Enquanto o presidente Jair Bolsonaro comemora a marca de 50 milhões de doses distribuídas pelo governo aos Estados e a atuação das Forças Armadas na campanha da imunização contra a covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi a campo vacinar cidadãos. Cardiologista de formação, o ministro declarou após aplicar uma injeção: “Eu pensava que salvava a vida do povo fazendo cateterismo, mas estava enganado. A gente salva a vida das pessoas vacinando a nossa população”.
O presidente citou ontem, 18, o auxílio da Marinha no processo de imunização em Rio Grande (RS). Ontem, Bolsonaro destacou a marca de doses distribuída. “Ultrapassamos a marca de 50 milhões de vacinas contra a covid-19 disponibilizadas. No total, nosso governo já distribuiu 53,4 milhões de doses aos Estados, das quais cerca de 32 milhões foram aplicadas”, escreveu o presidente neste sábado. Segundo dados do LocalizaSUS atualizados neste domingo, 18, o Ministério da Saúde distribuiu aos Estados 53.493.436 de doses, das quais 31.788.213 foram aplicadas, entre primeira e segunda dose.
Na postagem, Bolsonaro ressaltou que o Brasil é o quinto país que mais vacina no mundo e poderia ser o quarto com a aplicação de todas as doses já distribuídas. O número, contudo, considera o valor absoluto de doses. Proporcionalmente, o País ainda avança em ritmo lento na vacinação dos mais de 210 milhões de brasileiros. Na última sexta-feira, 16, o presidente afirmou que “tem muita gente apavorada aguardando a vacina” e justificou que, por isso, tomaria o imunizante “por último”.
Com o recrudescimento da pandemia em março, o presidente e o governo adotaram novo tom em relação à campanha de vacinação, que passou a ser a aposta para a retomada econômica. Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, 12,29% da população, cerca de 26 milhões de brasileiros, receberam a primeira dose.
Foi com o objetivo de acelerar a vacinação que o presidente sugeriu e apoiou a ideia das Forças Armadas se envolverem no processo. No dia 22 de março, Bolsonaro mencionou a apoiadores que iria “levar à Defesa a possibilidade de batalhões ajudarem na vacinação”. Na época, a Pasta ainda era comandada pelo general Fernando Azevedo e Silva. Em abril, o presidente deu outras declarações reforçando a necessidade de enviar imunizantes para unidades militares.
Sobre a atuação da Marinha, o presidente citou hoje que a instituição também está auxiliando na vacinação no Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso, incluindo aldeias indígenas. “A iniciativa conta com a participação de militares da área de saúde e Fuzileiros Navais, que realizam o apoio logístico. Estão sendo empregados ainda caminhões e outras viaturas administrativas”, mencionou Bolsonaro.
Ministro vacinador
Vestido de jaleco branco, crachá com foto, máscara e luvas, Queiroga foi filmado vacinando. Em uma das gravações, publicada nas redes sociais pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, não é possível identificar em que lugar do País se passa a vacinação.
Junto com o vídeo, o deputado escreveu: “médico cardiologista, ministro da Saúde vacinando a população”.
Na madrugada de ontem para hoje, o próprio ministro publicou outra filmagem de sua atuação em sua conta no Twitter. Junto com as imagens, Queiroga escreveu que a vacinação é a esperança para “vencermos a pandemia” e explicou que o atendimento ocorreu durante a inauguração de uma Unidade Básica de Saúde em São Mamede, na Paraíba. Assim como o presidente, ressaltou que quase 32,5 milhões de doses da vacina contra a covid-19 foram aplicadas no País e que seu Ministério distribuiu mais de 53 milhões de doses.
Crise das vacinas
Também pelo Twitter, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo comentou a distribuição de vacinas no País. “Desde que deixei o cargo, não chegaram novas vacinas”, escreveu. O ex-ministro também diminuiu a importância do anúncio feito no sábado, 17, de um novo lote de imunizantes por meio do consórcio Covax, previsto para chegar ao Brasil no mês que vem. Na avaliação de Araújo, o volume “fica aquém da promessa que já havíamos obtido durante nossas gestões”.
O ex-chanceler negou uma “crise de vacinas”. “A política externa que conduzi jamais acarretou problemas à vacinação.” O que houve, de acordo com ele, foi a “armação de uma falsa narrativa, como parte da tentativa de extinguir a chama transformadora e popular do governo e retirar o MRE desse projeto”.
Crédito: Emilly Behnke e Célia Froufe, O Estado de S.Paulo – @internet 19/04/2021