Reforma Administrativa, Mesa de Negociação e Governança

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Na atual conjuntura, dois engenheiros exercendo a mesma função, em diferentes órgãos, podem ter níveis salariais distintos, um inclusive recebendo mais do que o outro. Essa diferença de regras faz com que haja pouca rotatividade entre os órgãos.

A portaria valerá para todos os órgãos da administração pública direta, aqueles que dependem do Orçamento da União. Uma nova sistematização de cargos precisa passar pelo Legislativo. Para isso, o governo quer centralizar uma proposta junto com os órgãos e entidades.

— Na medida em que houver, e se houver, adesão das entidades, das carreiras e dos órgãos, a gente pode ir evoluindo para uma normatização mais efetiva, por projeto de lei — explicou o secretário de Gestão de Pessoas do MGI, José Celso Cardoso.

Esse movimento está no escopo do que o Ministério da Gestão, comandado por Esther Dweck, entende por Reforma Administrativa.

Carlos Ari Sundfeld, professor titular da FGV Direito SP, vê a pulverização das carreiras como um problema de eficiência. Na prática, o servidor fica limitado a um mesmo ambiente profissional, avalia:

— Esse problema é solucionado juntando as carreiras. Diminuindo (a pulverização) para que elas sejam carreiras para a administração geral. Os servidores podendo circular. Algumas carreiras já são assim, é preciso aumentar — avalia. — Se você tem carreiras muito compartimentadas, você não consegue “descolar” a mão de obra. Começa a faltar gente em um lugar e sobrar em outro. Isso diminui a eficiência (do serviço público).

Igualdade de tratamento

O governo trabalha com dois pilares na organização das carreiras. O primeiro é a transparência e a igualdade no tratamento, já que carreiras inseridas em um único bloco ficarão sob o mesmo arcabouço regulatório. O segundo é a ampliação de competências, pois os servidores terão atribuições interdisciplinares e não ficarão presos a um rol de tarefas específicas até a aposentadoria.

Em paralelo, está sendo discutida internamente a possibilidade de reduzir o salário inicial de novos servidores concursados (para os anos futuros), de forma a aproximar as remunerações de entrada com as do setor privado.

— Em algumas carreiras, você não precisa ter estabilidade, porque não são fusão de Estado. Um auditor-fiscal, carreiras reguladoras ou de fiscalização são funções de Estado, mas uma atividade de área-meio (cargos administrativos, por exemplo) não necessariamente seria uma função de Estado. Ela poderia ser terceirizada, entrar via CLT — defende Cristiane Schmidt, consultora do Banco Mundial e ex-secretária de Economia de Goiás.

A portaria preparada pelo ministério se encaixa na estratégia do governo de tocar uma Reforma Administrativa fatiada e por projetos de lei e outros instrumentos, e evitar o avanço da proposta de emenda à Constituição (PEC) defendida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ele quer avançar com a PEC enviada pelo governo Jair Bolsonaro em 2022. A gestão Lula é contra esse texto.

Crédito: Renan Monteiro / EXTRA – @ disponível na internet 26/01/2024


Governo federal aguarda confirmação de servidores para retorno de mesas de negociação

O governo federal ainda aguarda a resposta da maioria dos funcionários públicos para agendar o primeiro encontro da Mesa Nacional de Negociação Permanente (MNNP) e das mesas setoriais de 2024. Suspensa durante todo o governo de Jair Bolsonaro (PL), a MNNP foi retomada no último ano e resultou na correção de 9% para os servidores federais em 2023, o que custou R$ 12 bilhões aos cofres públicos. A mesa foi mais uma paralisada após, na última semana de 2023, a União ter informado não daria reajustes salariais aos funcionalismo no ano de 2024.

A proposta de reajuste salarial posta à mesa pelos representantes da gestão federal ofereceu 9% de incremento em duas parcelas iguais, a primeira em maio de 2025 e a segunda em maio de 2026. Esse ajuste resulta em um acumulado total de 19,03% no período entre 2023 e 2026.

Para este ano, foi ofertado aos sindicatos presentes uma série de readequação nos valores dos benefícios concedidos aos servidores públicos. A União prevê elevar, a partir de maio, o auxílio-alimentação de R$ 658 para R$ 1 mil; a contrapartida dos planos de saúde de R$ 144 para R$ 215; e o auxílio-creche de R$ 321 para R$ 484,90. Isso representará 51,06% de reajuste nos auxílios.

Contudo, o “calcanhar de Aquiles” da oferta é que ela deixa de lado os aposentados.

Dia dos Aposentados

Na quarta-feira (dia 24), dia que marca o “Dia dos Aposentados”, diversas paralisações foram realizadas em todo o país, na qual o funcionalismo cobra valorização profissional.

Na contraproposta enviada ao governo federal, os sindicalistas consideram dois blocos de percentuais de reajuste (29,49% e 18,30%) a serem divididos em três anos (2024, 2025 e 2026).

O estudo que levou à elaboração das propostas foi feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e considera perdas e reajustes nos últimos anos.

O Dieese considerou a inflação acumulada de maio de 2016 a dezembro de 2023, além das inflações projetadas relativas ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de 2024 e 2025.

Outra proposta à mesa

Na última semana, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado também enviou uma proposta à União.

No documento, foi exigida uma oferta de recomposição salarial em três parcelas, a primeira de 9%, a segunda de 7,5% e a terceira de 7,5%, a serem implementadas, respectivamente, nos meses de maio de 2024, 2025 e 2026.

Origem do imbróglio

Na última reunião da Mesa Nacional de Negociação Permanente do governo federal, realizada em 18 de dezembro, o governo federal formalizou sua proposta de reajuste de benefícios e reestruturação de carreiras.

