Trabalhadores com mais de 50 anos são os que mais empreendem

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A aposentadoria representa, para muitos trabalhadores, o momento de se retirar do mercado de trabalho para descansar e aproveitar os frutos de décadas de trabalho. No entanto, esta realidade está mudando, especialmente no Brasil.

O relatório “Os Donos de Negócio no Brasil: análise por faixa etária”, produzido pelo Sebrae, indicou que pessoas na faixa de 50 a 59 anos foram as que mais entraram no mundo do empreendedorismo em 13 anos (entre 2001 e 2014), representando 57% dos novos empresários. O estudo tomou como base as informações disponíveis nos micro dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O especialista em empreendedorismo do Sebrae Nacional, Enio Pinto, afirma que este movimento deve-se, sem dúvida, à crise financeira dos últimos anos e, em parte, a mudanças na pirâmide etária do Brasil, o que está fazendo o termo “aposentadoria” cair em desuso.

“A gente vive um momento de grande transformação no mundo. Toda essa mudança que vivenciamos hoje (econômica, tecnológica e climática) terá como consequência a extinção de alguns postos de trabalho junto ao surgimento de outros, especialmente com o empreendedorismo”, acredita Pinto.

Em 1947, na criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), o brasileiro tinha uma longevidade média de 33 anos. Atualmente, dependendo da região em que vive, ele chega aos 80, graças aos avanços científicos e tecnológicos. “As pessoas vivem mais e não têm a expectativa de parar de trabalhar”, explica. “Se ele se aposenta com 60 anos, não vai passar os outros 25 anos parado”, analisa.

De acordo com o especialista, existem diferentes perfis de brasileiros que empreendem após os 50 anos. Conheça três deles:

Empresário por necessidade
Em via de regra, as pessoas começam a empreender quando surge uma janela de oportunidade. A mais comum ocorre quando ainda se é muito jovem, com ideias borbulhando na cabeça, contato com informações de vanguarda e poucas responsabilidades. “O pior que pode acontecer é ele precisar voltar para a casa dos pais. Não é um grande risco”, analisa Enio Pinto. A situação muda quando o trabalhador passa a ter obrigações.

O publicitário Peter dos Santos, 61 anos, sempre teve inclinação para o empreendedorismo, mas sentiu a crise financeira na pele. Dono de agência de comunicação desde 2003, ele viu os amigos de profissão fecharem seus escritórios para investir em outros negócios. Não foi diferente com ele. Em dezembro de 2017 ele assumiu o restaurante Encantos da Mata, na quadra 411 da Asa Sul.

O empresário recorda os bons tempos do mercado publicitário. “Eu vivi o apogeu na publicidade, a felicidade de ter uma experiência muito vasta na área. Atendi desde pequenos bares à conta da Petrobrás. Com tudo isso, ainda fazia campanhas em anos eleitorais”, garante.

A pesquisa Donos de Negócio por Faixa Etária mostrou também a evolução do número de trabalhadores que mais empreendem por necessidade.

A primeira experiência à frente de uma empresa foi em 1983, aos 27 anos, com um bar em Goiânia, mas o negócio não durou muito. Anos depois, voltou a trabalhar com publicidade a convite de um amigo, retornando ao emprego formal como funcionário. No início da década de 1990, Peter montou uma empresa de enfermagem profissional e anos depois tornou-se produtor gráfico.

No ano passado surgiu a oportunidade de assumir uma das lojas da rede de restaurantes Toca da Mata e ele aceitou voltar para o comando de um restaurante novamente. Dessa vez, o empresário vislumbrou a chance de dirigir uma empresa com mais de 25 anos no mercado, herdando a clientela dela.

Ao avaliar a situação e estrutura do restaurante, Peter enxergou a possibilidade de expandir as operações do negócio. Atualmente, o restaurante abre das 7h às 19h, de segunda-feira a sábado, para o café da manhã, almoço e venda de lanches. Os salgados tornaram-se o carro-chefe da casa, distribuídos em três grandes escolas da cidade e em encomendas para festas. A intenção agora é expandir os negócios.

“Em um futuro breve eu pretendo transformar o primeiro andar da loja em uma pequena fábrica de salgados e doces”, projeta. O empresário acredita que em um ano estará estruturado para expandir e  aumentar o time de funcionários.

A aposentadoria representa, para muitos trabalhadores, o momento de se retirar do mercado de trabalho para descansar e aproveitar os frutos de décadas de trabalho. No entanto, esta realidade está mudando, especialmente no Brasil.

