Planalto prevê reajuste gradativo a servidores, mas Economia barra. Fonasefe volta a cobrar que governo abra negociações com servidores

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Pasta do ministro Paulo Guedes avalia que proposta é ilegal eleitoralmente

Para contornar a cise com servidores federais, o governo estuda a possibilidade de conceder reajuste gradativo para profissionais de segurança, mantendo os 5% para todo o funcionalismo público a partir de julho. A informação é do colunista Lauro Jardim, do GLOBO. 

No Ministério da Economia, no entanto, a proposta enfrenta resistência. A pasta de Guedes alerta que a proposta esbarra na lei eleitoral.

“Seria melhor para o presidente, que atenderia a uma vontade, mais barato, mas não é eleitoralmente factível. Acaba tendo que ser linear para todo mundo, o que é bem mais caro”, disse o ministro na sexta-feira (22).

De acordo com Guedes, o reajuste dos policiais federais custaria R$ 1,7 bilhão, enquanto o linear deve ficar na casa dos R$ 5,5 bilhões. 

Ministro da Justiça diz que “martelo não foi batido”

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, disse nesta sexta-feira (22) que “nenhuma decisão está tomada” sobre a possibilidade de reajuste salarial para os servidores, em especial os das forças de segurança pública, que prometem endurecer o discurso contra a Economia caso não sejam agraciados com aumento maior que 5%. 

“Muitas especulações sobre o reajuste do funcionalismo público e, particularmente, das forças federais de segurança. Sobre este tema, existe apenas uma certeza no momento: NENHUMA decisão está tomada. O martelo não foi batido!”, escreveu o ministro no Twitter (22). 

Polícia Federal repudia recomposição linear

A Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal (ADPF)  publicou uma nota de repúdio à declaração do ministro da Economia.

No documento, a entidade diz estar frustrada com o valor do aumento, considerando baixo, e com a “omissão do governo federal”, que ainda não assinou a Medida Provisória de Reestruturação das Carreiras Policiais Federais. Em dezembro de 2021, o Congresso aprovou o orçamento de 1,7 bilhão para aumento salarial e reestruturação de carreiras dos policiais. Como a perspectiva era de que a mudança beneficiaria apenas os agentes da PF, outras categorias passaram as últimas semanas planejando paralisar os serviços.

Agora, é a própria Polícia Federal que articula possíveis paralisações, assunto que ainda será decidido em outra reunião no dia 2 de maio. A entidade considera que a reestruturação de carreiras é essencial para o funcionamento do órgão, por isso, aprovou nesta terça-feira (19) um indicativo de recomendação de operação-padrão e redução de produtividade nas atividades administrativas de fiscalização. Além disso, a ADPF irá realizar uma mobilização em frente a todas as unidades da PF espalhadas pelo país.

Crédto: Brasil Economico – @disponível na internet 26/04/2022


Fonasefe volta a cobrar que governo abra negociações com servidores

Entre os dias 25 e 29 da próxima semana, atividades em todo o Brasil marcam mais uma Jornada de Lutas reforçando a mobilização em torno da luta por uma reposição salarial emergencial para servidores públicos federais. A participação de todos é fundamental para cobrar do governo a abertura de um canal efetivo de negociações com representantes da categoria. Na quinta-feira, 28, uma caravana com servidores de outros estados chegará a Brasília para reforçar as atividades da Jornada de Lutas. 

O Conselho Deliberativo de Entidades (CDE) da Condsef/Fenadsef já aprovou a participação das filiadas à Confederação que estarão na atividade. No estados também haverá mobilização com a realização de assembleias para debater a necessidade de ampliar as greves já em curso que pressionam pelo atendimento das reivindicações emergenciais do funcionalismo.

Fonasefe protocolou mais um pedido de audiência junto ao Ministério da Economia, também na próxima quinta, 28. A expectativa é de que o governo Bolsonaro pare de utilizar a mídia como intermediária, enviando recados sobre intenções quando o assunto é o reajuste do funcionalismo, e de fato negocie com representantes da categoria. 

Menos de uma semana depois de notícias terem sido divulgados informando que o governo havia batido o martelo sobre um reajuste linear de 5% para servidores federais, o cenário voltou a mudar. Em uma entrevista na segunda, 18, o secretário especial do Tesouro, Esteves Colnago, afirmou que ainda não há decisão tomada sobre reajustes a servidores federais neste ano. 

A equipe econômica estaria planejando reservar R$ 11,7 bilhões para dar aumento de salário a funcionários públicos em 2023. Ocorre que, conforme a Lei Complementar 173, imposta pelo próprio governo Bolsonaro, essa opção sequer seria possível. Se não houver avanço no orçamento 2022, servidores só poderão voltar a ter reajuste a partir de 2024. 

A maioria dos servidores federais está com salários congelados há mais de cinco anos e acumulam perdas salariais superiores a 40%. Só no ano passado a inflação superou os dois dígitos e nos três primeiros meses desse ano bateu novos recordes. Em março a alta dos preços foi a maior para o mês desde o início do Plano Real.  

Só a luta nos garante

Frente a idas e vindas e diferentes declarações, o fato é que o governo não apresenta nada de concreto para o funcionalismo. Avanços nesse cenário só serão possíveis se a categoria ampliar seu processo de mobilização.

“A história nos mostra que só nossa luta e nosso poder de mobilização nos garantem. A luta que a gente perde é a luta que a gente não faz”, aponta Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Condsef/Fenadsef que representa 80% dos servidores do Executivo Federal, entre ativos, aposentados e pensionistas. “Só na luta, na mobilização, na pressão, no fortalecimento das greves a gente vai arrancar recursos que governo está escondendo”, reforça. 

Para entidades representativas dos servidores públicos só não terá reposição salarial se Bolsonaro não quiser. Na Lei Orçamentária, foram destinados R$ 37,6 bilhões para emendas parlamentares, dos quais R$ 16,5 bilhões são do “orçamento secreto”, além de R$ 2 trilhões para pagar os juros da dívida pública. 

Não é mais possível suportar a falta de diálogo, conviver com o aumento da inflação, a falta de investimentos no setor público, o congelamento e o arrocho salarial imposto por esse governo. Em ano eleitoral não podemos nos deixar levar por mentiras e muito menos por promessas, ao invés daquilo que nos é de direito. Seguiremos firmes e em luta até sermos atendidos.

Condsef/Fenadsef – 26/04/2022

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