Equipes de resgate libanesas seguem, nesta quarta-feira (5), vasculhando os escombros à procura de sobreviventes da poderosa explosão que destruiu parte da capital Beirute na terça-feira, matando ao menos 100 pessoas e ferindo quase 4.000, segundo dado divulgado pela Cruz Vermelha. As autoridades do país ainda esperam que esse saldo aumente.
Na véspera, o governo libanês divulgou a contagem de 78 mortes, ainda não atualizada oficialmente.
Segundo o presidente Michel Aoun. 2.750 toneladas de nitrato de amônio, usadas em fertilizantes e bombas, foram armazenadas por seis anos no porto, sem medidas de segurança, o que pode ter ocasionado um acidente. Segundo ele, isso era “inaceitável”.
Uma reunião de emergência do gabinete presidencial foi convocada para esta quarta-feira.
“É como uma zona de guerra. Estou sem palavras”, disse o prefeito de Beirute, Jamal Itani, à Reuters enquanto inspecionava os danos na quarta-feira; “É uma catástrofe para Beirute e o Líbano”.
O chefe da Cruz Vermelha do Líbano, George Kettani, disse que pelo menos 100 pessoas foram mortas.
“Ainda estamos varrendo a área e ainda pode haver mais vítimas. Espero que não”, disse ele.
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Crédito: Samia Nakhoul e Ellen Francis, da Reuters/ CNN disponível na internet 05/08/2020
Explosões deixam dezenas de mortos em Beirute
Autoridades afirmam que 2.750 toneladas de nitrato de amônio estocadas na zona portuária foram a causa das explosões que devastaram a capital libanesa. Nações de todo o mundo oferecem apoio ao país.
Duas enormes explosões em sequência sacudiram Beirute nesta terça-feira (04/08), deixando dezenas de vítimas. Uma grande nuvem de fumaça no céu da capital do Líbano podia ser vista a quilômetros de distância. Segundo dados do Ministério libanês da Saúde, ao menos 70 pessoas morreram e mais de 3 mil ficaram feridas.
A segunda explosão na região portuária de Beirute gerou uma onda de choque que devastou as instalações do porto e entrou pela cidade, quebrando vidraças e janelas a quilômetros do local. O distrito comercial de Hamra também sofreu danos, com vitrines e fachadas de lojas estilhaçadas e vários veículos destruídos. Alguns bairros sofreram cortes no fornecimento de energia. Imagens divulgadas pela imprensa libanesa mostravam pessoas presas em escombros após as explosões.
Segundo o centro alemão de geociências GFZ, as explosões tiveram a intensidade de um terremoto de magnitude 3.5, e foram ouvidas até na ilha do Chipre, a 200 quilômetros de distância.
O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, afirmou 2.750 toneladas de nitrato de amônio que estavam armazenados há anos no local explodiram, gerando o desastre de proporções gigantescas. Ele disse que o país entrará em luto oficial nesta quarta-feira. “Prometo que esta catástrofe não passará impune. Os responsáveis pagarão por isso”, disse Diab, em discurso transmitido pelas emissoras libanesas.
Após o Conselho Nacional de Defesa declarar Beirute como zona de desastre, Diab lançou um apelo aos aliados do Líbano, pedindo que “ajudem a curar essas feridas profundas”. Manifestações de apoio vieram de várias nações da região, além de países como Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Irã e até de Israel, que ofereceram o envio de ajuda humanitária.
O chefe da segurança interna do Líbano, Abbas Ibrahim, disse que uma das explosões ocorreu em um local que abrigava material altamente explosivo confiscado anos atrás pelas autoridades e armazenado no porto. Ele evitou especular sobre os motivos do incidente. “Não podemos nos antecipar às investigações” afirmou.
O ministro libanês do Interior, Mohammed Fahmi, confirmou que um depósito do porto de Beirute que armazenava nitrato de amônio, material utilizado na fabricação de bombas, teria sido a causa do incidente. A emissora libanesa Mayadeen citou o diretor nacional de alfândegas do país que confirmou que toneladas dessa substância teriam explodido.
O diretor da Cruz Vermelha no Líbano, George Kettaneh, afirmou que centenas de feridos foram levados para os hospitais, mais muitos ainda estavam presos em edifícios nas áreas mais atingidas pela explosão. Os hospitais operam no limite de suas capacidades, sendo que vários centros médicos foram danificados pelas explosões.
As explosões ocorreram em um momento em que o Líbano atravessa a pior crise econômica em décadas, que deixou quase a metade da população na pobreza. A economia entrou em colapso nos últimos meses, agravado pela pandemia de covid-19, com a moeda local, a libra libanesa, perdendo cada vez mais valor em relação ao dólar. Várias empresas fecharam no país e o desemprego atinge níveis alarmantes.
O Líbano ainda vive um acirramento das tensões com o país vizinho Israel, após o governo em Tel Aviv anunciar que deteve quatro milicianos do Hizbolá que tentavam se infiltrar no país, o que o grupo nega.
CRÉDITO: Deutsche Welle Brasil – disponível na internet 05/08/2020