Desafio brasileiro ainda é ligar preservação do meio ambiente à rotina

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Brasileiros não notam problemas como poluição do ar e de rios, mas estão conscientes sobre preservar a Amazônia, mostra estudo

O brasileiro tem consciência da necessidade de preservar as florestas. Por outro lado, ainda sente dificuldade de perceber problemas ligados ao meio ambiente em seu cotidiano, como a poluição do ar, dos rios e dos córregos, além da falta de saneamento. A conclusão é de pesquisa que acaba de ser realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

Em números, 99% dos brasileiros acreditam que a Floresta Amazônica tem grande valor para o País e 94% dizem que sua preservação é fundamental para a saúde do meio ambiente no mundo. Somente 50% dos entrevistados, no entanto, se veem afetados diretamente pelos problemas ambientais.

“O que repercute mais como notícia: a queimada na Amazônia ou a falta de esgoto tratado nas cidades brasileiras? Fazer esse debate é fundamental para a gente levar informação de qualidade, para trazer reflexão do que está acontecendo, trazer uma agenda positiva do que afeta as pessoas de fato no dia a dia”, afirmou Marcelo Thomé, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero). 

O estudo, encomendado ao Instituto FSB de Pesquisa, ouviu 2 mil pessoas entre os dias 16 e 27 de outubro. Entre os que se sentem atingidos, os principais problemas apontados foram: mudanças climáticas/aquecimento global (20%), queimadas (20%), poluição das águas (18%), lixo (14%) e desmatamento (11%).

Os resultados foram apresentados de três maneiras: uma porcentagem com o total de brasileiros, outra separando somente quem vive na região denominada Amazônia Legal (região Norte, Mato Grosso e parte do Maranhão) e outra com a exceção desses Estados. Os resultado são semelhantes.

Entre as diferenças, 54% da população que vive na Amazônia Legal vê as queimadas e os incêndios florestais como as principais ameaças ao meio ambiente. Esse porcentual cai para 47% entre as pessoas que vivem em outros Estados.

“É importante considerar a opinião de quem vive dentro da Amazônia. Porque, até então, o comum é receber a solução e a crítica vindas de fora”, diz Thomé. “Ouvir quem vive ali e construir a solução em conjunto dará legitimidade a um modelo de desenvolvimento sustentável que dialogue com o bioma amazônico e coloque os 23 milhões de amazônidas como ponto central desse processo.”

Thomé, que há mais de 20 anos vive em Rondônia, destacou também o dado de que 95% dos brasileiros acreditam que é possível proteger e desenvolver a Amazônia ao mesmo tempo. “Para que a gente possa monetizar o valor da floresta em pé, a gente precisa pesquisar”, explica o presidente da Fiero. “Por meio de processos inovadores, a gente vai poder identificar o potencial econômica de cada um dos segmentos, desses ditos potenciais da bioeconomia e da biotecnologia, para poder identificar áreas industriais que mereçam investimentos e criar uma nova indústria que dialogue com a Amazônia.”

O estudo ainda mostrou que oito em cada dez brasileiros acreditam que o País é capaz de explorar a floresta de modo inteligente, preservando recursos naturais. E 93% afirmam que preservar a Amazônia é fundamental para a economia brasileira.

A pesquisa faz parte dos preparativos para o Fórum Mundial Amazônia+21, que começa amanhã e vai até a sexta-feira. O evento – online e gratuito – vai reunir especialistas, empresários e gestores públicos para debater o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Para lembrar – Queimadas batem recorde

Faltando pouco para o ano terminar, dois dos biomas mais importantes do Brasil já registram recordes de queimadas. No Pantanal, este já é o pior ano desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a registrar os focos de fogo, em 1998. Já na Amazônia as ocorrências até outubro superam o total de 2019. 

O Pantanal teve 2.856 focos de incêndio em outubro, o maior número já registrado para o mês. Também é recorde o total de queimadas no ano: 21.115 ocorrências. Uma área de 4,2 milhões de hectares (28% do bioma) foi queimada no Pantanal. Na Amazônia, foram 17.326 focos em outubro, queda em relação ao mês anterior (32.017). De janeiro a outubro, foram 93.356 focos, superando o total de 2019, de 89.176. 

Crédito: João Prata, O Estado de S.Paulo – disponível na internet 03/11/2020

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