Vitória de Biden é “cada vez mais irreversível”.

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Mourão reafirma vitória de Biden e diz que militar da reserva pode opinar

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) reforçou, nesta sexta-feira (13), a fala do comandante do Exército, Edson Leal Pujol, sobre não admitir política nos quartéis. De acordo com ele, este assunto acaba levando para uma discussão “que termina por causar divisões.”

“Se entra política pela porta da frente [do quartel], a disciplina e hierarquia saem pela porta dos fundos. Portanto, o comandante do Exército coloca claramente o que é a nossa posição. Não se envolver na política está nos próprios regulamentos. Eles dizem que ao militar é vedado participar de eventos políticos partidários”, afirmou o vice.

“A política tem paixões, então você acaba tendo no quartel pessoas que são do partido A e outras, do C. Isto acaba levando para uma discussão que termina por causar divisões. […] Nós que somos da reserva, é uma outra situação. Militares da ativa não podem participar [disso] da política. A nossa legislação foi mudada no período de 1964, porque o camarada era eleito e depois voltava para dentro do quartel. Portanto, isso não era salutar”, prosseguiu.

Mourão reafirmou ainda que, como indivíduo, reconhece a vitória do democrata Joe Biden. E que, a situação será diferente caso “Donald Trump tenha uma carta na manga”.

“Não é questão de reconhecer, hoje quando terminou a apuração do Arizona, acho que agora ficou complicado. A não ser que o presidente Trump tenha uma carta na manga que a gente desconhece. [Mas], o Antônio Hamilton reconhece [a vitória de Biden].

Crédito: André Rigue/CNN Brasil – @internet 14/11/2020


Vitória de Biden é “cada vez mais irreversível”, diz Mourão

Vice-presidente destoa de Bolsonaro e reconhece democrata como novo presidente dos EUA. “Como indivíduo, eu reconheço.” Ele ainda diz acreditar que governo deve quebrar silêncio sobre a vitória “brevemente”.

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira (13/11) que entende que a vitória do democrata Joe Biden nas eleições dos Estados Unidos e a consequente derrota de Donald Trump “está cada vez mais sendo irreversível”.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, Mourão apontou, no entanto, que essa é sua posição individual e que não estava falando pelo governo. Por outro lado, ele afirmou acreditar que “brevemente” o governo Jair Bolsonaro vai reconhecer Biden como presidente eleito.

“Como indivíduo, eu reconheço, mas temos que olhar que eu não respondo pelo governo. Como indivíduo, eu julgo que a vitória do Joe Biden está cada vez mais sendo irreversível”, disse Mourão. “Brevemente acho que vai acontecer isso [o reconhecimento pelo governo]. E acho que não há uma tensão entre as duas nações, é mais um fogo de palha”, completou.

O democrata Joe Biden venceu as eleições nos EUA no último sábado, após cruzar a marca de 270 votos no Colégio Eleitoral, segundo várias projeções. No entanto, o governo Bolsonaro vem se mantendo em silêncio sobre o resultado, em contraste com dezenas de outros países, incluindo aliados dos EUA, que já parabenizaram Biden e sua vice, Kamala Harris.

Apenas um punhado de nações como Brasil, Rússia e Coreia do Norte ainda permanecem em silêncio. Nesta semana, a China e a Turquia, que vinham evitando tomar posição, acabaram por reconhecer Biden como presidente eleito.

Bolsonaro, por enquanto, segue em silêncio, mas também vem dando sinais de que ficou desapontado com o desfecho da eleição americana. Na quinta-feira, seis dias após o anúncio do resultado, ele disse: “Mas já acabou, já acabaram as eleições?”, sinalizando que espera que recontagens ou processos judiciais ainda possam reverter o resultado e dar continuidade ao governo Trump, que não reconhece a derrota e vem tumultuando o processo de transição.

Na terça-feira, Bolsonaro também demonstrou sua contrariedade com um governo Biden ao insinuar que pode ter que recorrer a uma demonstração de força militar para driblar eventuais sanções econômicas impostas pelo futuro presidente democrata em resposta ao desmatamento desenfreado da Amazônia.

Redes ligadas à família Bolsonaro na internet também vêm espalhando que a eleição americana não acabou e que o vencedor só é oficializado em dezembro. Várias contas também vêm propagando as acusações sem provas do republicano de que o pleito foi marcado por fraudes.

Em novembro de 2016, quando ainda era deputado, Bolsonaro parabenizou Trump pelo Twitter poucas horas depois do anúncio da primeira projeção que apontou a vitória do republicano, sem esperar pela oficialização do resultado em dezembro. 

Durante a campanha eleitoral de 2020, Bolsonaro chegou a afirmar publicamente que torcia pela reeleição de Trump e, na semana passada, quando a contagem já sinalizava que Trump seria derrotado, o brasileiro disse que a “esperança é a última que morre”. Apelidado de “Trump dos trópicos” por seu estilo radical e afinidade com o homólogo americano, Bolsonaro promoveu durante seu governo um alinhamento incondicional com os EUA.

Mas a simpatia de Bolsonaro não se limitou a falas. Seu governo chegou a dar ajuda indireta para a campanha de Trump, como na visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, ao estado de Roraima, próximo da fronteira da Venezuela, em setembro. A viagem foi encarada como um gesto para a comunidade latina antichavista do estado da Flórida. A visita de Pompeo a Roraima foi alvo de críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que apontou que a vinda do americano não era apropriada a menos de 46 dias da eleição nos EUA.

Bolsonaro não é o único membro do governo que é fã de Trump. Seu ministro das Relações Exteriores, o ultraconservador Ernesto Araújo, já chegou a comparar Trump com uma espécie de cavaleiro medieval que salvaria o Ocidente.

Os filhos do presidente, que têm forte influência sobre o governo do pai, também são admiradores do republicano. Em 2018, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) chegou a aparecer publicamente com um boné “Trump 2020” durante uma visita a Washington, depois que seu pai já havia sido eleito.

Crédito: Deutsche Welle Brasil – @internet 14/11/2020

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