Ela foi convidada para o lugar de Fábio Medina, demitido nesta sexta-feira. Grace é servidora de carreira e já representou a AGU em julgamentos no STF
A nova advogada-geral da União, Grace Mendonça, confirmada nesta sexta-feira (9) no cargo, é a primeira mulher a integrar o primeiro escalão do governo do presidente Michel Temer. Ela vai para o lugar do agora ex-ministro Fábio Medina, demitido também nesta sexta (9).
Nascida em 17 de outubro de 1968, a nova AGU é natural de Januária (MG) e será a primeira mulher a assumir oficialmente o cargo de advogada-geral da União, segundo a assessoria do órgão. Ela é servidora de carreira e está no órgão desde 2001.
A nomeação de Grace foi publicada em edição extra do “Diário Oficial da União” no início da tarde de sexta. Também foi publicada a demissão de Medina. A posse da nova ministra deve ser na segunda-feira (12), o que ainda não foi confirmado oficialmente.
O Palácio do Planalto informou por meio de nota a saída de Medina e o convite a Grace Mendonça. No texto, Temer agradeceu “os relevantes serviços prestados pelo competente advogado doutor Fábio Medina Osório”. Ele foi demitido por telefone pelo presidente.
Segundo a GloboNews, Medina teria tido uma discussão com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha nesta quinta-feira (8). Após o desentendimento, Padilha teria demitido Medina. O agora ex-advogado-geral da União, no entanto, havia afirmado que Temer é quem deveria tomar esse tipo de decisão.
Temer se reuniu com a nova AGU nesta sexta em seu gabinete para convidá-la oficialmente para o cargo.
Carreira
A nova advogada-geral da União é bacharel em Direito pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal, especialista em Direito Processual Civil e mestranda em Direito Constitucional, informou a AGU;
Ela faz parte do quadro de servidores do órgão desde 2001. Ela atuava como secretária-geral de contencioso desde 2003. O cargo é responsável por representar a União junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Grace Maria já atuou em mais de 60 processos no Supremo.
Na AGU, também já exerceu os cargos de adjunta do advogado-geral da União, na época em que o órgão era chefiado por Luiz Inácio Adams, e de coordenadora-geral do gabinete do advogado-geral da União. Ela também chegou a ocupar o cargo de advogada-geral da União interinamente.
Em entrevista ao G1, Adams afirmou que a escolha de Grace Mendonça para o cargo foi “excelente”. Ele ressaltou que o fato de haver uma mulher no comando da AGU é um elemento importante para o governo Temer.
De acordo com o ex-AGU, a nova chefe do órgão trará uma maior qualidade para a instituição devido ao perfil “técnico jurídico” da advogada.
“A AGU é um dos órgãos do governo em que metade das áreas de direção e chefia são compostas por mulheres. É natural que seja uma mulher a assumir a instituição. Acho um fato relevantíssimo, é uma novidade para a AGU que se fazia madura para acontecer”, disse Adams.
Ele pontuou que a nova AGU saberá montar um quadro de assessores capazes, já que Grace conhece bem os funcionários que integram o órgão. O ex-advogado da União declarou ainda que Grace possui “larga experiência” na atuação com o STF.
“Grace tem um enorme conhecimento dos ministros do STF como o Barroso, Toffoli, Marco Aurélio e outros. Todos os ministros de lá têm um carinho e respeito muito grandes por ela. Todos são simpáticos a ela pela qualidade de seu trabalho”, concluiu Adams.
Desentendimento
Padilha indicou Medina para a pasta, mas, segundo a GloboNews, estaria insatisfeito com uma sucessão de ações consideradas erráticas pelo Planalto por parte do ministro no comando da AGU. Após a discussão entre ele e Padilha, assessores do governo já davam como certa a demissão.
Segundo o colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti, a gota d’água para a demissão de Medina foram, segundo interlocutores do Palácio do Planalto, afirmações feitas recentemente por ele de que tinha a intenção de que a AGU se associasse à Lava Jato para investigar políticos..
Além disso, segundo o Blog do Camarotti, interlocutores do governo o ex-AGU estava querendo ganhar uma visibilidade política no cargo e também ganhar protagonismo na própria Operação Lava Jato, o que seria incompatível com o cargo.
Em agosto, o Fábio Medina pediu ao STF cópia de processos abertos contra diversos parlamentares dentro da Lava Jato para abrir ações de ressarcimento de valores desviados dos cofres públicos..
Os pedidos da AGU foram feitos nos casos em que a Polícia Federal já concluiu a investigação e encontrou indícios de participação dos políticos em desvios no esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
Segundo apurou a TV Globo, também pesaram contra Medina a atuação no caso da demissão do presidente da EBC, o pouco diálogo com ministros do STF e problemas com a equipe do órgão.
Crédito: Portal do G1 – disponível na web 10/09/2016