20 de maio: Inmetro licencia tecnologia para avaliação de equipamentos de ultrassom e pesquisador estuda nova substância para ponto fixo na Escala Internacional de Temperaturas

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Pesquisas realizadas por técnicos do Laboratório de Ultrassom do Inmetro (Dimci/Diavi/Labus) e do Programa de Engenharia Biomédica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/Coppe/PEB) resultaram em tecnologias complementares entre si, que permitirão verificar, periodicamente, se equipamentos de ultrassom continuam funcionando corretamente.

A solução encontrada pelos pesquisadores da UFRJ consiste em uma pastilha reutilizável feita de silicone misturado com material termocromático em pó, que é suscetível ao aquecimento. Na prática, ela perde a cor quando colocada em contato com o transdutor do equipamento de ultrassom em funcionamento, já que um efeito dele é o aumento da temperatura. Dessa forma, é possível ter indicativos do funcionamento dos aparelhos sem o uso de qualquer dispositivo extra, somente observando a mudança de cor do material.

Complementarmente, foi desenvolvido, pelos pesquisadores do Inmetro, um método de processamento de imagem da pastilha termocromática que permite avaliar se a área permanece igual ao longo do tempo, o que indicaria a estabilidade do funcionamento dos equipamentos terapêuticos. O método patenteado pelo Inmetro é flexível, de fácil aplicação e de baixo custo, capaz de ser utilizado em outros tipos de pastilhas ou imagens térmicas produzidas por equipamentos de terapia por ultrassom.

Para o pesquisador do Labus e um dos inventores da patente, Rodrigo Costa-Félix, a tecnologia tem potencial de trazer impactos positivos para os pacientes, que são beneficiários diretos, e para o mercado. “Para os pacientes, será facilitado o acesso a equipamentos de terapia, já em uso, que são avaliados metrologicamente. Para o mercado, traz mais uma possibilidade de fomentar a competitividade simétrica, permitindo que os consumidores valorizem ou penalizem as marcas de acordo com seu desempenho”, explicou.Agora, a empresa vencedora da licitação adquiriu os direitos de desenvolver, industrializar e explorar comercialmente o método patenteado por 15 anos, mediante pagamento de royalties.

 Pesquisador do Inmetro estuda nova substância para ponto fixo na Escala Internacional de Temperaturas 

O chefe do Laboratório de Termometria da Divisão de Metrologia Química e Térmica (Dimci/Dimqt), Klaus Quelhas, publicou um artigo no “Journal of Research of the National Institute of Standards and Technology (Nist)”. Em coautoria com o pesquisador do Nist Weston L. Tew, a publicação trata do trabalho realizado pelos autores com o hexafluoreto de enxofre (SF6) na tentativa de utilizá-lo em substituição ao ponto triplo do mercúrio na Escala Internacional de Temperaturas de 1990 (EIT-90).

A EIT-90 assegura a harmonia e compatibilidade entre as medições de temperatura realizadas em diferentes países, ao definir algumas temperaturas específicas, os chamados pontos fixos, que são temperaturas nas quais ocorrem as transições de fase (fusão, solidificação ou ponto triplo) de determinadas substâncias puras que foram exaustivamente estudadas. É o caso, por exemplo, do ponto triplo da água, ou seja, a temperatura de 0,1 °C ou 273,16 K, em que ela pode ser encontrada nos estados sólido, líquido ou gasoso.
Um desses pontos fixos é o ponto triplo do mercúrio (Hg TP), que equivale à temperatura de -38,8344 °C, muito utilizado para calibração de termômetros de resistência de platina. O mercúrio é facilmente obtido com elevada pureza, o que permite medições precisas e altamente reprodutíveis. Devido aos efeitos adversos da substância, no entanto, 128 países, incluindo o Brasil e os Estados Unidos, assinaram, em 2013, a Convenção de Minamata, que proíbe a produção e o comércio de produtos contendo mercúrio.
O trabalho desenvolvido pelos pesquisadores do Inmetro e do Nist visa, portanto, a desenvolver pontos fixos alternativos para substituir o ponto triplo do mercúrio na EIT-90. “Ainda que alguns INMs (Institutos Nacionais de Metrologia) tenham grande estoque de mercúrio de alta pureza para continuar produzindo células do Hg TP por muitos anos, pode ser que haja restrição para a simples distribuição para outros INMs ou para clientes comerciais, e com a redução da oferta ficaria inviável explorar comercialmente a produção de células do Hg TP por entes privados, o que limitaria a oferta aos próprios INMs”, explicou Quelhas.
As temperaturas de realização razoavelmente próximas, a estabilidade química, a disponibilidade em alta pureza e os riscos de saúde e segurança em níveis gerenciáveis fizeram com que o hexafluoreto de enxofre (SF6) e o dióxido de carbono (CO2) se apresentassem como candidatos potenciais para substituírem o ponto triplo de mercúrio na EIT-90. O estudo desenvolvido no Nist concentrou-se no SF6 e envolveu a construção de quatro células. De acordo com o pesquisador do Inmetro, a incerteza obtida ainda é consideravelmente maior do que a do Hg TP, mas a substância tem potencial de substituir o mercúrio como ponto fixo para calibração de termômetros de resistência, se passar por algumas melhorias. “Também queremos reproduzir a experiência aqui no Inmetro e continuar os estudos sobre o tema”, afirmou.

Fonte: Inmetro 12/02/2019

Crédito: Rodrigo Costa Felix: Engenheiro Mecânico, Mestre em Engenharia Mecânica e Doutor em Engenharia Biomédica, Pesquisador-Tecnologista em Metrologia e Qualidade e Klaus Quelhas. Chefe do Laboratório de Termometria da Divisão de Metrologia Química e Térmica (Dimci/Dimqt)

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