Vacina bivalente contra a Covid-19 começa a ser aplicada nesta segunda

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© Tânia Rêgo/Agência Brasil

O Ministério da Saúde começa a aplicar hoje (27), em todo o país, a vacina bivalente contra a covid-19. Segundo a pasta, o imunizante melhora a imunidade contra o vírus da cepa original e também contra a variante Ômicron, e possui perfil de segurança e eficácia semelhante ao das vacinas monovalentes.

Inicialmente, a vacina será aplicada somente nos grupos de risco. Conforme divisão anunciada pelo ministério, a imunização será feita na fase 1 em pessoas acima de 70 anos de idade, imunocomprometidos, indígenas, ribeirinhos e quilombolas; na fase 2, pessoas com idade entre 60 anos e 69 anos de idade; na fase 3, gestantes e puérperas; e na fase 4, profissionais de saúde.

No Brasil, duas vacinas bivalentes, ambas produzidas pelo laboratório Pfizer, receberam autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial. Elas são indicadas como dose única de reforço para crianças e adultos, após dois meses da conclusão do esquema vacinal primário, ou como última dose de reforço.

O ministério reforça que as vacinas monovalentes contra a covid-19 seguem disponíveis em unidades básicas de Saúde (UBS) para a população em geral e são classificadas como “altamente eficazes contra a doença”, garantindo grau elevado de imunidade e evitando casos leves, graves e óbitos pela doença.

“A aplicação da bivalente não significa que as vacinas monovalentes não continuam protegendo. Elas continuam protegendo, mesmo para a variante Ômicron, mas, claro, tendo a possibilidade de uma vacina desenhada mais especificamente para a variante circulante, a tendência é termos uma melhor resposta”, reforçou o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha.

Agência Brasil de Notícias 27/02/2023


Vacina bivalente para Covid-19: está na hora de receber mais uma dose? Tire as dúvidas sobre a nova etapa da campanha

Nesta segunda-feira, está previsto o início de uma nova campanha de vacinação no Brasil com os imunizantes contra a Covid-19. Para determinados grupos, será indicada uma nova dose de reforço com as versões adaptadas das vacinas, as chamadas bivalentes, que ampliam a proteção contra a variante Ômicron do novo coronavírus.

Já para a maior parte da população, os esforços serão concentrados em elevar a adesão à terceira e à quarta dose com os imunizantes originais, que já estão disponíveis nos postos de saúde, porém com a cobertura aquém do desejado.

Como desde que teve início, em 2021, a vacinação no país adaptou-se às novas evidências científicas sobre a duração da proteção e necessidade de doses adicionais, os esquemas vacinais podem provocar dúvidas. Por isso, o GLOBO conversou com a médica pediatra e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, e explica em detalhes os próximos passos da campanha no Brasil e qual é a indicação das autoridades sanitárias para cada caso.

1 – O que são as novas vacinas bivalentes?

As vacinas utilizadas desde 2021 são chamadas de monovalentes, pois foram feitas com apenas uma versão do novo coronavírus – a que foi identificada ainda no final de 2019. No entanto, como o Sars-CoV-2 evoluiu com o passar dos anos, os laboratórios Pfizer e Moderna desenvolveram novas formulações chamadas de bivalentes.

As novas formulações são baseadas em duas versões do vírus, metade com a mesma das doses anteriores, e a outra metade com material da Ômicron, variante que predomina hoje no mundo. Com isso, a proteção é ampliada.

— A bivalente é mais atualizada em relação às variantes que circulam no Brasil e no mundo, e tem como o principal objetivo agora dar uma proteção maior, que sabemos que se perde com o tempo e com novas cepas, contra óbitos e hospitalizações. Ela é uma dose de reforço, então as pessoas precisam ter recebido pelo menos duas doses da vacina original antes — explica Isabella Ballalai.

No Brasil, somente o imunizante adaptado da Pfizer tem aval da Anvisa como um reforço para maiores de 12 anos. Porém, a aplicação depende de recomendação e oferta do Ministério da Saúde, que indicou apenas a determinados grupos considerados de maior risco para agravamento da doença.

2 – Para quem está indicada a vacina bivalente?

No momento, a dose é orientada aos grupos prioritário. Ela pode tanto substituir a terceira ou a quarta dose daqueles que estão atrasados, como ser uma quinta para quem está com o esquema anterior em dia. O intervalo para a aplicação é de quatro meses após a última. O imunizante não será ofertado, ao menos por ora, para a população geral.

— Essa decisão foi compartilhada com o comitê técnico assessor em imunizações e é considerada adequada, é o que a maioria dos países fazem até agora. Para a população geral, que não faz parte dos grupos de risco, estar em dia com o esquema atual das vacinas originais já gera uma boa proteção. Não é necessário um reforço a mais além da terceira ou quarta dose já indicadas pelo ministério — diz Isabella.

