Quais são as carreiras do futuro?

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Pandemia deixa em evidência profissionais com a rotina de trabalho relacionada a saúde, bem-estar, finanças e revolução digital

“No que você pretende trabalhar no futuro?” A questão que sempre intrigou grande parte dos estudantes do ensino médio prestes a escolher um curso superior fica cada vez mais complexa. Não é fácil decidir que carreira seguir quando não se sabe nem quais são as profissões que sobreviverão ao avanço tecnológico e, por outro lado, quais são as novas ocupações que vão aparecer nos próximos anos.

Nesse cenário, alguns estudos se debruçam no momento atual para dar pistas sobre o horizonte a seguir. Na nova edição de seu relatório Jobs of the Future, a consultoria Cognizant traz uma análise desenvolvida com a participação de analistas, executivos e especialistas dos mais variados segmentos.   

A pesquisa mostra que os efeitos da pandemia na sociedade deram mais evidência a determinadas carreiras, principalmente as essenciais, como a Medicina. Ao mesmo tempo, questões econômicas e o avanço da transformação digital aumentaram a demanda por determinados profissionais como cientistas da computação e engenheiros de cibersegurança. A seguir, a lista de carreiras que, com base no crescimento apresentado na pandemia, são vistas como tendências pela Cognizant.

Médicos

A necessidade de profissionais da Saúde para lidar com a pandemia e suas consequências faz com que a demanda por médicos tenda a crescer. Segundo a pesquisa Demografia Médica, o Brasil possui 2,5 médicos por 1 mil habitantes, um número ligeiramente inferior a países como os Estados Unidos (2,6) e o Reino Unido (2,9), mas superior ao registrado na Coreia do Sul (2,3) e no Japão (2,4).

O problema é a distribuição desigual. Enquanto algumas áreas estão muito bem atendidas, especialmente as capitais, outras carecem da presença de médicos. Faltam profissionais nos pequenos municípios, nas periferias das grandes cidades e em vários serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).

Cuidadores

Em 2030, o número de idosos no Brasil vai ultrapassar o total de crianças entre zero e 14 anos. A previsão do Ministério da Saúde deixa claro que a demanda por serviços para uma população envelhecida irá aumentar e, com isso, os cuidadores serão muito requisitados. Além de atender a necessidades como mobilidade, higiene e segurança, o cuidador também tem de estar apto a lidar com patologias típicas do envelhecimento como Alzheimer e a administração de doses de medicamentos. 

Cientistas da computação

Diversas profissões, serviços e ações do cotidiano tornaram-se digitais com a pandemia e provavelmente muitos outros precisarão se reinventar. O cientista da computação é figura central no planejamento, aplicação e gestão dessas tecnologias. Ele pode tanto desenvolver ferramentas básicas para acelerar uma ação doméstica, como o controle dos eletrodomésticos, até atuar no desenvolvimento de intrincadas estruturas que fazem grandes empresas atenderem seus clientes de uma forma totalmente remota. 

Terapeuta familiar

Com as necessárias medidas de isolamento social, os problemas de relacionamento que existiam por anos a fio como uma espécie de fagulha se tornam incêndios. Seja do mero bloqueio em redes sociais até o rompimento completo, as relações dentro de casa nunca estiveram tão tumultuadas. É nesse ponto que entra o trabalho do terapeuta familiar.

O objetivo da sua atuação é restabelecer o diálogo e promover a harmonia e o respeito entre os integrantes de uma família. Nesse novo normal, que ainda deve estender por bastante tempo a convivência prolongada de todos sob o mesmo teto, a procura pelo atendimento dos terapeutas familiares tende a ser intensa. 

Bioestatísticos

Em síntese, a união da área de Exatas com a da Saúde. A bioestatística utiliza metodologias estatísticas para coletar, planejar e avaliar dados obtidos em pesquisas médicas e biológicas para o desenvolvimento de novos tratamentos e o avanço da medicina baseada em evidências. Com o avanço das tecnologias que registram os mais variados dados de um paciente, a bioestatística pode, por exemplo, ajudar a desenvolver remédios extremamente personalizados, com efeitos colaterais praticamente nulos.

Há cursos de graduação em Estatística que contam com módulos específicos sobre bioestatística. Já na pós-graduação há uma ampla oferta de cursos focados em bioestatística e suas aplicações em áreas como epidemiologia, saúde ocupacional e farmacologia.

