Radiografia do novo governo Lula: Apoio, Oposição e Neutralidade

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O PL, partido de Jair Bolsonaro (PL) e que vai ter a maior bancada na Câmara dos Deputados, já anunciou que vai ser oposição.

A segunda maior bancada na Câmara, por outro lado, pertence ao PT de Lula, que vai compor a base do governo e deve contar ainda com o respaldo dos outros nove partidos que compuseram a coligação que venceu as eleições (PC do B, PV, Solidariedade, PSOL,  Rede, PSB, Agir, Avante e Pros). Juntas, essas 10 legendas somam 139 parlamentares.

Os presidentes do PSDB e do Republicanos indicaram que vão adotar uma postura de independência (leia mais abaixo).

As outras quatro maiores legendas da Casa – União Brasil, PP, MDB e PSD, que somam 190 deputados – não haviam se manifestado até a última atualização desta reportagem.

Os deputados eleitos ainda vão tomar posse. A nova legislatura começa só em fevereiro de 2023, quando as divisões dos partidos em base, neutralidade ou oposição ficará mais definida.

E, mesmo um partido sendo da base ou da oposição, não significa que todos os deputados da sigla vão votar sempre de acordo com a posição partidária. Há votações na Câmara em que partidos liberam integrantes para votar como desejarem.

Veja abaixo a posição dos 23 partidos e como deve ser a composição das bancadas na Câmara.

Posicionamento dos partidos
  • PL (99 deputados) – OPOSIÇÃO

O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, afirmou que a legenda fará oposição ao governo Lula. Sigla à qual o presidente Jair Bolsonaro é filiado e pelo qual tentou a reeleição, o PL apoiou Lula e esteve na base de apoio do petista quando ele foi presidente, entre 2003 e 2010.

  • PT (68 deputados) – BASE GOVERNISTA

A legenda, presidida por Gleisi Hoffmann, é a mesma do presidente eleito.

  • União Brasil (59 deputados) – AINDA NÃO ANUNCIOU

Segundo o blog do Valdo Cruz, o partido será procurado por Gleisi, a presidente do PT. Após o primeiro turno, o União Brasil decidiu liberar os diretórios estaduais para apoiar Lula ou Bolsonaro.

  • PP (47 deputados) – AINDA NÃO ANUNCIOU

A legenda tem Ciro Nogueira, que é ministro da Casa Civil de Bolsonaro, como presidente licenciado. Ao site Poder360, o líder do partido na Câmara, André Fufuca, disse que a legenda aguardaria o final do governo Bolsonaro para debater a questão.

  • MDB (42 deputados) – AINDA NÃO ANUNCIOU

Ao lado do presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, formalizou o convite para que a sigla integre a equipe de transição do governo. Rossi disse que o convite será discutido com líderes do partido, mas que vê “espírito colaborativo” dentro do MDB.

No segundo turno das eleições presidenciais, o MDB ficou neutro. Entretanto, a candidata do partido à presidência, a senadora Simone Tebet, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, apoiou Lula.

Tebet também já foi anunciada como colaboradora da equipe de transição para cuidar da área de desenvolvimento social. A senadora também é cotada para compor ministério do governo de Lula.

  • PSD (42 deputados) – AINDA NÃO ANUNCIOU

O partido foi convidado pelo PT para integrar a equipe que fará a transição e participar do conselho político que será formado. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, divulgou que teve uma “ótima conversa” com o presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Em entrevista à GloboNews, Kassab disse que é natural a discussão para um eventual alinhamento da sigla ao governo de Lula. Ele também afirmou que “parcela expressiva” de integrantes da legenda já têm apoiado Lula desde a campanha, o que facilitaria a aproximação com o PT.

  • Republicanos (41 deputados) – NEM BASE GOVERNISTA NEM OPOSIÇÃO

Após a eleição de Lula, o presidente da legenda, Marcos Pereira, escreveu em uma rede social que reconhece a eleição de Lula e parabenizou Bolsonaro pelo “grande resultado”.

“Nós, do Republicanos, vamos manter a coerência e seguir um caminho de independência, aprovando aquilo que for bom para o Brasil e criticando aquilo que for ruim”, escreveu Pereira.

O partido é o mesmo de Tarcísio de Freitas, governador eleito de São Paulo e apoiado por Bolsonaro.

  • PDT (17 deputados) – BASE GOVERNISTA

Após o primeiro turno, o PDT, que teve Ciro Gomes como candidato a presidência e ficou em quarto lugar, declarou apoio a Lula.

  • PSB (14 deputados) – BASE GOVERNISTA

A legenda, presidida por Carlos Siqueira, é a mesma do vice-presidente eleito na chapa de Lula, Geraldo Alckmin.

 
  • PSDB (13 deputados) – NEM BASE GOVERNISTA NEM OPOSIÇÃO

O presidente do partido, Bruno Araújo, afirmou que a legenda não fará parte do governo de Lula, mas que está comprometido com a “governabilidade” e “estabilidade” do país.

  • PSOL (12 deputados) – BASE GOVERNISTA

O presidente do partido, Juliano Medeiros, integra o conselho político da equipe de transição. Guilherme Boulos, deputado federal eleito, afirmou em uma rede social que irá integrar a equipe de transição. Ele afirmou que atuará na “área de Cidades e Habitação”.

