Amyr Klink no Mundo Pós-Pandemia: “segredo da convivência está nas diferenças”.

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Em conversa com as jornalistas da CNN Daniela Lima, Mari Palma e Thais Herédia e a comentarista Gabriela Prioli, o primeiro navegador a fazer arriscada e solitária travessia a remo entre os dois lados do Atlântico sul – da Namíbia até Salvador – analisa também a questão da convivência e os aprendizados que podemos adquirir com o cenário atual. 

Daniela Lima explica que “de um lado, está a oportunidade de reflexão e autoconhecimento. Do outro, há quem enxergue caminhos para a solidão e até mesmo para a depressão”. 

Convivência em tempos de pandemia

Além de ter feito a travessia do Atlântico Sul sozinho em 100 dias, Amyr Klink passou um ano na região da Antártica em outra expedição. Com uma experiência sólida em viagens, o navegador – agora em quarentena – passa mais tempo em casa, assim como boa parte da população. 

“A convivência está sendo dura e importante para nós”, afirma o navegador, por se tratar de um momento delicado e nunca antes vivenciado. Contudo, são as diferenças e a pluralidade que enriquecem o convívio familiar.

“Eu acho que fui muito feliz quando conheci a Marina [esposa], porque ela é completamente diferente daquilo que eu sou”, disse. “O segredo da convivência está nas diferenças. Isso ajuda muito”, disse. 

Risco invisível

Amyr diz ter enfrentado riscos visíveis no mar. Hoje, a sociedade enfrenta um “inimigo invisível”, que é a Covid-19. Para ele, apesar de não enxergarmos o vírus, as consequências da própria doença fazem com que ela se torne cada vez mais visível diante da sociedade. 

O navegador destaca que, apesar de as pessoas terem opiniões e impressões distintas acerca de um assunto, é necessário que um pensamento direcionado ao coletivo prevaleça em tempos de crise. “Eu, pessoalmente, tenho muitas dúvidas em relação à quarentena que a gente decidiu fazer. Mas é absolutamente importante que a gente siga.”

“É uma decisão conjunta e comum, não temos outra alternativa. Posso concordar ou não, mas temos a obrigação de contribuir e colaborar”, afirma. “Eu acho ofensivo quando alguém sai, que não concorda e que não está na linha de frente, e vai passear com os filhos de bicicleta. Eu acho um exemplo ruim, e o mundo é feito de exemplos.”

Lideranças

Na pandemia, o papel das lideranças tem sido cada vez mais essencial e, ainda, observado. Sobre isso, Amyr afirma que é possível notar o êxito de um líder através de sua própria equipe. “O líder não é o cara que vai na frente, é o cara que está atrás e faz todo mundo chegar. É o cara que ensina a fazer”. 

Para ele, isso não tem a ver com força ou tamanho, e considera o processo de liderar como algo “sutil”. “É necessário ter muita habilidade e um certo carisma para fazer com que o processo seja concluído, para que todos se acordem em fazer juntos”. 

Neste contexto, Amyr usa como exemplo o remo, esporte que envolve um forte trabalho em equipe. “O remo é um esporte que me encanta, porque não vence o mais forte ou o mais talentoso, vence a equipe que consegue fazer junto.”

“E para fazer junto só tem um jeito: treinar. Tem que treinar todos os dias. Isso se faz muito mais com o exemplo do que com a regra”, analisa. 

A grande viagem

Questionado sobre qual será a grande viagem que irá fazer no pós-pandemia, Amyr relembra do seu barquinho vermelho que ficou nas Ilhas Malvinas. Ele pretende resgatá-lo. 

“A primeira viagem que vou fazer é puramente para resgatar o barco. Talvez eu faça uma escala na África antes de voltar para Brasil. Eu queria muito resgatar o barco”, declarou. 

Apesar do plano ambicioso, ele afirma que a verdadeira “grande viagem vai ser ir no botequim sujinho do lado de casa, em Santo Amaro, para comer um ovo colorido”.

“Não gosto de cerveja, mas eu vou lá tomar uma cerveja. Às vezes, a gente tem todas as razões do nosso bem-estar do lado, e a gente não desfruta disso. Eu quero conhecer minha cidade. Eu amo São Paulo”, conclui.

Crédito: Paula Mariane/CNN Brasil – disponível na internet 04/06/2020

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