Os três fundadores do Nubank assinaram uma carta pública divulgada neste domingo (25) pedindo desculpas pelas declarações de Cristina Junqueira, uma das sócias, que afirmou que a empresa não tem negros em cargos de liderança por que a seleção “não pode nivelar por baixo”.
As declarações foram feitas durante uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, quando Junqueira falava sobre as políticas de inclusão do banco. A fala teve forte repercussão negativa nas redes sociais e foi classificada como racista.
A carta, publicada no blog do Nunbank, não cita diretamente o episódio, mas afirma que o banco, que já possui ações voltadas para diversidade de gênero e orientação sexual, erra ao não fazer um esforço maior de inclusão étnico-racial e em se acomodar nessa posição.
No texto, os fundadores também afirmam que vêm mantendo diálogos com clientes, representantes da comunidade negra e ONGs desde então e que devem implantar novas políticas ainda neste ano para ampliar a presença de negros “em todas as posições e níveis da empresa”. A carta é assinada por
No texto, os fundadores também afirmam que vêm mantendo diálogos com clientes, representantes da comunidade negra e ONGs e que devem implantar novas políticas ainda neste ano para ampliar a presença de negros “em todas as posições e níveis da empresa”. A carta é assinada por Junqueira, David Vélez e Edward Wible.
“Ficamos acomodados com o progresso que tivemos nos nossos primeiros anos de vida que se refletia em algumas estatísticas relativas à igualdade de gênero e LGBTQIA+, por exemplo, que, repetidas, mascaravam a necessidade urgente de posicionamento ativo também na pauta antirracista”, diz o texto.
“Deixamos de nos questionar. Ignoramos o grande caminho que ainda tínhamos pela frente. Com isso, perdemos a humildade, que sempre foi a característica que nos ajudou a entender velhos problemas com novas soluções e uma mentalidade inovadora. Erramos.”
Entre as novas ações anunciadas, está uma parceria o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), que presta consultoria e avalia as empresas em termos de igualdade racial, e a ampliação do time de recrutamento voltado à busca de profissionais de grupos sub-representados.
Na semana passada, um dia após a exibição do programa, Junqueira já havia publicado um vídeo em suas redes sociais pedindo desculpas pelas declarações. “Queria pedir desculpas, não me expressei da melhor maneira. Queria agradecer todo o feedback, todo o mundo tem o que aprender”, disse.
A repercussão da entrevista veio em um momento em que cresce o debate público sobre o racismo estrutural – conceito que entende que a cultura e as faltas de oportunidades que reduzem a participação dos negros em várias frentes estão arraigadas na sociedade – e a necessidade de as empresas se posicionarem de maneira mais ativa no sentido de reduzir a baixa representatividade desse grupo em seus quadros.
Nos últimos meses, Magazine Luiza, Bayer, Ambev e P&G foram algumas empresas que também viram forte repercussão nas redes sociais após anunciarem programas de contratação de trainees voltados para negros.
O número de consultorias especializadas nesse tipo de serviço e de empresas que as procuram também cresce rápido.
Crédito: Juliana Elias, do CNN Brasil Business – disponível na internet 27/10/2020