Ao respirar, exalamos dióxido de carbono (CO2), como mostra esta câmera de infravermelho. Ao ar livre, esse gás se dilui rapidamente, e o risco de contágio é muito baixo porque não há ar que já tenha sido respirado por outra pessoa.
Em espaços fechados sem ventilação, como este carro, um medidor nos mostra que a presença de CO2 medida em partículas por milhão (ppm) se acumula a tal ponto que, em questão de 15 minutos, voltamos a inalar 4% do ar que já havíamos respirado.
Se o carro for compartilhado e não houver ventilação, em apenas 10 minutos 8% do ar que respiramos já é “reaproveitado”. Estamos compartilhando o ar com a outra pessoa, e o risco de contágio é alto.
Nesse intervalo, se uma das duas pessoas tiver covid-19, o risco de contagiar a outra seria de 30% em 30 minutos e de 71% em uma hora.
Se as duas pessoas abrirem as janelas apenas 5 centímetros, a ventilação cruzada pode renovar o ar até 9 vezes por minuto. O ar respirado desaparece, e as chances de contágio se tornam mais baixas.
A humanidade está há mais de um ano combatendo um inimigo invisível. Obviamente não podemos enxergar o coronavírus, e em muitos casos tampouco sabemos se estamos perto de um contagiado assintomático. Mas não é a primeira vez que medidas indiretas servem para combater uma ameaça que não podemos ver. O canário que os mineiros levavam consigo às galerias subterrâneas, para detectar algum vazamento de gás, é a melhor metáfora. Nesta pandemia, já ficou provado que os ambientes fechados e mal ventilados são os mais perigosos, porque as partículas com vírus podem permanecer em suspensão até que alguém as inale. E, embora não tenhamos nenhum aparelho que alerte para a presença de vírus no ar, podemos contar com um indicador da qualidade desse ar: o dióxido de carbono (CO₂). Quanto maior for a concentração desse gás, que exalamos ao respirar, pior é a ventilação de um cômodo. Uma simples medição nos permite saber se esse ambiente está repleto de ar exalado por outras pessoas ou se está bem ventilado, o que reduz drasticamente o risco.
Relação entre CO2 e ar respirado
O ar que respiramos ao ar livre, o da rua, contém em média 412 partículas de CO2 por milhão. Se observarmos essa cifra em um medidor, o ar não foi respirado por ninguém. aula, é basicamente igual.
A virologista Margarida del Val usa seu próprio aparelho de leitura de CO₂ para observar a situação nos carros, porque “é um marcador indireto que nos ajuda a ventilar corretamente”. No entanto, ela não é partidária de promover o uso cotidiano desse aparelho pela população, e sim que seja regulamentado e difundido como ferramenta à disposição das autoridades. “Em muitos ambientes estáveis, como nas escolas, não é preciso ter um desses instalado, basta fazer algumas medições e você já sabe o que é preciso para manter boa renovação do ar”, diz a cientista, que dirige a plataforma do CSIC (agência espanhola de pesquisa científica) para a covid-19.
“E isso inclusive limita a exposição ao frio, porque às vezes basta abrir um pouco as janelas”, resume.es no carro foram realizadas com um medidor do CO₂ (Aranet Pro Home) em um veículo com as janelas fechadas e sem ventilação, em 25 de fevereiro. O risco de contágio se obteve mediante o simulador airborne.cam, desenvolvido pela Universidade de Cambridge, e os cálculos de renovação do ar no interior do veículo se basearam na leitura de um anemômetro (David Higuera, engenheiro industrial especialista em instalações).
Acesse a íntegra da matéria do EL PAÍS : brasil.elpais.com/ciencia/2021-03-30/nao-respire-o-ar-alheio-como-evitar-o-coronavirus-em-ambientes-fechados.html?rel=mas