O fenômeno, que ocorre naturalmente, causa resfriamento em grande escala na temperatura da superfície do oceano.
Este episódio, previsto para durar até o primeiro trimestre de 2021, provavelmente terá um efeito de resfriamento nas temperaturas globais.
Mas isso não impedirá que 2020 seja um dos anos mais quentes já registrados.
O La Niña é descrito como uma das três fases do padrão climático conhecido como El Niño-Oscilação Sul (Enso)
Isso inclui a fase quente chamada El Niño, a fase mais fria (La Niña) e uma fase neutra.
O La Niña se desenvolve quando ventos que sopram sobre o Pacífico empurram as águas quentes da superfície para o oeste, em direção à Indonésia.
Em seu lugar, as águas mais frias do oceano profundo sobem à superfície.
Isso causa grandes mudanças climáticas em diferentes partes do mundo.
Normalmente, o La Niña significa que países como a Indonésia e a Austrália devem receber muito mais chuva do que o normal, e uma monção mais ativa no sudeste da Ásia.
É provável que ocorram mais tempestades no Canadá e no norte dos EUA, inclusive causando neve.
Ao mesmo tempo, os Estados do sul dos EUA podem ser afetados pela seca.
A última vez em que um evento tão intenso como este ocorreu foi em 2010-2011.
A OMM afirma que há agora cerca de 90% de chance de que as temperaturas do Pacífico tropical permanecerão nos níveis do La Niña até o fim deste ano.
Há ainda 55% de chance de que as condições persistam também no primeiro trimestre de 2021.
Embora um evento de La Niña normalmente tenha um efeito de resfriamento no mundo, é improvável que isso tenha muito impacto em 2020.
“O La Niña normalmente tem um efeito de resfriamento nas temperaturas globais, mas isso é compensado pelo calor retido em nossa atmosfera pelos gases do efeito estufa”, disse o professor Petteri Taalas da OMM.
“O ano de 2020, portanto, ainda está a caminho de ser um dos anos mais quentes já registrados e espera-se que 2016-2020 seja o período de cinco anos mais quentes já aferidos”, disse ele.
“Os anos de La Niña agora são ainda mais quentes do que no passado, com eventos intensos de El Niño”, explicou.
A OMM afirma que está anunciando o La Niña agora para dar aos governos a oportunidade de começar um planejamento em áreas-chave, como gestão de desastres e agricultura.
Um aspecto importante do La Niña é o efeito que ele pode ter no restante da temporada de furacões no Atlântico.
Um evento La Niña reduz o cisalhamento do vento, que é a mudança dos ventos entre a superfície e as camadas superiores da atmosfera.
Isso permite que os furacões cresçam.
A temporada de furacões termina no dia 30 de novembro, e, até agora, ocorreram 27 tempestades tropicais, duas a mais do que as 25 previstas pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA).
Crédito:Matt McGrath, Correspondente de Meio Ambiente da BBC News – disponívelna internt 03/11/2020