Magda Chambriard é a nova presidente da Petrobras
Demitido nesta terça-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva do cargo da chefia da Petrobras, Jean Paul Prates comunicou à equipe que Magda Chambriard será a nova presidente da empresa. Saiba mais abaixo sobre ela.
Foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre 2012 e 2016. Antes de ingressar na ANP, foi funcionária de carreira da Petrobras, onde trabalhou por 22 anos. Engenheira, atua como consultora na área de energia e petróleo. Ela começou a carreira na Petrobras, em 1980, na área de produção. Ela também é mestre em Engenharia Química pela COPPE/UFRJ.
Ela participou do grupo de transição na área de energia do governo Lula. Chegou a ser cotada para presidir a PPSA, mas recusou. Falava a interlocutores que não tinha interesse na posição, pois já tinha feito sua contribuição na área pelo lado do governo.
Segundo seu perfil no Linkedin, Chambriard atua como diretora da Assessoria Fiscal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro desde abril de 2021. Ela também é sócia da empresa Chambriard Engenharia e Energia desde janeiro de 2018. Ela era ainda coordenadora de pesquisa de óleo e gás da FGV Energia.
Outros nomes foram especulados para o cargo na estatal, como do atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, quadro histórico do Partido dos Trabalhadores. Diretora de Assuntos Corporativos da Petrobras, Clarice Coppetti também foi citada como um possível nome, assim como Bruno Moretti secretário de Análise Governamental (SAG) da Casa Civil, ligado ao ministro Rui Costa.
Entre suas principais convicções, Magda defende o avanço do mercado de gás no Brasil como forma de ampliar a industrialização tendo a Petrobras como uma espécie de “maestro” do setor, conforme já mencionou diversas vezes. Defende ainda a ampliação do refino.
Em post no Linkedin, disse que “é preciso um olhar aprofundado sobre refino…Em que pese a transição energética, os desafios da sustentabilidade impõe ações em prol de preços acessíveis, e isso passa pelo refino. Como de costume, sabemos onde queremos chegar com a descarbonização. O desafio é construir a melhor ponte possível, levando em consideração os 30% da população brasileira abaixo da linha da pobreza. Vale a leitura sobre o papel do refino nessa equação”.
Criticou também a demora pelo início de exploração na Margem Equatorial, com a produção no pré-sal atingindo seu pico no fim da década.
Na sua gestão na ANP, Magda conduziu a ampliação das ofertas de áreas em novas fronteiras, aumentando as áreas em estudo no Brasil para a produção de petróleo. É uma defensora ainda do papel social da Petrobras.
Recentemente, ela disse, em uma postagem, que “aprendi na Petrobras o valor intangível de uma marca e a importância de ser representativa dos valores brasileiros. A empresa precisa se preocupar mais com o desenvolvimento do país em que está inserida”.
Crédito: Bruno Rosa / O Globo – @ disponível na internet 15/5/2024
O que se sabe sobre a troca de presidente da Petrobras
O presidente Lula (PT) tomou a decisão de destituir Jean Paul Prates da presidência da Petrobras nesta terça-feira (14/5).
Magda Chambriard foi escolhida para substituir Prates e prontamente aceitou o convite para assumir o cargo. Com a troca, a empresa chega à sexta troca de presidência em três anos.
Engenheira civil, Chambriard trabalhou na Petrobras em 1980, começando como estagiária, e ficou por 22 anos. Entre 2012 e 2016, ocupou o cargo de diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ela também fez parte do grupo de transição na área de energia do governo Lula e foi considerada para presidir a PPSA, empresa que administra o pré-sal, mas recusou a oferta.
A demissão de Prates ocorreu em uma reunião onde estavam presentes pessoalmente o presidente Lula, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
“A Petrobras informa que recebeu nesta noite de seu Presidente, Sr. Jean Paul Prates, solicitação de que o Conselho de Administração da Companhia se reúna para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como Presidente da Petrobras de forma negociada. Adicionalmente, o Sr. Jean Paul informou que, se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobras.Fatos julgados relevantes serão tempestivamente divulgados ao mercado.”
Queda no ‘after market’
Quando os rumores da demissão de Prates começaram, por volta das 20h40 no horário de Brasília, a Petrobras sofreu uma queda nos ADRs (American Depositary Receipts), são recibos de ações negociados na Bolsa de Nova York, que representam a propriedade de ações de empresas estrangeiras.
A informação foi inicialmente divulgada pelo jornal O Globo e depois confirmada por outros veículos de imprensa.
Os papéis PBR, que correspondem às ações ordinárias da Petrobras, chegaram a cair 8% no after market (período de negociação que acontece após o fechamento oficial do mercado).
“A impressão que se tem é que a decisão de Lula foi no sentido de forçar a Petrobrás rumo ao investimento – o que ele tem todo o direito de fazer – mas inevitavelmente o efeito de curto prazo é a perspectiva que o preço corrente das ações deve ser descontado. Tanto é que já foi, se observou uma queda de quase 8% das ADRs da companhia em NY”, escreve o economista André Perfeito em sua newsletter a clientes.
Disputa pelos lucros da Petrobras
A demissão de Prates é interpretada como uma reação à decisão da Petrobras de aumentar significativamente a distribuição de dividendos aos acionistas, o que gerou debates intensos.
Nos anos de 2022 e 2023, a empresa se destacou como a maior pagadora de dividendos do mundo, desembolsando um total de US$ 57,6 bilhões.
Segundo apuração da GloboNews, quando Prates discordou da orientação governamental e se absteve na votação, sua posição não foi bem recebida no Palácio do Planalto.
O pagamento de dividendos altos pela empresa divide opiniões.
De um lado, parte do governo e grupos que defendem o papel central da estatal no desenvolvimento do país querem que a empresa reduza o pagamento aos acionistas para ampliar seus investimentos, por exemplo, com a construção de novas refinarias (unidades que transformam óleo bruto em combustíveis) e fontes alternativas de energia.
De outro lado, analistas de mercado e acionistas da empresa defendem que a empresa mantenha o alto patamar de distribuição de dividendos, o que torna suas ações mais atrativas. Eles argumentam que a empresa já tem um nível elevado de investimentos e que certos projetos de interesse do governo, como as refinarias, não seriam lucrativos.
Em meio a essa disputa, os acionistas da empresa aprovaram, no dia 25 de abril, a distribuição de R$ 21,95 bilhões em dividendos extraordinários, referentes aos lucros de 2023.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva havia tentado bloquear a liberação desses recursos em março.
Os dividendos extraordinários são aqueles pagos além do mínimo previsto em regras de mercado e da própria empresa. A Petrobras já havia anunciado um total de R$ 72,4 bilhões em dividendo ordinários referentes aos ganhos de 2023, parte dos quais já foi paga no ano passado.
A aprovação do pagamento extra em abril refletiu um recuo do Palácio do Planalto após as ações da estatal levarem um tombo de 10% em um dia, no mês passado, devido à insatisfação do mercado com a decisão inicial.
Embora a Petrobras seja uma companhia de capital aberto, a União mantém controle acionário da empresa e, por isso, é determinante na decisão de liberação desses recursos.
A mudança de rumo, no entanto, ainda teve um lado positivo para o governo.
Como maior acionista da Petrobras, a União deve receber R$ 6 bilhões dos dividendos extras liberados, valor que pode contribuir para reduzir o rombo nas contas federais.
Crédito: Redação com informações da reportagem de Mariana Schreiber / BBC News Brasil – @ disponível na internet 15/5/2024