76,3 milhões de brasileiros dependem do Tesouro Nacional para viver

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Os grandes números da economia e do Orçamento federal divulgados pelo governo explicitaram verdades embaraçosas. A síntese de nosso drama: 79% da força de trabalho total, ou 76,3 milhões de brasileiros, dependem do Tesouro Nacional para viver.

A queda de 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano desnudou aos governantes e à minoria de afortunados a enorme miséria da maioria da população. E a proposta da Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2021, submetida pelo governo ao Congresso, mostrou a anemia do gigante maltratado.

Num caso, o massacre social foi evitado pelo pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 por cinco meses, estendido em parcelas de R$ 300 de setembro até o fim do ano. Mais de 67 milhões estão na folha excepcional. Ela, literalmente, salvou a economia de uma depressão.

No outro caso, o Orçamento federal, deficitário desde 2014, se liquefez com os gastos extras da pandemia e não deverá voltar a ter superavit até 2026 — ou mais. E só falamos da parte que abate o ônus da dívida pública. Com ela incluída, superavit vira coisa do além.

O Brasil adocicado só existe no sorriso de miss do presidente

A verdade é que o Brasil adocicado da propaganda oficial só existe nos sorrisos de miss do presidente da vez e de seus apaniguados. As mazelas são fortes demais para exibição em horário livre.

No Brasil de ficção dos bem de vida, escândalos são os casos que a Lava-Jato denunciou. No Brasil real da maioria, escandalosa é a sua situação de párias — “invisíveis”, como os rotulou o ministro da Economia, Paulo Guedes, embora sejam visíveis desde sempre nas pesquisas do IBGE.

Décadas de política econômica concebida sem elo entre a capacidade produtiva, o tamanho e as necessidades da população e a estrutura disfuncional do Estado brasileiro, com órgãos públicos redundantes nos três níveis da federação, geraram um país com poucos empregos e muitas urgências. Foi o que estarreceu o governo ao ver a multidão que apareceu para receber o auxílio emergencial.

Mas já era assim. Antes das medidas acionadas para mitigar o avanço da pandemia, em especial o isolamento social que levou à parada abrupta das fontes de renda de mais de 40 milhões de trabalhadores informais, o grosso da população já contava com algum programa oficial para completar o sustento da família. Nunca houve emprego suficiente para a maioria.

Crédito: Antonio Machado/Blog do Vicente/Correio Braziliense – disponíel na internet 08/09/2020

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