Os grupos elegíveis para a bivalente, porém, não são os mesmos de etapas anteriores da vacinação contra a Covid-19. Pessoas com comorbidades, por exemplo, não estão contempladas. O mesmo em relação a profissionais da educação.

Confira a lista de quem poderá receber a dose bivalente:

  • Pessoas com mais de 60 anos;
  • Gestantes e puérperas;
  • Pacientes imunocomprometidos;
  • Pessoas com deficiência;
  • Pessoas vivendo em Instituições de Longa Permanência (ILP);
  • Povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas;
  • Trabalhadores e trabalhadoras da saúde.

3 – Quando posso tomar a vacina bivalente?

No total, aqueles elegíveis para receber a bivalente totalizam 52 milhões de brasileiros, segundo estimativas do Ministério de Saúde. De acordo com o cronograma de entregas da Pfizer, 38 milhões de doses da vacina já foram enviadas ao Brasil, e mais 10 milhões devem chegar até junho.

De acordo com a nota técnica do ministério, nessa primeira fase, que começa amanhã, a prioridade são pessoas a partir de 70 anos; pessoas vivendo em instituições de longa permanência (ILP) a partir de 12 anos (abrigados e os trabalhadores dessas instituições); imunossuprimidos e comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas;

Em seguida, na próxima etapa, serão incluídas pessoas de 60 a 69 anos de idade. Na terceira fase, gestantes e puérperas passarão a receber a dose bivalente. Por fim, nas fases 4 e 5, serão incluídos, respectivamente, os trabalhadores de saúde e as pessoas com deficiência permanente.

O ministério divulgou apenas que a campanha começará amanhã, porém não anunciou as datas exatas para as demais etapas. Mas, como estados e cidades podem implementar seus próprios calendários, é importante checar as datas e os grupos divulgados pelas secretarias estaduais e municipais.

4 – A população geral receberá a dose bivalente?

Em alguns países, como Chile e Estados Unidos, a bivalente é indicada à população geral. Porém, não há planos para que pessoas de fora dos grupos de risco, como as abaixo de 60 anos, recebam indicação para a nova dose da vacina no Brasil

Ainda assim, a população geral também é alvo da nova campanha do Ministério da Saúde devido às baixas coberturas com a terceira e a quarta dose, de modo a chamar os atrasados para os postos de saúde. Segundo dados da Rede Nacional de Dados de Saúde (RNDS), compilados pela pasta, são cerca de 60 milhões de brasileiros sem o primeiro reforço.

O ministério indica o esquema de três aplicações para todos com mais de seis meses de idade, ou seja, também crianças e adolescentes. Já a quarta dose é para aqueles a partir de 40 anos. Em muitos estados e municípios, esse segundo reforço é ampliado para todos com mais de 18 anos, o que não tem contraindicação, embora os benefícios sejam limitados.

— Essas pessoas que não vão receber a bivalente, como crianças, jovens e a maior parte dos adultos, precisam estar com os reforços previstos para cada faixa etária atualizados. Hoje mais de 90% das pessoas que morrem são as que não estão adequadamente vacinadas com todas as doses indicadas do imunizante original — explica a diretora da SBIm.

Ela lembra que, além dos esquemas citados acima, os imunossuprimidos devem receber uma dose adicional, mas que poderá ser feita a partir do dia 27 com a bivalente para os atrasados, o que é preferencial.

5 – Terá quinta dose para a população geral da vacina monovalente?

Por mais que a bivalente não esteja nos planos atuais do governo para as pessoas de fora do grupo de risco, há também a dúvida se será indicada uma nova dose – que para a maioria das pessoas seria a quinta – do imunizante original. Isabella afirma que isso é alvo de debate, mas ainda não foi decidido.

— Em algum momento pode acontecer sim. Mas em relação à possibilidade de uma vacinação anual, como a da gripe, ainda precisamos acompanhar mais a evolução do vírus da Covid-19 para entender — diz.

6 – Estou com a dose atrasada, o que fazer?

Com tantos esquemas diferentes, muitas pessoas podem estar com a terceira ou a quarta dose atrasadas. Isabella, da SBIm, explica que aqueles dos grupos de risco que poderão receber a vacina bivalente devem aguardar a dose chegar ao posto de saúde, mas os demais devem atualizar imediatamente a caderneta.

— Quem faz parte dos grupos de risco que estão elegíveis para receber a dose bivalente por agora, e está com a terceira ou a quarta dose atrasada, deve aguardar um pouco para receber diretamente a bivalente. No entanto, os que não fazem parte desses grupos, e estão com dose atrasada, devem atualizar o esquema com a vacina disponível o quanto antes — orienta.

Crédito: Bernardo Yoneshigue  / O Globo – @ disponível na internet 27/02/2023

Profissional de saúde prepara uma dose da vacina da Pfizer @MAHMUD HAMS / AFP

 

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