A proposta inclui a reestruturação de carreiras e o reajuste salarial para os próximos anos, totalizando 9% em duas parcelas iguais, a primeira em maio de 2025 e a segunda em maio de 2026. Esse ajuste resulta em um acumulado total de 19,03% no período entre 2023 e 2026.

A oferta, contudo, não agradou os representantes sindicais, que querem reajustes ainda neste ano de 2024.

Crédito: Gustavo Silva / EXTRA – @ disponível  na internet 26/01/2024


Comitê Interministerial apresenta modelo de governança do ColaboraGov aos ministérios parceiros

Projeto de compartilhamento de serviços faz parte das ações de racionalização dos gastos e transformação do Estado brasileiro por meio da otimização da gestão dos processos de diversos ministérios com uma só equipe especializada

A Secretaria de Serviços Compartilhados (SSC) do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) promoveu a 1ª reunião do Comitê Interministerial de Governança de Serviços Compartilhados (CIG-SC), na última sexta-feira (19/1), em Brasília. O encontro inaugural do Comitê teve como principal objetivo apresentar o modelo de Governança do ColaboraGov, o Centro de Serviços Compartilhados do MGI, aos ministérios parceiros.

O compartilhamento de serviços faz parte das ações de racionalização dos gastos e transformação do Estado brasileiro por meio da otimização da gestão dos processos de diversos ministérios com uma só equipe especializada. Participaram da reunião os secretários executivos ou adjuntos dos 13 ministérios que compõem o Comitê e que integram o Centro de Serviços Compartilhados.

Até o fim do ano passado, por meio da Portaria MGI nº 43/2023, o MGI era responsável por prestar os serviços de suporte administrativo, por meio de um arranjo colaborativo, a seis órgãos, 5 deles derivados do antigo Ministério da Economia, além dos Ministérios dos Povos Indígena e da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Contudo, após análise da SSC e definição da Casa Civil e do Presidente da República, mais sete ministérios foram integrados à iniciativa no início de 2024.

De acordo com a ministra do MGI, Esther Dweck, havia a ideia de desenvolver uma área com potencial de prestar serviços para os ministérios recém-criados, com o objetivo de aumentar a capacidade produtiva e focarem seus esforços nas áreas finalísticas.

“O ColaboraGov é uma das grandes entregas do primeiro ano do MGI. Temos feito um esforço grande junto à Casa Civil na discussão de como melhorar a qualidade das despesas e o projeto tem essa missão”, definiu Esther Dweck na abertura da reunião.

Fortalecimento do Estado

A ministra enfatizou que o ColaboraGov fortalece a capacidade do Estado nos processos de gestão interna, sem nenhuma interferência na autonomia dos órgãos, ao concentrar a execução de atividades nas áreas de gestão de pessoas, licitação e contratos, logística, gestão orçamentária e financeira, tecnologia da informação e gestão estratégica. “É uma maneira de ter pessoas especializadas e capazes para cumprir com o dia a dia operacional dos órgãos envolvidos. Isso dá mais tempo para cada ministério se dedicar as suas políticas finalísticas”, disse a ministra.

Segundo a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, a prestação de serviços compartilhados é uma grande prioridade da administração do governo Lula para avançar no setor crítico da administração pública federal, previsto no programa de governo. O intuito da reforma do Estado é trazer mais transparência aos processos decisórios, direcionando a esfera pública e a ação governamental para entregas que concretizem direitos constitucionais.

“Muito se fala no Brasil sobre reforma administrativa, mas isso está baseado em uma lógica de corte de gasto privilegiando o Estado mínimo. A reforma que esse governo almeja é tornar o Estado capaz de entregar bons serviços à sociedade brasileira. O MGI é o motor desse processo e o Comitê é importante como espaço de construção e de ajustes”, afirmou Miriam Belchior.

“O modelo do ColaboraGov envolve diversas áreas de atuação, o que o torna mais complexo quando comparados a outros modelos de serviços compartilhados no Brasil e no mundo. É um modelo inovador, estamos fazendo uma reforma do Estado por dentro do Estado”, destacou Cilair Rodrigues de Abreu, secretário de Serviços Compartilhados do MGI.

Já secretária adjunta de Serviços Compartilhados, Isabela Gebrim, destacou os avanços da secretaria como a modernização dos processos de trabalho através de sistemas que padronizaram as atividades das unidades aderentes e reforçou a importância do modelo de governança do projeto.

“Não se constrói um Centro de Serviços Compartilhados sem governança. O comitê, o subcomitê e as câmaras temáticas são instrumentos de governança para que os órgãos sejam ouvidos e tenham autonomia preservadas”, resumiu.

Estrutura do Comitê

A SSC/MGI coordena e é secretária executiva do Comitê, que obrigatoriamente realizará no mínimo duas reuniões por ano. Um subcomitê também foi instalado, o Subcomitê de Gestão do Centro de Serviços Compartilhados (CG-CSC) para consultas, deliberações e decisões gerenciais. Em nível operacional tático, cinco câmaras temáticas foram fixadas: Orçamento, Finanças, Contabilidade e Custos; Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC); Administração e Logística; Planejamento e Gestão de Pessoas.

Já os ministérios que compõem as instâncias de governança são: Ministério do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços (MDIC); Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP); Ministério da Fazenda (MF); Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI); Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO); Ministério dos Povos Indígenas (MPI); Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC); Ministério do Esporte (MESP); Ministério da Igualdade Racial (MIR); Ministério das Mulheres (MM); Ministério da Previdência Social (MPS); Ministério do Turismo (MTur) e Ministério dos Portos e Aeroportos (MPor).

Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos – Portal do Servidor – 26/01/2024

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