O almoço foi organizado por Ricardo Barros e contou com líderes do Centrão, que agora compõem a base de governo, como Arthur Lira (PP-AL), Diego Andrade (PSD-MG) e Baleia Rossi (MDB-SP). E teve como itens do cardápio o andamento das reformas tributária e administrativa, as negociações sobre o programa social que o governo e o Congresso tentam criar para 2021 e a desoneração da folha.
Como tem feito desde que a equipe econômica foi ameaçada por um cartão vermelho do presidente Jair Bolsonaro, Guedes saiu do almoço pela garagem, sem falar com a imprensa. Porém, os líderes partidários disseram que o encontro foi produtivo.
Segundo os parlamentares, o almoço foi positivo para aproximar o ministro dos líderes e, também, para deixar claras as prioridades da Economia e da Política, que, como Guedes gosta de dizer, é quem dita o ritmo das reformas. “Diálogos são positivos para ficar claro para o ministério a questão da política, a importância de conciliar com a questão eleitoral. E, para a gente, ficou muito clara a urgência de aprovar essas matérias”, falou o líder do PSD na Câmara, Diego Andrade.
Na ocasião, os deputados lembraram que aprovar as reformas ainda neste ano, com as eleições municipais se aproximando, é um desafio. Mas Guedes ressaltou a importância de destravar essas pautas. Segundo o ministro, as reformas vão ajudar a controlar os gastos públicos e a melhorar o ambiente de negócios brasileiro, o que pode ajudar a liberar recursos do Orçamento e atrair investimentos privados para o Brasil.
Proximidade
Os líderes entenderam o recado. Por isso, conversaram sobre “o que é possível fazer para tentar sair com alguma unidade”. E uma das propostas que vieram à tona foi a criação de uma comissão especial para a reforma administrativa. Por enquanto, contudo, nada ficou acertado, segundo os líderes.
“O objetivo da reunião era a aproximação, o diálogo constante. Não teve nenhuma decisão extraordinária, mas um diálogo positivo. Temos que continuar dessa forma, poder sentar, conversar, falar das dificuldades”, explicou Andrade. “É uma aproximação do ministro com os líderes, que não têm muita convivência, para que possamos discutir alguns temas e criar mais proximidade, para que destensione alguns movimentos”, afirmou o líder do PP na Câmara, Arthur Lira.
O encontro foi visto, portanto, como uma tentativa de apaziguar os ânimos entre o Ministério da Economia e o Congresso. Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, é sabido que Guedes não tem muito trato político. Porém, recentemente, o impasse se acentuou, depois que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), revelou que o ministro tinha proibido seu secretariado de almoçar com a presidência da Câmara para tratar da reforma administrativa. “Espero que isso seja superado logo. A intenção dos dois é a melhor possível. O presidente da Câmara quer que as coisas andem e o ministro precisa também das reformas aprovadas”, comentou Andrade.
Anfitrião do almoço, Ricardo Barros já havia dito que, agora, a intenção é essa: criar convergências entre o governo e o Congresso antes de oficializar quaisquer propostas. E os líderes concordam que a estratégia é positiva, tanto para evitar desgastes, quanto para garantir que as pautas importantes para o país tramitem com mais celeridade.
Crédito: Marina Barbosa/ Correio Braziliense – disponível na internet 23/09/2020