Se não houver um esforço conjunto do país para a realização do ajuste fiscal pretendido pelo governo, o Brasil não vai crescer e a inflação não vai cair, afirmou em entrevista publicada pela Folha de S. Paulo neste domingo o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.
Ele disse que o governo precisará vencer a barreira do convencimento sobre a necessidade do ajuste fiscal.
“Quando o ajuste recai no seu próprio lado e tem de fazer a sua parte, aí começa a complicar. No coletivo todo mundo concorda, mas, quando chega no individual, colocam o interesse próprio antes. Se cada um se preocupar só com seu lado, o coletivo não sairá. O país não vai crescer, a inflação não vai cair”, afirmou.
Questionado sobre uma possível conversa com o presidente interino Michel Temer sobre câmbio e juros, Ilan disse que os temas não foram tratados entre ambos e que os rumos desses dois fatores dependem das próprias decisões do governo.
“O governo tem de criar condições para ter desinflação e permitir que os juros caiam, ter câmbio competitivo. Se a gente criar as condições, vamos ter juros mais baixos de forma sustentável, que é o que todos queremos”, disse.
Sobre o câmbio, o presidente do BC disse também que já chegaram a ele preocupações da indústria com a valorização do real ante o dólar, que poderia tirar competitividade das exportações.
“Chega na mesa de todo mundo (a preocupação com o nível do câmbio)….Dentro do regime de câmbio flutuante, existe possibilidade de intervenção, e a gente tem reduzido estoque de swap cambial, quando e se as condições permitem”.
Ele destacou, no entanto, que a competitividade da indústria está ligada a outras medidas do governo e ao ajuste, e não somente a eventuais intervenções do BC.
“O papel do governo é criar as condições. Se fizer uma boa reforma, ajustar o fiscal, o câmbio ajusta no fim das contas. E nos ajustes não fiscais, tem os que mexem na competitividade, da indústria. O governo tem o seu papel em criar condições para uma maior competitividade”.
Ilan também afirmou acreditar que a economia parou de cair e está pronta para uma recuperação, que deverá começar a partir do próximo ano, mas em ritmo mais lento. “Não vamos voltar ao período pré-2008, que tinha muita exuberância…o crescimento será menor”.
Observação: A Reuters não verificou esta história e não atesta sua precisão.
Crédito: Reuters Brasil – disponível na web 15/08/2016