O relatório “Os Donos de Negócio no Brasil: análise por faixa etária”, produzido pelo Sebrae, indicou que pessoas na faixa de 50 a 59 anos foram as que mais entraram no mundo do empreendedorismo em 13 anos (entre 2001 e 2014), representando 57% dos novos empresários. O estudo tomou como base as informações disponíveis nos micro dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O especialista em empreendedorismo do Sebrae Nacional, Enio Pinto, afirma que este movimento deve-se, sem dúvida, à crise financeira dos últimos anos e, em parte, a mudanças na pirâmide etária do Brasil, o que está fazendo o termo “aposentadoria” cair em desuso.

“A gente vive um momento de grande transformação no mundo. Toda essa mudança que vivenciamos hoje (econômica, tecnológica e climática) terá como consequência a extinção de alguns postos de trabalho junto ao surgimento de outros, especialmente com o empreendedorismo”, acredita Pinto.

Em 1947, na criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), o brasileiro tinha uma longevidade média de 33 anos. Atualmente, dependendo da região em que vive, ele chega aos 80, graças aos avanços científicos e tecnológicos. “As pessoas vivem mais e não têm a expectativa de parar de trabalhar”, explica. “Se ele se aposenta com 60 anos, não vai passar os outros 25 anos parado”, analisa.:

Empresário por necessidade
Em via de regra, as pessoas começam a empreender quando surge uma janela de oportunidade. A mais comum ocorre quando ainda se é muito jovem, com ideias borbulhando na cabeça, contato com informações de vanguarda e poucas responsabilidades. “O pior que pode acontecer é ele precisar voltar para a casa dos pais. Não é um grande risco”, analisa Enio Pinto. A situação muda quando o trabalhador passa a ter obrigações.

O publicitário Peter dos Santos, 61 anos, sempre teve inclinação para o empreendedorismo, mas sentiu a crise financeira na pele. Dono de agência de comunicação desde 2003, ele viu os amigos de profissão fecharem seus escritórios para investir em outros negócios. Não foi diferente com ele. Em dezembro de 2017 ele assumiu o restaurante Encantos da Mata, na quadra 411 da Asa Sul.

O empresário recorda os bons tempos do mercado publicitário. “Eu vivi o apogeu na publicidade, a felicidade de ter uma experiência muito vasta na área. Atendi desde pequenos bares à conta da Petrobrás. Com tudo isso, ainda fazia campanhas em anos eleitorais”, garante.

A primeira experiência à frente de uma empresa foi em 1983, aos 27 anos, com um bar em Goiânia, mas o negócio não durou muito. Anos depois, voltou a trabalhar com publicidade a convite de um amigo, retornando ao emprego formal como funcionário. No início da década de 1990, Peter montou uma empresa de enfermagem profissional e anos depois tornou-se produtor gráfico.

No ano passado surgiu a oportunidade de assumir uma das lojas da rede de restaurantes Toca da Mata e ele aceitou voltar para o comando de um restaurante novamente. Dessa vez, o empresário vislumbrou a chance de dirigir uma empresa com mais de 25 anos no mercado, herdando a clientela dela.

Ao avaliar a situação e estrutura do restaurante, Peter enxergou a possibilidade de expandir as operações do negócio. Atualmente, o restaurante abre das 7h às 19h, de segunda-feira a sábado, para o café da manhã, almoço e venda de lanches. Os salgados tornaram-se o carro-chefe da casa, distribuídos em três grandes escolas da cidade e em encomendas para festas. A intenção agora é expandir os negócios.

“Em um futuro breve eu pretendo transformar o primeiro andar da loja em uma pequena fábrica de salgados e doces”, projeta. O empresário acredita que em um ano estará estruturado para expandir e  aumentar o time de funcionários.

A segunda situação é quando o trabalhador já conquistou uma vida estruturada – casa própria, filhos criados e, consequentemente, menos responsabilidades financeiras do que as que tinha no decorrer da vida profissional. “Agora ele tem informação, rede de contatos, boa experiência profissional e de vida e volta a ter alguma disponibilidade financeira e liberdade na agenda.

É o caso da professora de amigurumi – técnica japonesa para criar bonecos feitos de crochê -, Regina Stein, 57 anos. Depois de 30 anos trabalhando em um cargo público, ela viu a oportunidade de empreender com uma atividade que a fascina desde a infância: fazer crochê.

A novidade em sua vida foi a passagem do ateliê físico para o online com a criação do Ateliê Maria Rê, um site para a venda de vídeoaulas produzidas e gravadas por ela mesma. O projeto se tornou real no início de 2017 com o incentivo da família e uma parceria com o filho caçula, João Stein, 27 anos. Hoje, já são mais de 36 mil alunos inscritos em 12 cursos, entre gratuitos e pagos.