  • Podemos (12 deputados) – AINDA NÃO ANUNCIOU

Após o primeiro turno, o partido liberou seus filiados para apoiar Lula ou Bolsonaro. No primeiro turno, o Podemos apoiou a candidatura de Simone Tebet (MDB) à presidência.

  • Avante (7 deputados) – AINDA NÃO ANUNCIOU

A legenda é a mesma do deputado federal André Janones, um dos principais nomes da campanha de Lula.

  • PSC (6 deputados) – AINDA NÃO ANUNCIOU

Em O PSC decidiu apoiar o presidente Bolsonaro durante a campanha pela reeleição. O partido ainda não anunciou se apoiará Lula no governo ou se fará oposição.

  • PC do B (6 deputados) – BASE GOVERNISTA

A legenda, presidida por Luciana Santos, fez parte da Coligação Brasil da Esperança, que tinha Lula como candidato à Presidência.

 
  • PV (6 deputados) – BASE GOVERNISTA

O partido fez parte da Coligação Brasil da Esperança, que tinha Lula como candidato à Presidência.

  • Cidadania (5 deputados) – BASE GOVERNISTA

O partido apoiou Lula no segundo turno. No primeiro turno, o Cidadania se coligou com MDB, Podemos e PSDB em torno da candidata Simone Tebet. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente do partido, Roberto Freire, disse que em um “primeiro momento” apoiará Lula.

  • Patriota (4 deputados) – AINDA NÃO ANUNCIOU

Os partidos PTB e Patriota anunciaram fusão, e a nova sigla deve se chamar Mais Brasil.

  • Solidariedade (4 deputados) – BASE GOVERNISTA

Os partidos Pros e Solidariedade anunciaram fusão. As duas siglas compõem a coligação de Lula.

  • Novo (3 deputados) – OPOSIÇÃO

Em uma rede social, o presidente da legenda, Eduardo Ribeiro, fez criticas ao PT e disse que o partido do presidente eleito “nunca teve um projeto de país”. “Seremos oposição”, escreveu Ribeiro.

O partido teve Felipe d’Avila como candidato à Presidência. Após o primeiro turno, o Novo não formalizou apoio a Bolsonaro, mas publicou nota dizendo ser contra o PT e o lulismo, liberando seus filiados e eleitores a votarem de acordo com a “consciência” e “princípios partidários”.

 
  • Pros (3 deputados) – BASE GOVERNISTA

Os partidos Pros e Solidariedade anunciaram fusão. As duas siglas compõem a coligação de Lula.

  • Rede (2 deputados) – BASE GOVERNISTA

Marina Silva, deputada federal eleita por São Paulo, foi uma das principais apoiadoras da campanha de Lula, de quem se reaproximou nesta eleição.

Marina foi ministra do Meio Ambiente do governo de Lula, entre 2003 e 2008. Em entrevista àGloboNews após a eleição de Lula, Marina foi perguntada sobre ser ministra novamente, mas desconversou.

  • PTB (1 deputado) – AINDA NÃO ANUNCIOU

Os partidos PTB e Patriota anunciaram fusão, e a nova sigla deve se chamar Mais Brasil. Roberto Jefferson, ex-deputado e que já foi presidente do partido, é apoiador de Bolsonaro. Jefferson foi preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) em outubro.

Crédito: Sarah Resende / Portal do G1 – @ disponível na internet 12/11/2022

1 Comentário

  1. Boa informação sobre a base de apoio do governo de acordo com as entrevistas e intenções dos partidos que compõem a estrutura política atual. No entanto , ainda é um exercício de ficção definir como de fato se comportarão os partidos, de acordo com os compromissos , o histórico e e o fisiologismo de cada um , já que muitos eleitos desconhecem o funcionamento orgânico da câmara e do senado assim como a capacidade de diálogo, convencimento , e tenacidade do próximo presidente. A capacidade de costurar a governança já foi demonstrada por duas vezes com Lula , e de uma trajetória de diálogos e conquistas obtidas pelos conflitos trabalhistas e conquistas de direitos por meio da participação nos sindicatos, nas manifestações , greves, e criação do maior partido de trabalhadores da América Latina.
    Jornalistas adoram adiantar conclusões quando ainda não se deu o sinal de partida que se dará no próximo ano. Devagar com o andor, pois ainda não se conhece o caminho a ser trilhado . O que podemos adiantar é que a frente ampla para vencer as eleições combatendo e vencendo a todo tipo de ataques, como fakes, máquina pública, poder econômico, ilegalidades, e uso de auxílios eleitorais , foi suficiente para conquistar o voto dos eleitores mais esclarecidos ou mais necessitados, graças a uma “jogada política” de convencer senão todos, a maioria das cartas do baralho, deixando ainda alguns para serem conquistados com a pressão democrática das cartas , uma vez que já anteveem que poderão ficar isolados como o “Joker” do baralho. Portanto , nada de nervosismo do mercado , medo de ideologias , preconceitos, pois o governo será homogêneo contando com toda diversidade que define a sociedade brasileira, inclusive dos partidos que hoje ainda não se aperceberam que é melhor apoiar o sucesso do que ser condenado ao ostracismo, como já espelham alguns que fizeram história mas foram tomados pela empáfia política……

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