Vivemos num reino de palpiteiros, e justo por isso sinto-me a vontade para externar a minha opinião em relação às discussões sobre “a quanta anda a educação” nas terras tupiniquins.
Saber que a didática se refere à técnica de ensino sendo uma ciência que estuda os métodos e técnicas, e que o ensino transmitido depende da aprendizagem do instrutor, isto é um conhecimento com pesquisa, troca de experiência e, sobretudo diálogo, a propriedade de formular questões e a aptidão de resolvê-las e discernir dentre as necessidades, as prioridades, é outro entrave para se entender o que é a educação, predicados que estão longe para nossa realidade social e econômica.
Grande são as confusões quanto à conceituação dos métodos ou modelos teóricos escolhidos, a aplicabilidade dos métodos de ensino adotados, e os recursos didáticos selecionados, as tendências pedagógicas, o significado real da pedagogia libertadora (critica e transformadora), e as diferentes escolas pedagógicas, justo porque não se considera a educação uma prioridade como política pública e cidadã como base da democracia.
Os profissionais do ramo formados pelos métodos educacionais comuns consideram que uma educação moderna, atual, é a simples substituição do quadro negro e giz, e que as pesquisas cognitivas devem acompanhar os avanços tecnológicos na utilização de ferramentas de mídia como principio educacional, isto quando não reprovam o conteúdo das matérias pelas quais eles mesmos foram titulados.
Pois bem, os pseudos especialistas certamente desconhecem que no Vale do Silício, o centro do avanço da informática onde vivem os vendedores da tecnologia digital transformadora da sociedade do século XXI, as escolas avançadas se utilizam do quadro negro e os alunos fazem suas tarefas, manuseando livros, horários, e fazem os trabalhos empregando papel, contrariando as escolas que pensam que modernidade é introduzir computadores, tabletes e quadros interativos (El País; 12/04/2019 – P. Guimon; Califórnia, EUA) uma vez que a qualidade no ensino e o progresso na educação não se reduzem apenas a ferramentas físicas e sim aos fatores de cognição.
Um exemplo apenas não define os novos rumos da educação, mas serve como argumento contrário ao que se prega. A educação pública cujas diretrizes até então foram formuladas por profissionais de economia e do direito, justo por isso não entendida como prioridade dentre as políticas, pois estes perseguem o lucro financeiro e são incapazes de vislumbrar o investimento social ou de entender respectivamente que os costumes sociais “evoluem”; e para isso torna-se necessário uma educação transformadora da sociedade, recuperando a criatividade, o diálogo, o espirito crítico, a diversidade, os direitos, a cidadania, o respeito à liberdade de expressão.
Apesar da globalização, a qualidade da educação deve ser intrínseca ao sistema nacional, com todas as suas dificuldades e diferenças, a ponto de inviabilizar a comparação paradoxal de índices escolares universais, respeitando as variações socioeconômicas, ou a importação de modelos que não se coadunam como espirito do brasileiro.
Educação domiciliar, escola sem partido, militarização das escolas, educação profissional e tecnológica, incluindo “escola nova (1950?)” são idealizações da moda fora do contexto da educação efetiva e eficaz daquela que o Brasil precisa, ainda bem longe de “onde o galo canta”.
Crédito: Luiz Fernando Mirault Pinto/Correio do Estado – disponível na internet 29/04/2019
Nota: O presente artigo não traduz a opinião do ASMETRO-SN. Sua publicação tem o propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.