O general Paulo Sérgio Nogueira assume o Exército, o almirante de esquadra Almir Garnier Santos fica responsável pela Marinha e o tenente-brigadeiro Carlos Baptista Júnior assume a Aeronáutica.
Na terça-feira (30/3), o Ministério da Defesa anunciou que os então comandantes do Exército (Edson Pujol), da Marinha (Ilques Barbosa Junior) e da Aeronáutica (Antonio Carlos Bermudez) deixariam os postos.
O fato foi comunicado um dia após a demissão do então ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Ele foi substituído pelo general Walter Braga Netto, que até então estava na Casa Civil.
Desde o anúncio da saída de Azevedo, já havia a suspeita de que os três comandantes das Forças Armadas entregariam seus cargos.
A saída dos comandantes foi vista como um ato de protesto pela demissão sumária de Azevedo.
Foi a primeira vez que os três comandantes das Forças Armadas deixam seus cargos ao mesmo tempo por discordância com o presidente da República.
Bolsonaro já havia tentado remover Pujol do cargo, o que não aconteceu devido à discordância de Azevedo.
Pujol era crítico à postura do presidente quanto à pandemia — o que ficou claro no ano passado quando o presidente tentou cumprimentar o general com um aperto de mão e Pujol ofereceu o cotovelo (cumprimento adotado por muitas pessoas na pandemia para evitar a contaminação por covid-19).
Pujol também havia afirmado no ano passado que o papel dos militares não é se envolver em política. “Não queremos fazer parte da política, muito menos deixar ela entrar nos quartéis”, disse Pujol em um evento online.
Atualmente, Bolsonaro tem militares no comando de seis ministérios.
Em cerimônia, nesta tarde, Braga Netto anunciou os nomes dos novos comandantes. Ele afirmou que o principal desafio que o país enfrenta neste momento é o combate à covid-19.
“Todo o governo federal e os Poderes da República têm mobilizado seus esforços e energias para enfrentamento dos impactos dessa pandemia. As Forças Armadas, que são fatores de integração nacional, têm contribuído diuturnamente nessa tarefa com a operação covid-19, com inúmeras atividades: entre elas logística de transporte de EPIs e oxigênios, evacuação de pacientes de Manaus para todo o país e a vacinação de povos indígenas em áreas remotas”, declarou.
Por fim, ele afirmou que “os militares não faltaram no passado e não faltarão sempre que o país precisar”.
“A Marinha do Brasil, o Exército brasileiro e a Força Aérea Brasileira se mantêm fieis às suas funções constitucionais de defender a pátria, garantir os Poderes constitucionais e as liberdades democráticas. Nesse dia histórico, reforço que o maior patrimônio de uma nação é a garantia da democracia e a liberdade de seu povo”, concluiu Braga Netto durante coletiva de imprensa.
Exército
O general Paulo Sérgio, de 62 anos, era chefe do Departamento-Geral de Pessoal do Exército, a autoridade máxima de saúde e de recursos humanos da Força.
Ele integra o Alto Comando do Exército, responsável por definir os rumos da Força no país. Em função disso, participava de reuniões periódicas para assessorar o então comandante do Exército, detalhou o colunista Guilherme Amado, da revista Época, na terça-feira.
Entre as tarefas do Alto Comando estão análises de conjunturas, definições de operações, orçamentos, projetos e participações da Força em diversos contextos.
Em recente entrevista ao Correio Braziliense, o general Paulo Sérgio comentou sobre a possibilidade de uma nova onda da pandemia. Ele falou que é necessário melhorar a estrutura física dos hospitais, por meio de mais leitos e recursos humanos, para que o Brasil possa reagir de uma maneira melhor à crise sanitária.
“Quando soubemos que França e Alemanha estão começando novo lockdown com esta terceira onda, imaginamos que, como ocorreu na segunda, que começa na Europa, dois meses depois se alastra por outros continentes. Temos de estar preparados no Brasil. Não podemos esmorecer”, disse o general ao Correio Braziliense, em entrevista publicada no domingo (28/03).
Marinha
O novo comandante da marinha é o fluminense Almir Garnier Santos, de 60 anos.
Ele já atuou como assessor especial do ministério da Defesa de três ministros do governo Dilma (Celso Amorim, Jacques Wagner e Aldo Rebelo) e de um no governo Temer (Raul Jungmann).
A família Garnier é próxima à de Bolsonaro. A mulher do almirante, Selma Foligne Crespio de Pinho, foi contratada para um cargo comissionado no governo Bolsonaro em 2019, na Secretaria Geral da Presidência, pouco tempo após se aposentar da Marinha.
À época, o governo disse que não houve nenhuma interação com o almirante para a contratação de sua esposa para a secretaria da Presidência e que ela tem qualificação para o cargo: doutorado na área de computação e experiência em gerenciamento de projetos.
No ano passado, o nome do almirante esteve no noticiário quando uma reportagem do UOL revelou que, ao mesmo tempo em que Garnier era o número dois no ministério da Defesa, um de seus filhos, Almir Junior, estava empregado em um cargo comissionado em uma empresa estatal vinculada à Marinha, a Emgepron.
Segundo a reportagem, os ganhos dos três membros da família em cargos públicos no ano passado giravam em torno de R$ 56 mil.
Aeronáutica
Carlos de Almeida Baptista Junior tem 60 anos e entrou na FAB em março de 1975. É piloto de caça, com mais de 4 mil horas de voo de experiência e 24 condecorações nacionais.
Antes de assumir o comando da FAB, o militar carioca atuava como comandante-geral de Apoio, divisão responsável pela logística na corporação .
Também já foi vice-chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, presidente da comissão coordenadora do Programa Aeronave de Combate, chefe do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro e diretor de Material Aeronáutico e Bélico.
Crédito: BBC Brasil – @internet 01/04/2021