Arquiteto de Business Intelligence

Este profissional proporciona dados estruturados e organizados em relatórios que auxiliam a tomada de decisão. A partir de dados brutos, o arquiteto em Business Intelligence compila informações valiosas para executivos e administradores poderem agir da forma mais racional e eficiente possível, evitando desperdícios de recursos e investimentos.

Para quem deseja se aprofundar na área, cursos de graduação em Big Data e Business Intelligence, bem como especializações nesses temas, são as opções recomendadas, bem como cursos de aprimoramento em programação e administração de bancos de dados.

Especialista em biossegurança

De 2020 em diante, a garantia de segurança de um espaço não dependerá apenas da integridade da edificação, boa sinalização e acessibilidade. Ele também precisará ser biosseguro, ou seja, preparado contra contaminações e infecções. Não apenas ambientes hospitalares, mas quaisquer lugares públicos necessitarão de protocolos sanitários que demandam o trabalho de um especialista em biossegurança.

Quem quer atuar na área pode fazer cursos de pós-graduação no tema. Normalmente, a formação inicial se dá em áreas como Biomedicina, Química, Medicina e Enfermagem. Com a pandemia, no entanto, egressos de áreas como gestão de qualidade, gestão ambiental e até mesmo gestores de negócios e empresas que precisam lidar com a segurança de funcionários e clientes têm buscado essa atuação.

Consultor financeiro pessoal

Os novos formatos de contratos de trabalho fazem aumentar o número de profissionais autônomos, responsáveis por administrar todos os aspectos de sua vida profissional. Alguns até conseguem, mas a maioria precisa de ajuda para coordenar as finanças. É aí que entra o trabalho do consultor financeiro pessoal. Ele ajuda a botar as contas em ordem, analisa as despesas e ensina a otimizar as receitas. Também orienta sobre maneiras de se fazer o bolso ficar mais cheio com estratégias de investimentos. Graduação em gestão financeira, economia e ciências contábeis são opções para quem deseja atuar na área.

Entrevista: Renovados, testes apontam aptidões

Tem gente que parece que nasceu sabendo o que quer ser quando crescer. Mas a maioria das pessoas precisa de ajuda no momento dessa decisão importante. Os testes vocacionais ou comportamentais são as ferramentas mais conhecidas nesse processo. Hoje estão muito mais tecnológicos, mas o intuito continua o mesmo. “Os testes são essenciais para conhecer habilidades. Eles me ajudam a me conhecer, a saber o que posso melhorar, ajudam a dar um direcionamento”, afirma Tatiana Pedrozo, analista de Recrutamento e Seleção do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). Na entrevista a seguir, ela explica mais sobre os testes comportamentais. 

É possível identificar nos testes habilidades específicas de Humanas, Exatas e Biológicas? 

No geral, sim. O teste que aplicamos no CIEE é baseado nos fundamentos de Carl Jung. Um conjunto de perguntas se respalda na teoria dos tipos de personalidade. Os candidatos respondem de forma leve e interativa a 44 perguntas divididas em duas missões. Como resultado, o sistema cria uma das 16 personalidades mapeadas pelo aplicativo com todas as características. O teste tem foco em auxiliar o indivíduo na descoberta da profissão ideal, a traçar planos para o futuro e a se conhecer.

Os testes têm evoluído?

Hoje, temos uma grande variedade de testes comportamentais que já dizem se tenho aptidão para a área, conectam as informações com algoritmos e ajudam a direcionar para áreas específicas. Temos um teste comportamental no CIEE, realizado por meio de um aplicativo, que consegue fazer o mapeamento de competências e habilidades que a pessoa tem desenvolvidas.

Mesmo tendo feito um teste bem-sucedido e escolhido um curso superior, pode ocorrer um arrependimento. Como lidar?

A frustração faz parte da vida adulta e profissional. Deve-se parar, refletir quais são as matérias de que não gosta, com o que quer trabalhar. Pensar e voltar para um novo curso. Não existe uma receita de bolo e reconhecer que errou é um processo de crescimento.

O que deve ser considerado além do teste vocacional?

Se estou escolhendo uma carreira, tenho de procurar as faculdades, ir a uma aula, participar de feira com profissionais de várias áreas e empresas. A própria escola pode ajudar nesse processo. O aluno precisa usar as informações que tem à volta e procurar sempre conhecer suas fontes.

Crédito: Ocimara Balmant e Alex Gomes, Especiais para o Estado – disponível na internet 07/10/2020

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