“Em decorrência da vacância na presidência da companhia, o presidente do Conselho de Administração nomeou como presidente interino da companhia o diretor executivo de Exploração e Produção, Carlos Alberto Pereira de Oliveira, até a eleição e posse de novo presidente”, informou a companhia.
No comunicado ao mercado, a Petrobras agradeceu à gestão de Castello Branco, por sua liderança e contribuição, à frente da companhia desde janeiro de 2019.
“Roberto teve um papel fundamental para desalavancagem da companhia, melhoria da alocação de capital, com foco nos investimentos em ativos de classe mundial, e aceleração de desinvestimentos de ativos não prioritários. Através da implementação dos cinco pilares estratégicos, custos foram reduzidos e configurados para permanecerem em trajetória descendente, houve aumento da produtividade, aceleração da transformação digital, lançamento de compromissos de baixo carbono e sustentabilidade, e foco na meritocracia e criação de valor”, destacou a Petrobras no comunicado.
Agência Brasil de Notícias 13/04/2021
Em assembleia tensa, acionistas da Petrobrás destituem Castello Branco
Executivo demitido por ordem do presidente da República foi retirado do conselho da companhia e, em consequência, do comando do negócio; empresa terá novo colegiado e novo presidente: o general Joaquim Silva e Luna O governo venceu a batalha com o mercado financeiro e conseguiu eleger 7 dos 8 nomes que indicou ao conselho da Petrobrás. Grandes fundos de investimento estrangeiros ficaram com apenas uma das duas vagas disputadas com a União, numa conturbada Assembleia-Geral Extraordinária (AGE) de mais de três horas de duração. Entre os eleitos está o general Joaquim Silva e Luna, substituto de Roberto Castello Branco. O executivo foi demitido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e deixou a estatal nesta segunda-feira, 12.
A definição do conselho de administração da Petrobrás estava sendo aguardada pelo mercado financeiro. Isso porque vai ficar nas mãos dos seus membros a responsabilidade de decidir possíveis mudanças de rota na gestão da empresa. Há dúvidas, por exemplo, se os novos gestores vão manter a atual política de reajustes de preços dos combustíveis e também o programa de venda de ativos da companhia, conduzidos até então por Castello Branco.
O executivo deixa o cargo após ser alvo de severas críticas de Bolsonaro. Castello Branco foi demitido no dia 19 de fevereiro pelas redes sociais, um dia após ser acusado de ser insensível às dificuldades de consumidores em arcar com a alta dos preços dos combustíveis neste ano. O foco da desavença foram os caminhoneiros, uma importante base eleitoral do presidente da República.
Diante dos sucessivos aumentos de preços do óleo diesel neste ano, a categoria ameaçou repetir a greve histórica que parou o País em maio de 2018.
Na tentativa de ampliar a resistência a possíveis intervenções do governo na companhia, os acionistas minoritários chegaram a indicar quatro candidatos. Mas, no meio da AGE, mudaram de ideia e retiraram duas candidaturas – do advogado Leonardo Antonelli, que tentaria uma recondução, e do banqueiro José João Abdalla. Cientes de que não conseguiriam todos os votos que esperavam, preferiram concentrar os esforços no advogado Marcelo Gasparino. Eleito, ele vai ocupar a vaga de Antonelli no colegiado.
Uma única indicada do governo não conseguiu se eleger, a advogada e especialista em recursos humanos e governança Ana Silvia Corso Matte. Ela não atingiu a marca de 4,6 bilhões de votos mínimos. A União precisaria da ajuda de minoritários para emplacar a candidata, mas não teve sucesso.
O conselho da Petrobrás foi reformulado para atender a uma determinação daLei das Sociedades Anônimas. Pela legislação, se um membro do colegiado sai, todos os demais eleitos na mesma chapa também devem sair. Com a demissão de Castello Branco, ficaram oito vagas em aberto. O conselho é formado, ao todo, por 11 membros, mas três deles foram eleitos separadamente. Permanecem no colegiado os representantes dos empregados, Rosângela Buzanelli, e dos acionistas minoritários, Marcelo Mesquita e Rodrigo Pereira.
A União conseguiu eleger o executivo do setor de petróleo e gás Márcio Weber e Murilo Marroquim; a administradora de empresas Sonia Vilallobos (um pedido do Ministério da Economia); e a engenheira elétrica Cynthia Silveira, ex-funcionária da petrolífera francesa Total. Os militares Eduardo Bacellar e Ruy Schneidervão ser reconduzidos. Bacellar permanecerá na presidência do conselho.
Também eleito por indicação do governo, o general Silva e Luna vai precisar ainda da aprovação do novo colegiado para assumir o comando executivo da companhia vai ainda passar pelo crivo dos colegas de colegiado. A data em que isso vai acontecer ainda não está definida. Enquanto isso, um presidente interino será indicado.
Oposição
A assembleia foi marcada também pela oposição de acionistas do setor público ao governo. O fundo de pensão e a gestora de recursos do Banco do Brasil, a Previ e o BB DTVM, respectivamente, se abstiveram de votar pela destituição de Castello Branco. A mesma posição tomou o fundo de investimento em renda variável da Caixa Econômica Federal. Na contramão, o BNDESPar se posicionou favorável à saída do executivo, em liga com as pretensões de Bolsonaro.
Crédito: Fernanda Nunes, O Estado de S.Paulo – @internet 13/04/2021