O universo lúdico das bonecas, contos de fadas e artes sempre a encantou e a atração pelo artesanato vem da infância. As personagens dos livros que lia a inspirava a criar bordados e bonecas de tecido de princesas, bichinhos e até mesmo monstros. “O crochê foi o primeiro trabalho manual que eu aprendi com a minha avó paterna. Vê-la fazendo era um momento mágico. Eu achava tudo aquilo lindo”, relembra.

Mas a técnica japonesa é recente na vida da artesã. Foi em 2012 que ela teve o primeiro contato com um projeto de amigurumi e, desde então, não parou mais. Até se aposentar, os produtos eram feitos em pequenas encomendas para pessoas próximas. “Era uma coisa informal porque eu trabalhava muito, não tinha horário e só podia fazer para as pessoas que tivessem paciência de esperar”, diz a servidora aposentada.

O primeiro passo para a transição entre servidora pública e professora de amigurumi foi logo na sequência da aposentadoria, em 2015. Regine nunca pretendeu passar os dias em casa, sem uma ocupação e rapidamente surgiu a oportunidade de oferecer aulas presenciais de artesanato para pequenos grupos. “Eu descobri que eu conseguia ensinar”, comenta. Surgiu então a ideia das aulas online.

Os conhecimentos de marketing, tecnologia da informação e empreendedorismo do filho trouxeram uma nova visão de mercado para Regina. Desde o início, João é o responsável pela estrutura do ateliê, com a criação do site, estratégias e suporte ao aluno, enquanto a mãe elabora projetos autorais, grava os vídeos e edita ela mesma, tudo aprendido sozinha, em casa, com a ajuda de tutoriais do YouTube, aos 55 anos.

O que larga o emprego formal para empreender
Por fim, existe o perfil do empresário que larga o emprego formal, com carteira assinada, para empreender após avistar uma oportunidade concreta de abrir um empreendimento. É o caso de Carlos Henrique Machado de Oliveira, 59 anos. Ele cresceu profissionalmente dentro de bancos. Foram mais de 35 anos no setor financeiro, o que lhe garantiu experiência com os números.

A primeira oportunidade de empreender surgiu ainda em 1998, com 39 anos, quando o banco em que trabalhava passou por uma reestruturação e Carlos Henrique decidiu investir todas as fichas no trabalho de assessoria financeira como profissional liberal.

No entanto, foi no início do ano passado, com 57 anos, que o administrador de empresas por formação se arriscou em novos territórios com o projeto de uma Fintech – startup que cria inovação na área de serviços financeiros – , um mercado dominado por jovens adultos na faixa dos 30 anos.

“Em 2017 surgiu a intenção de criar uma plataforma digital para otimizar e desburocratizar o serviço de acesso ao home equity aos clientes da Out Red (empresa que administra com outros três sócios, na prestação de serviços para refinanciamentos de imóveis e veículos), dando um novo significado à empresa. O que me encantou foi o contato com tecnologia da informação, aliado ao mercado financeiro”, explica.

A plataforma foi desenvolvida para oferecer ao consumidor a comodidade de solicitar o refinanciamentos de imóveis e veículos sem sair de casa, além da operação de crédito com taxas mais baixas. O uso da tecnologia para automatizar o processo de refinanciamento de imóveis e veículos foi o que chamou a atenção do bancário. “A minha origem de banco motivou isso. Criar uma plataforma que viesse a otimizar e desburocratizar esse processo”, explica.

O empresário fez sociedade com Fábio Vaz, 31 anos, Henrique Leite, 38, e David Rodrigues Ferreira, 31. Ele acredita no sucesso do negócio com a troca de experiências. “Para nós, mais experientes, trabalhar com essa rapaziada é uma constante troca: eu aprendo todos os dias com as habilidades que eles têm e eles com a minha bagagem profissional”.

O especialista em empreendedorismo Enio Pinto explica que algumas pessoas têm perfil vocacional para empreender. “Elas estudam o mercado e se preparam. Os que empreendem por necessidade, sem estudar o mercado correm mais riscos”, pontua.

Carlos Henrique é um dos que trabalha com cautela. Ele entende que o mercado no qual está inserido passa por constantes mudanças e, para não ficar para trás, está antenado às novidades e participa constantemente de palestras em Brasília e outras cidades.

A startup já está disponível para o consumidor final, mas o desejo de expandir não parou por aí. Os três sócios contam com o auxílio de uma aceleradora para que, até fevereiro do próximo ano, a Out Red alcance também as instituições financeiras.

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