Rio, Cuiabá e Salvador interrompem vacinação contra Covid-19; outras quatro capitais devem parar na próxima semana

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Um mês após o início da campanha de imunização contra a Covid-19 no Brasil, cidades deixam de aplicar primeira dose por falta de remessa do Ministério da Saúde

Um mês após o início da campanha de imunização contra a Covid-19 no Brasil, três capitais interromperam a aplicação da primeira dose da vacina por falta do produto. Além do Rio, que havia divulgado a decisão anteontem, Salvador e Cuiabá anunciaram ontem que dependem de novas remessas do Ministério da Saúde para dar prosseguimento à primeira fase da vacinação. Outras quatro devem parar até a próxima semana, segundo levantamento do GLOBO, sem que o governo federal apresente uma previsão para novas entregas às unidades da federação.

Como o Rio, as capitais de Bahia e Mato Grosso dizem assegurar a aplicação da dose de reforço para aqueles que receberam a primeira aplicação. Segundo dados da Secretaria estadual de Saúde baiana, 82 municípios do estado já utilizaram todo o estoque de vacinas disponibilizado pelo governo federal. No MT, a cidade de Rondonópolis também interrompeu ontem a vacinação. Segundo o G1, Sinop e Cáceres devem parar de aplicar a primeira dose ainda hoje.

Em nota divulgada ontem, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) atribuiu a escassez à forma como o governo federal coordena o combate à pandemia, com uma “sucessão de equívocos”. “É urgente que o país tenha um cronograma com prazos e metas estipulados para a vacinação de cada grupo”, cobrou a FNP. A Confederação Nacional de Municípios (CNP) foi mais longe: pediu a demissão do ministro Eduardo Pazuello.

Questionado pelo G1 sobre as declarações das entidades, o ministério disse que tem trabalhado “diuturnamente para dar a melhor resposta à sociedade”.

Outras três capitais devem pausar suas campanhas até o fim desta semana: Belo Horizonte, Curitiba e Florianópolis. Já Porto Alegre só tem doses até a próxima semana. O impasse ocorre em meio a um momento crítico da contaminação no Brasil: a média móvel de mortes diárias está acima de mil desde 21 de janeiro.

A secretaria de Saúde de Belém fez alerta semelhante:

“Nos próximos dias, serão utilizados os últimos lotes de vacina no público alvo de 84 anos, nos idosos acamados e nos profissionais de saúde”, informou a pasta. “Sem previsão de novas entregas, não é possível elaborar um cronograma fixo de vacinação, por conta da ausência absoluta de programação do Ministério da Saúde.”

Idosos na fila de imunização em posto no Centro de São Gonçalo, na manhã de terça: segundo a prefeitura, doses só estão garantidas até a próxima sexta-feira Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Idosos na fila de imunização em posto no Centro de São Gonçalo, na manhã de terça: segundo a prefeitura, doses só estão garantidas até a próxima sexta-feira Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

 

Trânsito no drive-thru

No município do Rio, houve fila de vacinação no drive-thru instalado no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, na véspera da interrupção da vacinação. E outras cidades importantes da Região Metropolitana chegam perto de esgotar seus estoques de vacinas, enquanto aguardam novos envios.

Em Niterói, a Secretaria municipal de Saúde garantiu que há estoque para realizar a vacinação de idosos a partir de 87 anos apenas hoje.

Em Duque de Caxias, município mais populoso da Baixada Fluminense, a previsão é que as pouco mais de 900 vacinas que restam não durem mais de duas horas e acabem já no início da manhã.

Em São Gonçalo, na Região Metropolitana, os imunizantes devem acabar nesta semana. De acordo com a prefeitura, há garantia de doses apenas até sexta-feira. Nesta fase, serão imunizados idosos de 83 anos, hoje, e com mais de 81 anos, amanhã e na sexta-feira.

Já a prefeitura de Nova Iguaçu afirma que a vacinação segue normalmente, e a expectativa é que o estoque seja suficiente para imunizar idosos entre 80 e 84 anos na próxima semana.

— A expectativa é que o estoque atual seja suficiente para vaciná-los, mas estamos aguardando a chegada de mais doses para termos a garantia de que não haverá interrupção da campanha na cidade — disse o secretário municipal de Saúde, Manoel Barreto.

Ao GLOBO, o ministério afirmou que não há previsão para o envio de novas doses para os 26 estados e o Distrito Federal. “À medida que os laboratórios disponibilizarem novos lotes, novas grades de distribuição e cronogramas de vacinação dos grupos prioritários serão orientados pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI)”, declarou a pasta.

A próxima janela para estancar o gargalo das capitais deve ser a conclusão da produção de 17,3 milhões de doses da CoronaVac pelo Instituto Butantan. Até agora, 9,8 milhões de doses foram entregues pelo Butantan ao PNI. Os próximos lotes começam a ser “gradualmente” distribuídos no dia 23, diz o governo paulista. Segundo o diretor do Butantan, Dimas Covas, a partir dessa data o órgão será capaz de fornecer 600 mil vacinas por dia ao governo federal. O acordo do instituto com o ministério prevê a entrega de 46 milhões de doses até abril. Ontem, o governo federal informou que assinou a aquisição de outras 54 milhões de doses da CoronaVac, disponíveis até setembro.

Há ainda a previsão de entrega de 4 milhões de unidades do imunizante de AstraZeneca/Oxford, mas o governo federal tampouco precisou uma data. A produção da Fiocruz só começa a ficar pronta em março. 

Nesse ritmo, a secretaria de Saúde da Bahia estima que, em vez de cada fase de vacinação durar um mês, como prevê o ministério, cada etapa demore até quatro meses, “em virtude da entrega de doses a conta-gotas”.

Cinco capitais (Recife, Fortaleza, Palmas, Manaus e Campo Grande) e Distrito Federal informaram que assegurarão a vacinação dos grupos prioritários da primeira fase, mas dependem de novas remessas para avançar. Vitória, Goiânia, Aracaju e São Paulo disseram ter doses suficientes para dar sequência à vacinação. As demais capitais não responderam à reportagem.

Crédito: Arthur Leal, Dimitrius Dantas e Johanns Eller/ O Globo – @internet 17/02/2021

 

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