunal Federal após o portal UOL revelar que o órgão produziu um dossiê com informações de 579 professores e policiais identificados pelo governo como integrantes do “movimento antifascismo”. Nesta terça-feira, 4, a ministra Cármen Lúcia deu 48 horas para o Ministério da Justiça enviar explicações sobre o caso.
Mendonça determinou na segunda-feira a instauração de uma sindicância interna para apurar o trabalho da secretaria. E a primeira providência foi o afastamento do coronel Gilson Libório da Diretoria de Inteligência. “Como medida considerada adequada à realização dos trabalhos da comissão (de sindicância), o ministro decidiu pela substituição da chefia da Diretoria de Inteligência da Seopi”, disse.
Coronel reformado do Exército, Libório assumiu a vaga em substituição a Fábio Galvão da Silva Rêgo, delegado da PF, que havia sido nomeado na gestão do então ministro da Justiça Sérgio Moro.
Em entrevista ao canal GloboNews no domingo, Mendonça afirmou que não pode nem confirmar e nem negar a existência de relatórios de inteligência por determinação legal. Na ocasião, ele disse que aguardaria o resultado da apuração interna para se posicionar sobre o assunto. “Se for verificado que há qualquer atuação persecutória, ilegítima, essa pessoa não tem condições de continuar trabalhando comigo”, afirmou.
Crédito: Jussara Soares/O Estado de São Paulo- disponível na internet 05/08/2020