Servidores públicos “desembarcam” do governo Bolsonaro

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Segundo informações de fontes do Palácio do Planalto, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, “os limites foram ultrapassados de tal forma que, atualmente, das 32 carreiras de Estado que compõem o Fórum Nacional (Fonacate), apenas uma, o – dos profissionais das agências reguladoras -, ainda se mantém aliada”. O estrago na base é grande, de acordo com o técnico, e o governo “prefere fingir que não tem noção do que pode significar o afastamento desse público”.

Ele lembra que, pelos últimos dados da eleição de 2014, publicados em 2016 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Brasil tinha 202,768 milhões de habitantes. Desse total, 142,822 milhões são eleitores, ou seja, o eleitorado representa 70,44% da população. “Ora, basta um cálculo simples e básico.

Hoje, existem 11,4 milhões de servidores estaduais, municipais e federais. Se multiplicarmos por quatro, considerando um casal com dois filhos, a influência se expande. Podemos considerar 45,6 milhões de pessoas contra Bolsonaro”, afirmou.

Esses 45,6 milhões de possíveis irritados e decepcionados, na prática, são mais de um terço (31,8%) do eleitorado do Brasil. “Muita gente que saiu de casa vestindo verde e amarelo, agora vira as costas, lamenta a escolha e se arrepende de agir por impulso. Restam, nas ruas, alguns alucinados”, destaca a fonte. Rudinei Marques, presidente do Fonacate, não quis comentar sobre a quantidade de carreiras que ainda estão ao lado e aplaudindo os atos do ocupante da cadeira do Palácio do Planalto. Mas admitiu o desencanto.

Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate),

“A demissão de ministros técnicos como Mandetta (Luiz Henrique, da Saúde) e Moro (Sérgio, da Justiça), a ingerência política em instituições de Estado, como no caso da Polícia Federal, a participação do presidente em atos antidemocráticos e a sua incapacidade de lidar com a crise sanitária e econômica deteriorou completamente a confiança no governo. Os servidores estão pasmos com tudo o que vem acontecendo”, afirmou Rudinei Marques.

Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef, que representa 80% do funcionalismo), afirma claramente que “a cada dia vê o muro das lamentações crescendo e muita gente abandonando o barco”. “Acho que cerca de 64% dos servidores em todos os Poderes e esferas estavam com Bolsonaro. Acreditavam que iam melhorar de vida. Mas a ilusão para aproximadamente 60% deles acabou”, disse.

Sérgio Ronaldo da Silva -Secretário Geral da Condsef

Ele disse que até os concurseiros, que queriam brigar pela busca da estabilidade e por bons salários, perderam a esperança. “Às vezes, eles faziam o primeiro concurso disponível para entrar. Era a filosofia de ‘é melhor um pássaro na mão, do que 10 voando’. Hoje não têm sequer um na mão e os outros nove saíram do radar. A qualidade de vida e o poder de consumo dessas pessoas tiveram uma perda enorme. E isso aconteceu em um momento de 45 milhões de desempregados, desalentados, informais e de grande risco à saúde da população no país”, reforçou Silva.

Crédito: Vera Batista/Correio Braziliense – disponível na internet 30/04/2020

1 Comentário

  1. O castigo vem ao galope de um cavalo, assim diz o ditado. A memória de grande parte dos servidores foi “alzeimerianada” desde muito tempo, quando ainda no governo “verde” de Getúlio os servidores já vinham perdendo a importância, ao serem considerados “Marias Candelária da letra O”. De lá pra cá, só sofreu os revezes dos políticos, resultados de suas escolhas e apoios irresponsáveis. Na época dos militares, tiveram seus salários congelados, e de modo populista, foram achatados desproporcionalmente onde carreiras de elite foram transformadas em quadros em bedeis. Posteriormente, no ” governo do marajá de Alagoas” foram vítimas das reformas administrativas, inclusive com o inchaços dos quadros com a inclusão automática de cargos comissionados CLT’s. No governo do Real, todos ficaram aguardando correções durante 8 anos, apostando numa reeleição comprada. Resolveram aceitar apoiar uma eleição diferente, embora alguns servidores com altos salarios e carreiras distintas, com inúmeros penduricalhos, ainda permaneciam senhores da casa grande, mas foram engolidos pela escolha da razão. Foi, o governo dos trabalhadores que passou a prestigiar as administrações públicas, onde as categorias passaram a ter voz e vez na figura dos sindicatos, com reposições salariais e com o resultado das lutas em conjunto. Professores passaram a ser respeitados, as carreiras foram definidas, a estrutura administrativa foi consolidada, a ponto de até ontem ser reconhecida em atividades como na ciência, na saúde e na autonomia do poder judiciário. Mas a força do mercado, que incute a chantagem entre classes trabalhadoras, o medo de perder hegemonia, as divisões ideologicas , o consumo exacerbado , armas conhecidas no mundo inteiro, convenceu parte dos cidadãos a optarem pela individualidade ao invés do coletivo social. Escolheram mais uma vez levados por forças conservadoras e retrógradas, saudosistas e garantidoras do desejo de pequenos grupos financiadores da discórdia. Este é o resultado : perda das conquistas sociais adquiridas, ameaças constantes sobre perda, diminuição e congelamento de salários, criação de cizanias entre categorias funcionais, reformas administrativas pífias e politiqueiras de discurso falso, restrição de concursos, desrespeito na ciência, na cultura, no trabalho, e na assistência dos servidores. Políticas públicas inadequadas, perseguindo aqueles que escolheram carreiras no serviço público, onde as regras foram definidas por estudos, concursos, e aprovações, cujas aptidões e qualificações os diferenciam dos demais trabalhadores, que podem sem qualquer restrições competir de forma leal as vagas na administração pública, definindo uma carreira de vida e garantindo o que se chamava de fé pública . Mas não, grande parte escolheu errado, levados por ilusões e hoje se defrontam com o desmonte do estado, a começar pela sua estabilidade, criada para fazer frente as contratações políticas, e considerada privilégio por políticos neófitos a mando de grupos econômicos. É preciso a união, a consciência cidadã, e o apoio a formação de grupos capazes de fazer frente ao descaso que o serviço público vem sendo alvo contumaz.

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