Os últimos dias foram marcados por uma sequência de escândalos que acenderam um alerta vermelho sobre a governança, o controle e a segurança dos recursos públicos e privados no Brasil.
Do INSS ao Banco Master, passando pela REFIT, as notícias revelam um cenário preocupante: a fragilidade do sistema de proteção dos aposentados e a vulnerabilidade do erário diante de práticas fraudulentas, má gestão e conluios que colocam em risco bilhões de reais.
1. INSS: rombos, fraudes e prejuízo direto ao contribuinte
As investigações envolvendo o INSS apontam fraudes em concessões de benefícios, esquemas de corrupção e pagamentos indevidos. Embora diferentes em natureza, todos têm em comum um ponto crítico: dinheiro desviado do sistema previdenciário significa menos recursos para quem mais precisa — os aposentados, pensionistas e segurados.
Cada irregularidade equivale a um rombo adicional em um sistema já pressionado pelo envelhecimento populacional e pela necessidade de reformas. O impacto final recai sobre o contribuinte e o beneficiário, que paga a conta de fraudes praticadas por gestores, intermediários e quadrilhas especializadas.
2. Banco Master: rombo bilionário e ameaça real aos fundos públicos
A liquidação do Banco Master revelou um passivo que já ultrapassa R$ 56 bilhões, com indícios de pirâmide financeira sofisticada, articulada com apoio de agentes influentes. Entre os atingidos estão fundos de investimentos privados e entidades públicas — incluindo regimes próprios de previdência — que alocaram milhões em produtos do banco.
O caso mais grave é o da RioPrevidência, que investiu R$ 2,6 bilhões em fundos associados ao Master. A Polícia Federal estima fraudes que podem chegar a R$ 12 bilhões. Esse abalo atinge diretamente:
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recursos de aposentados estaduais;
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reservas de longo prazo que garantem pagamento futuro de pensões;
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estabilidade financeira de fundos previdenciários.
O risco de perdas vultosas, bloqueios e calotes representa uma ameaça concreta ao pagamento de benefícios e à sustentabilidade fiscal dos entes públicos.
3. REFIT: sonegação bilionária e impacto indireto no bolso do cidadão
A indústria de combustíveis vive uma nova crise envolvendo a REFIT (antiga Refinaria de Manguinhos), investigada por evasão fiscal bilionária, dívidas acumuladas e supostas práticas irregulares de mercado. Quando empresas deixam de pagar tributos — especialmente ICMS e contribuições federais — o efeito cascata recai sobre o erário.
E o erário fragilizado significa:
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menos capacidade de investir em políticas sociais;
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mais pressão por aumento de impostos;
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riscos ao financiamento de serviços essenciais como saúde, segurança e previdência.
Ao final, quem paga a conta novamente é o trabalhador, o servidor, o aposentado.
Um padrão preocupante: quando o sistema falha, o aposentado é o primeiro atingido
Embora distintos, os três casos convergem em um ponto central: há uma erosão silenciosa das bases que sustentam o pacto social brasileiro. Fraudes previdenciárias, pirâmides financeiras travestidas de banco e sonegação estruturada representam:
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desvio de recursos públicos;
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destruição de patrimônio de investidores institucionais;
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ameaça direta à renda de milhões de aposentados e pensionistas.
É urgente fortalecer os mecanismos de controle, fiscalização e supervisão — do INSS ao Banco Central, das secretarias de fazenda às agências reguladoras. Transparência, governança e responsabilização não são apenas conceitos administrativos: são garantias concretas de que o dinheiro do aposentado será preservado e de que o erário não continuará a ser lesado por práticas criminosas.
Diretoria Executiva do ASMETRO-SI 28/11/2025













